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Governo troca chefia do Parque Nacional do Caparaó

Cristhophe Balmant foi substituído por Dalmes Dutra Júnior. Associação de servidores critica troca; ministro diz que gestores devem nomear pessoas em quem confiam.

O governo federal trocou a chefia do Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O parque é famoso por abrigar o Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do país, muito procurado para a prática de escaladas.

Conforme a portaria publicada nesta segunda-feira (15), o presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Homero Cerqueira, exonerou Cristhophe Balmant, analista ambiental, e nomeou o comerciante Dalmes Dutra Cardoso Júnior como novo chefe do parque.

Dalmes é conhecido na região como “Juninho do Artesanato”, é filiado ao DEM e foi candidato a vice-prefeito em 2016, mas não foi eleito. A associação dos servidores do ICMBio criticou a indicação política e sem critério técnico.

“A pessoa escolhida é um político da região, um ex-candidato a [vice] prefeito. Então, a gente não sabe se essa pessoa vai lá para atender aos objetivos da unidade de conservação ou para representar um grupo político local, que deve ter interesse no território ou alguma ação que essa unidade de conservação está fazendo lá no território”, afirmou Rogério Egewarth, diretor da Ascema.

Na semana passada, o ICMBio já tinha nomeado para o cargo de chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) uma produtora rural de 25 anos, Maira Souza, neta de um dos maiores fazendeiros da região e que nunca trabalhou na área ambiental.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu as substituições dos ambientalistas por alguém de confiança do gestor.

“Todos os lugares onde houver necessidade de troca de gestor para que o superior imediato tenha alguém da sua confiança e, portanto, que execute a política pública que foi determinada, vai ser trocado”, afirmou.

O governo não quer só mexer na administração dos parques nacionais, também pretende rever os limites e as regras de proteção de dezenas de unidades de conservação em todo o país. Ambientalistas alertam para o risco disso enfraquecer o controle dessas áreas.

A mando do ministro Ricardo Salles, um grupo de trabalho analisa mudanças em mais de 60 áreas protegidas. Os pedidos são, segundo o ministro, de produtores rurais, governos estaduais e municipais e de comunidades que vivem dentro ou perto dessas áreas.

“Os produtores, os proprietários, que considere, portanto, aqueles que vivem dentro e no entorno das unidades de conservação, que respeite essas pessoas e que respeite a realidade territorial que muitas vezes é presente nessas unidades antes mesmo da criação das unidades […] coadunando esse trabalho com sustentabilidade, com a defesa do meio ambiente”, declarou.

Para Raul Valle, diretor de políticas públicas do WWF, a mudança de rumo nas unidades de conservação pode levar a perdas irreparáveis.

“Começar a utilizar cargos de chefias de unidades de conservação para o ‘toma lá, dá cá’ político é muito grave, sobretudo num governo que foi eleito alegando que ia governar com meritocracia e acabar com esse tipo de prática”, afirmou.

“Mudar limites ou mudar a gestão é algo que obviamente fragiliza unidades e sinaliza para aqueles que querem nesse momento trabalhar contra as unidades, que eles têm campo aberto para avançar”, acrescentou.

Fonte: G1

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