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Cultura Digital e os Desafios da Evangelização

Os Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, entre os dias 24 a 27 de outubro de 2022 estiveram em Assembleia Geral de Estudos debruçando sobre a temática da emergente Cultura Digital. A assessoria da semana de estudos ficou por conta da jornalista, professora e doutora Aline Amaro da Silva que é pesquisadora na área, Doutora em Teologia e especialista em marketing digital.

Na noite do dia 26 de outubro o encontro abriu as portas para acolher os leigos sacramentinos que se envolvem na lida diária e no trabalho frente aos Meios de Comunicação Sociais sob os cuidados dos Religiosos Sacramentinos. Sem esse dedicado trabalho de homens e mulheres que atuam em rádios, portais de notícias, nas paróquias com o atendimento paroquial e a formação e animação de lideranças, o trabalho de evangelização não atingiria seu objetivo na totalidade. Contudo, diante de toda essa seara comunicacional e diante dessa era digital, como estamos lidando com a evangelização em nossos meios?

Os principais desafios pastorais

A professora Aline Amaro elencou 6 desafios pastorais que nos provocam e diariamente tentam nos fazer pensar em novas investidas pastorais em nossos Meios de Comunicação:

  1. Passar da Pastoral da Resposta à Pastoral da Pergunta: cada vez mais o ser humano tem a necessidade de ser questionado. Precisamos superar a síndrome do Google, no qual nos motiva a não pensar mais, pois tudo o que precisamos, ele sabe. É real a necessidade de, em nossas postagens, textos, transmissões, programas veiculados, saibamos questionar quem está nos ouvindo do outro lado. Questionar sobre temas pertinentes à vida humana;
  2. Passar da centralidade do conteúdo à centralidade da pessoa: mais importante do que o que se comunica é a quem se comunica. Mais importante que o conteúdo da matéria, notícia, é o seu comunicador. “A mensagem sozinha não evangeliza, mas é a relação que se cria”;
  3. Passar da Pastoral da Transmissão à Pastoral do Testemunho: não se trata de comunicar a informação que lhe chega, mas comunicar a si mesmo. O real desafio de nos comunicar. É quem somos e não o que fazemos;
  4. Passar da Pastoral da Propaganda à Pastoral da Proximidade: quer dizer, ir além do evento, da notícia, do fato, mas aproximar-se dos envolvidos daquela situação. “Gastar as solas dos sapatos”, nas palavras do papa Francisco;
  5. Passar da Pastoral das Ideias à Pastoral da Narração: saber contar histórias. Ser criativos. Para cada comunicador. É importante saber que não é uma ideia que se comunica, mas é uma história que se narra. Histórias convertem, aproximam, encantam;
  6. Conciliar uma Vida Interior a uma Vida Interativa: por fim a questão da interatividade. Cultivar, através dela, uma espiritualidade da comunicação. A nossa geração atual gosta de participar, interagir. Usam de avatares virtuais, emojis, gifs, tudo para expressar seus mais sinceros sentimentos humanos. 

Quanto vale a nossa atenção?

Essa era da Cultura Digital é também marcada pela chamada Economia da Atenção. A internet é marcada pelo o que nos chama a atenção. A febre dos Influenciadores Digitais, por exemplo, monetiza, quer dizer, exploram a atenção de seus seguidores cativando com algo, por vezes, bastante simples, algo que participa e que condiz com a realidade de cada um. Ou seja, não é tanto uma personalidade forte, importante, universal que é idealizada pela pessoa. Hoje, as pessoas têm se identificado por pessoas simples, com uma rotina simples, que revelam a cada dia a história de sua vida, desde o levantar até o dormir.

O Brasil é o mais com o maior número de Influenciadores Digitais que contabilizam mais de 10 mil seguidores no Instagram. Essa realidade dá-se por conta dessa cultura participativa da internet. Algo que começou como um hobbie, tornou-se um nicho de mercado. Há quem se sustenta financeiramente com esse trabalho. Portanto, todos esses aspectos tocam profundamente em nossas atividades pastorais e também em nossa forma de agir por trás das câmeras ou dos computadores e celulares, na hora de propor a pauta do dia e produzir o conteúdo que iremos levar até nosso público.

Os influenciadores provocam em nós novas formas de pensar sobre os produtos que viralizam nas redes, os conteúdos que compõem esses produtos (o que eles estão transmitindo, ensinando) e como nós podemos explorar essas potencialidades a serviço de uma evangelização mais autêntica.

Texto por Ir. Dione Afonso, SDN

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