Seguança Pública: Crianças vítimas da pedofilia estão em silêncio
De certo o mais ignóbil dos crimes praticados por um ser humano é a violência sexual contra uma criança. Crianças com 0 a 12 anos de idade são as principais vítimas de violência sexual no Brasil. Estas vítimas, crianças, acabam sendo abusadas por anos e não tem como se queixar das agressões, pois, dada sua imaturidade, ou não sabem se expressar – por vezes sequer falam – ou por não compreenderem que a ação do abusador, do pedófilo, do pervertido, é uma violência.
O mais absurdo nestes crimes, a pedofilia, vem quando constatamos que, em sua maioria, o abusador é aquele que está encarregado da guarda, da proteção, da criança.
São os parentes ou pessoas próximas, nas quais as crianças depositam confiança, os maiores abusadores sexuais. É o pai, a mãe, o padrasto, a madrasta, os avós, tios, o amigo que frequenta a casa da família da vítima. Infelizmente esta é a verdade. O agressor sexual contra criança, em regra, está em casa.
Como a violência contra crianças ocorre em regra no âmbito doméstico, somado ao fato dos menores não saberem como buscar ajuda, a chamada cifra negra, a ausência de notificação desses casos à polícia, impede a punição de milhares de agressores, o que dificulta impedir que novos casos ocorram. É onde entra a minha e sua responsabilidade.
Tomando conhecimento de um fato desta natureza, devemos imediatamente acionar as autoridades para apuração. Professores, vizinhos, familiares, todos têm responsabilidade nisso. Estas vítimas, as crianças, não têm voz. Não têm discernimento. Somos suas vozes. Ao percebermos a mudança de comportamento da criança, devemos acionar o conselho tutelar ou a polícia.
A investigação correrá sigilosamente. Caso a violência sexual não se confirme, ninguém saberá que ocorreu a investigação. Muitas vezes, quando não se confirmando a violência sexual, sequer o suspeito saberá que foi investigado. Milhares de crianças, muitas sequer com idade para falar, são vítimas de violência sexual e nunca ninguém fica sabendo. Mas elas sabem da violência e sofrem por toda vida com esse trauma. Somos nós a vós desses anjos violentados por criminosos doentios. Precisamos proteger nossas crianças.
Percebeu algo de estranho, afaste a criança do suposto abusador e procure uma autoridade. Precisamos jogar luz sobre esses casos. Sexo com criança e adolescente até a idade de 14 anos, com ou sem consentimento da criança ou do adolescente, sem eles do sexo masculino ou feminino, é crime. Denuncie.
Se sexo com crianças é uma doença de quem o pratica, temos a primeira cura: a prisão. O tratamento médico, se desejar, o abusador, o pedófilo, procura depois. Primeiro protegemos as crianças. Mais uma vez: você suspeitou que uma criança está sendo abusada, afaste-a do agressor e denuncie. Seja a voz daqueles que não tema.
Carlos Roberto Souza, Delegado Regional de Polícia Civil de Ponte Nova