Um homem foi condenado pelo Tribunal do Juri da Comarca de Ipanema a uma pena de 20 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado. José Antônio Tomaz Neto, segundo os autos do processo, teria intermediado um assassinato de grande repercussão no município, contra Elber Hort Kuhlmann, que foi executado no dia 07 de março de 2017 por dois pistoleiros contratados por ele.
O condenado, ainda segundo os autos, era pastor na época e teria usado de sua influência junto aos pais de uma adolescente que havia sido abusada sexualmente, para instigar o crime. Ele também atuou na contratação dos executores e no repasse de coordenadas para o crime, além de obter ganhos financeiros com a ação como empréstimos e um automóvel.
O crime que vitimou Elber Hort Kuhlmann foi cometido em local público, de surpresa e sem chances de defesa, na Avenida Sete de Setembro, principal via da cidade, com fluxo intenso de veículos, próximo a um semáforo e onde transitavam diversas pessoas, que também poderiam ter sido atingidas pelos disparos. Os executores estavam de moto e se aproximaram da vítima, efetuando três disparos atingindo as costas. Logo depois, já caída, a vítima foi alvejada mais três vezes na cabeça, morrendo no local.
O fato foi registrado bem em frente ao prédio do Fórum da Comarca de Ipanema, o que segundo a sentença, demostrou indiferença e desprezo dos autores com o Sistema de Justiça. O julgamento, ocorrido na última quinta-feira, dia primeiro, foi apenas de José Antônio Tomaz Neto. Na época do crime, quando foi ouvido pela primeira vez na delegacia em Ipanema, o pastor declarou inocência e acusou o próprio filho, que está desaparecido, de ter cometido o ato.
O júri considerou que o crime foi premeditado já que os dois pistoleiros tidos como executores, chegaram a ser detidos antes do fato por posse de munições de arma de fogo. Também ficou constatada movimentação em dinheiro dos Estados Unidos para conta de envolvidos, no valor de R$10 mil, para a operacionalização do crime.
Na sentença, o juiz presidente do Tribunal do Juri, Felipe Ceolin Lírio lembrou que o condenado agiu com extrema frieza diante de um drama familiar. “Na qualidade de líder evangélico (membro do conselho ministerial de uma igreja), agiu com frieza ao fazer nascer a ideia homicida no núcleo familiar, contribuir para o plano criminoso e, sobretudo, a todo o momento, podendo agir de maneira diversa para que o crime não ocorresse, o fez de modo diverso, de maneira fria e egoística”, escreveu.
Texto: Júlio Oliveira