Reflexão: o chamado à ternura e o dia dos avós
No dia 26 de julho, a liturgia celebra a memória de Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avós de Jesus. Em 2021, o Papa Francisco, demonstrando sua sensibilidade pastoral, começou a escrever mensagens especiais para este dia. No contexto do quarto Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, ele abordou uma preocupação crescente e dolorosa em nossos tempos: a solidão e o abandono enfrentados por muitos idosos.
O Papa Francisco, ao se inspirar nos Salmos, destacou o Salmo 71, versículo 9: “Na velhice não me abandones”. Esta súplica reflete a realidade de muitos idosos em todo o mundo, especialmente em países mais pobres, onde a migração forçada dos filhos os deixa sozinhos. Em zonas de conflito, a situação é ainda mais grave, com homens sendo obrigados a combater e mulheres buscando segurança para seus filhos, deixando os idosos para trás.
Nas cidades e aldeias devastadas pela guerra, os idosos frequentemente se tornam os únicos sinais de vida, resistindo em áreas dominadas pelo abandono e pela morte. Mesmo em contextos aparentemente pacíficos, a solidão e o descarte dos idosos têm se tornado comuns, muitas vezes como resultado de exclusões planejadas e decisões políticas, econômicas e sociais que não reconhecem a dignidade infinita de cada pessoa.
A convicção de que os idosos são um fardo para os jovens, drenando recursos que poderiam ser utilizados para o desenvolvimento, tem se espalhado. Isso cria uma barreira emocional e prática, agravando o isolamento dos mais velhos.
O Papa Francisco também nos remete à Sagrada Escritura, citando o livro de Ruth, que narra a corajosa decisão da jovem estrangeira, viúva, de permanecer com sua sogra Noemi, em vez de deixá-la sozinha. Ruth foi abençoada com um casamento feliz e uma descendência que incluía o Messias Jesus, o Emmanuel. Sua escolha nos convida a percorrer uma nova estrada de liberdade e coragem, não deixando que os nossos idosos fiquem só e abandonados.
Neste Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, somos chamados a mostrar ternura e cuidado aos idosos de nossas famílias. Devemos visitar aqueles que estão desanimados e sem esperança de um futuro melhor. Contrapomos à atitude egoísta de descarte e isolamento, um coração aberto e um rosto radioso, com a coragem de dizer: “Não te abandonarei”.
Que possamos encontrar inspiração em Santa Ana e São Joaquim, e que, neste dia especial, possamos acolher a mensagem do Papa Francisco e agir com compaixão e amor, acolhendo e cuidando dos nossos idosos.