A incidência da variante Delta da COVID-19 em Minas Gerais está em crescimento, segundo o governo de Minas. A nova cepa do coronavírus é considerada mais perigosa – mais contagiosa e transmissível que as demais – e, desde a última semana, já circula de forma comunitária no estado. Inclusive, a informação sobre a incidência da variante Delta foi repassada nesta pelo secretário de Saúde, Fábio Baccheretti. Segundo o gestor estadual, a realização de estudos genômicos por parte do estado feito via Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Universidade Federal de Minas Gerais – (UFMG) comprovam o dado. Acredita-se que, assim como houve mutações do coronavírus, dando surgimento a variantes como a delta, também houve uma evolução nos sintomas da covid provocadas por essas novas cepas.
De acordo com o médico pneumologista, Dr. Leonardo Pinheiro Nunes, os sintomas mais comuns da covid por variante delta são as dores de cabeça. Em seguida, os sintomas mais comuns da variante delta são: dor de garganta, coriza (nariz escorrendo) e febre. Alguns sintomas que eram muito pronunciados na versão original do coronavírus são menos comuns na variante delta. Com a delta, não há tantas ocorrências de tosse ou de perda de paladar e olfato.
Uma das preocupações das autoridades de saúde é que os novos sintomas da variante delta são muito semelhantes ao de um resfriado comum. Por conta disso, muitas pessoas sequer percebem que estão com covid da variante delta, e acreditam estar meramente resfriadas, sem tomar medidas preventivas para impedir o contágio de outras.
As autoridades dizem que pessoas com duas doses de vacinas contra o coronavírus têm menos chances de serem hospitalizadas com a variante delta. Um dos indícios apontados pelo governo do Reino Unido é que houve mais hospitalizações de jovens adultos por variante delta justamente a parcela da população que menos recebeu a segunda dose da vacina.
Imunizantes
Estudos de efetividade das vacinas Covid-19 têm demonstrado a importância da imunização para a proteção contra casos graves e hospitalização frente às novas variantes. Em junho, dados demonstraram uma efetividade de 92% da vacina AstraZeneca para hospitalizações contra a variante delta. Agora, um novo estudo coordenado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que as vacinas Pfeizer e AstraZeneca, no Brasil produzida pela Fiocruz, também garantem proteção contra a infecção pela variante Delta da Covid-19.
Realizada em parceria com o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS na sigla em inglês) e com o Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) britânicos, a pesquisa analisou 2.580.021 testes de 384.543 pessoas acima de 18 anos, entre 1 de dezembro de 2020 e 16 de maio deste ano, quando a Alpha era a principal variante em circulação no Reino Unido; e 811.624 testes de 358.983 participantes de 17 de maio a 1 de agosto, momento em que a Delta já era predominante no país.
A análise concluiu que duas doses de ambas as vacinas fornecem ao menos o mesmo nível de proteção do que se a pessoa tivesse contraído o Sars-CoV-2 anteriormente. A imunidade garantida após as segundas doses da Pfizer e da AstraZeneca diferem: a grande efetividade inicial na proteção contra alta carga e infecção virais da Pfizer se reduz com o tempo. Os resultados sugerem que, após quatro ou cinco meses, a efetividade das duas vacinas seria similar, e que a Pfeizer perderia sua efetividade contra a infecção numa velocidade maior do que a AstraZeneca, que tem sua efetividade sustentada por mais tempo. Na faixa etária de 18 a 64 anos, por exemplo, a taxa de efetividade da Pfizer caiu cerca de 22% a cada 30 dias após a segunda dose. Com a AstraZeneca, a redução foi significativamente menor, cerca de 7% a cada 30 dias após o esquema vacinal completo.
Não há indícios de que a efetividade possa variar em relação ao intervalo da aplicação das doses, e a proteção foi maior entre aqueles vacinados que haviam contraído previamente a Covid-19. Por exemplo, 14 dias após a aplicação da segunda dose da AstraZeneca, a taxa de efetividade contra a infecção era de 88% naqueles que já haviam contraído o vírus, contra 68% nos que nunca tiveram a doença; entre os imunizados com a Pfizer, eram 93% e 85% respectivamente.
A efetividade contra a doença após a segunda dose se mostrou maior também entre os mais jovens. No caso da Pfizer, foi de 90% na faixa dos 18 aos 34 anos, e 77% dos 35 aos 64 anos. Com a AstraZeneca, foram observados 73% entre os mais jovens contra 54%.
Danilo Alves – Tribuna do Leste