A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em março um alerta a todos os países-membros para que invistam mais em serviços e apoio à saúde mental. De acordo com um resumo científico divulgado pela organização, a prevalência global de casos de ansiedade e depressão aumentou 25% em todo o mundo, somente no primeiro ano de pandemia da covid-19.
Dizendo que esses números alarmantes “são apenas a ponta do iceberg”, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pede que todos os países não apenas prestem mais atenção ao assunto, mas que também “façam um trabalho melhor no apoio à saúde mental de suas populações”.
De acordo com a OMS, uma das principais causas do aumento de casos de ansiedade e depressão no mundo é um tipo de estresse nunca vivenciado antes, decorrente do isolamento social imposto em grande parte do andamento da pandemia, restringindo o acesso ao trabalho, ao apoio da família e amigos, e também à interação comunitária.
Dentro do universo de solidão, medo, sofrimento e luto estudado nos serviços de saúde mental, que também incluiu estimativas recentes do estudo Carga Global de Morbidade (GBD), jovens e mulheres foram citados como os mais atingidos pelo impacto da covid-19 na saúde mental da população. Entre os primeiros, ocorre um “risco desproporcional de comportamentos suicidas”.
Sobre possíveis soluções para o problema, a diretora do departamento de saúde mental e uso de substâncias da OMS, Dévora Kestel, dá uma pista: “Embora a pandemia tenha gerado interesse e preocupação pela saúde mental, também revelou um subinvestimento histórico nesses serviços”.
Brasil
O percentual de pessoas diagnosticadas com depressão no Brasil aumentou mais de 40% durante a pandemia de Covid-19, passando de 9,6% no período anterior à crise sanitária, para 13,5% no primeiro trimestre deste ano.
Os dados divulgados em abril deste ano são do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), trabalho desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com a ONG Vital Strategies.
Para o estudo, foram feitas nove mil entrevistas por telefone, sendo metade por telefonia fixo e metade por celular, no período de janeiro a março. A amostra abrange as cinco regiões do país, incluindo população das capitais e do interior.
A prevalência da depressão é maior em mulheres, sendo 18,8% neste ano e 13,5% antes da pandemia. Entre as pessoas brancas, 16,5% foram diagnosticadas com o transtorno, número que era de 11% antes da crise sanitária. Entre a população negra, o percentual de pessoas diagnosticadas com depressão passou de 8,8% para 11,8%.