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Sementes misteriosas em encomendas: EMATER emite alerta

Pacotes com sementes vindas do exterior não devem ser abertos, manuseados ou descartados. Quem receber deve comunicar imediatamente ao Ministério da Agricultura, que alerta para os riscos à saúde, à economia e ao meio ambiente

Pacotes com sementes vindas do exterior não devem ser abertos, manuseados ou descartados. Quem receber deve comunicar imediatamente ao Ministério da Agricultura, que alerta para os riscos à saúde, à economia e ao meio ambiente

Nos últimos dias, o ministério recebeu informações de várias partes do país sobre a presença de sementes em encomendas de produtos comprados no exterior. Segundo o Mapa, esses organismos podem ser extremamente perigosos para a nossa produção vegetal, ameaçando principalmente a produção de alimentos e podem trazer sérios danos ao meio ambiente e à saúde da população, já que não se sabe a procedência nem quais são as espécies.

O material pode ser entregue em qualquer unidade da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG); do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou do Sindicato de Produtores Rurais dos municípios, que estão aptos a receber essas sementes ou mudas e encaminhá-las para análise.

Essas sementes, ou outras partes de plantas, podem ser de ervas daninhas, que se espalham sem controle. Ou mesmo podem conter vírus, fungos ou bactérias, capazes de infectar e provocar danos à nossa produção vegetal.

‘Risco é altíssimo’

João Ricardo Albanez, subsecretário de Política e Economia Agropecuário da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) reconhece que a pandemia provocou um crescimento no comércio virtual, permitindo trânsito intenso de produtos. “Do ponto de vista de um país que tem na agricultura um dos segmentos mais importantes da sua economia, o risco é altíssimo.”

A preocupação, de acordo com Albanez, é que não se sabe a origem, quais as espécies e se estão acometidas de alguma praga ou doença que podem contaminar a produção agrícola brasileira e causar sérios danos à economia.

O subsecretário alerta que essas sementes ou mudas não devem ser jogadas no lixo, no vaso sanitário ou descartada em qualquer ambiente porque correm risco de germinar e se propagar sem nenhum controle.  “As pessoas não devem nem sequer abrir as embalagens e acionar de imediato as autoridades”, recomenda. Caberá ao Ministério da Agricultura identificar e catalogar cada uma delas. 

Investigação

Outros países também registraram o recebimento de pacotes com sementes misteriosas. Ainda não há evidências exatas de quando os envios começaram nem o volume de sementes distribuído. Em julho, agricultores dos Estados Unidos relataram o recebimento de embalagens não solicitadas contendo sementes chinesas.

As autoridades norte-americanas investigam a possibilidade de vendedores estarem usando endereços de consumidores que fazem compras com frequência na internet para fazer vendas falsas, e assim, aumentar a classificação positiva dos seus produtos em sites de e-commerce. A faude é conhecida como “brushing” e tem como objetivo registrar compras falsas.

Emater alerta sobre recebimento de sementes

A EMATER-MG divulgou comunicado alertando que estes materiais podem ser extremamente perigosos para a produção vegetal, ameaçando principalmente a produção de alimentos.

“Essas sementes, ou outras partes de plantas, podem ser de ervas daninhas, que se espalham sem controle. Ou mesmo podem conter vírus, fungos ou bactérias, capazes de infectar e provocar danos à nossa produção vegetal”.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Superintendência Federal em Minas Gerais, firmou parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e suas vinculadas Emater-MG e IMA, além da Federação dos Agricultores do Estado de Minas Gerais (FAEMG), para alertar a população sobre os riscos dessas sementes, e sobre como agir em caso de recebimento.

Caso tenha recebido alguma encomenda desse tipo, sem que tenha solicitado, a Emater-MG orienta que se proceda da seguinte forma:

– Não abra o pacote!

– Caso já tenha aberto, não consuma esse material, não plante as sementes, e também não jogue no lixo.

– Comunique, assim que possível, o Ministério da Agricultura sobre esse recebimento. O e-mail para fazer essa comunicação é gab-mg@agricultura.gov.br 

China diz ver indícios de fraude 

A Embaixada da China no Brasil anunciou ter verificado indícios de fraude nas etiquetas dos pacotes de sementes de plantas enviados do país asiático para diferentes endereços brasileiros. A procedência dessas sementes misteriosas está sendo investigada pelo Ministério da Agricultura.

Em nota, o órgão chinês disse ter sido informado pela Agricultura e pela imprensa que brasileiros de diferentes partes do país têm recebido pacotes contendo sementes de plantas e que alguns desses pacotes trazem etiquetas com ideogramas chineses.

A Embaixada explicou, porém, que sementes são artigos de envio proibido ou restrito para os países membros da UPU (União Postal Universal), da qual o Brasil não faz parte. Os Correios da China, disse o órgão, “seguem rigorosamente as disposições da UPU e vetam o transporte postal de sementes”.

“Uma verificação preliminar constatou que as etiquetas de endereçamento apresentam indícios de fraude, com erros no código de rastreamento e em outros dados. A Embaixada está disposta a cooperar com a investigação das autoridades brasileiras”, concluiu.

Hipótese de golpe

As histórias de sementes vindas da China que chegam a consumidores já datam de meses. Casos foram relatados na Europa e ganharam maior repercussão nos Estados Unidos, por conta da tensão entre americanos e chineses. Mas a hipótese mais provável, considerada inclusive pela Defesa Sanitária Vegetal catarinense, é a de um simples golpe para conseguir mais vendas na internet.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) trabalha com a possibilidade de que as encomendas indesejadas estejam relacionadas a uma fraude conhecida como “brushing”.

O “brushing” é, essencialmente, o envio de mercadorias não solicitadas com o objetivo de registrar compras falsas. A semente, no caso, apenas cumpre a finalidade de não deixar o pacote vazio. Isso explicaria por que as autoridades até agora não encontraram sinais de tentativas de bioterrorismo ou contaminação.

Fonte: Estado de Minas / Elian Guimarães / Com Estadão Conteúdo

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