ColunistasDr. Carlos Roberto Souza

Segurança Pública e Cidadania: Quilômetros que matam

Quando falamos de nossa BR 262, nada menos do que 41,5% do pavimento de pistas simples e sinuosas da BR-262, no sentido de Belo Horizonte às praias do Espírito Santo, é considerado ruim ou péssimo pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). É o lado pior da rodovia que é a nona maior rodovia do país, possuindo 2213 quilômetros de extensão.
A BR-262 é uma rodovia transversal brasileira, corta o país de leste a oeste, interligando os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Futuramente, a 262 atuará em conjunto com o Corredor Bioceânico, que liga Campo Grande-MS até os portos do norte do Chile. Na outra ponta, chega ao litoral do Espírito Santo. O escoamento da produção de café de Minas Gerais, de soja e outros grãos e de carne bovina do Mato Grosso do Sul são transportados em boa parte por esta rodovia.
Mas em aproximadamente 170km de sua extensão em Minas Gerais, passando por São Domingos da Prata, Rio Casca, Santo Antônio do Grama e Abre Campo, Matipó, Santa Magarida, Manhuaçu, Domingos Martins, até a divisa com o Estado do Espírito Santo, a rodovia deteriorou por completos. Buracos, fendas, barreiras que ameaçam desmoronar e outros perigos tornaram este trecho um risco de vida, especialmente, para nós que transitamos diariamente, fazendo da BR 262 até mesmo como avenida de nossas cidades. Destes nossos 170km, 84% estão condenados, precisam de obras amplas, conforme relatório do próprio Dnit.
Se economicamente toda nossa região é afetada, as mortes, as várias, dezenas, centenas, as muitas mortes não podem ser mensuradas economicamente.
Uma consulta rápida ao Google ficamos horrorizados. Os números de vidas ceifadas ultrapassam de uma ou talvez mais de uma centena em 10 anos. Somando a estas mortes, estão centenas de outras vidas de acidentados que passaram a sofrer limitações físicas em razão das sequelas dos acidentes.
Transferir a responsabilidade puramente ao condutor dizendo que este deve dirigir conforme as condições da pista, agindo com prudência e perícia, não é justo. Quem transita pela BR 262 entre João Monlevade e a divisa do Estado do Espírito Santo sabe que os buracos aparecem de dia um dia para o outros; desviar é colidir de frente com outro veículo ou cair buraco ou numa fenda é muito provável.
Não estamos falando de veículos acidentados. Estes, na maioria, são segurados. O que se deve colocar em debate público, e esta é nossa opinião, são as vidas de bebês, crianças, jovens, pais, mães, seres humanos que se encerram após o desvio de buraco com o resultado de uma colisão.
Se a privatização não chega como prometido há muito e os paliativos dos tapa-buracos não se resolvem, é imprescindível para uma população superior a 450 mil habitantes que uma reforma, não mais os paliativos, mas uma reforma precisa entrar no Orçamento do Governo. Não é uma questão econômica, mas de salvar vidas. As vidas que estão sendo interrompidas pelos 170km da 262 precisam entrar no orçamento do Governo. Algo precisa ser feito.

 

Carlos Roberto de Souza.

 

 

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