Bombeiro voluntário de Manhumirim auxiliou trabalhos em Brumadinho
Após atuar na busca por sobreviventes ele fala sobre o cenário encontrado
A tragédia ocorrida em Brumadinho no dia 25 de janeiro mobilizou centenas de voluntários para ajudar nas buscas por sobreviventes. A Defesa Civil de Minas Gerais atualizou na quarta-feira, 13, os números da tragédia do rompimento da barragem da Vale. Apenas o número de 166 mortes confirmadas subiu após o último balanço divulgado na segunda-feira 11.
O número de identificados permanece em 160 vítimas e 155 pessoas permanecem desaparecidas. Entre as instituições que participaram das buscas e salvamentos no local estavam os membros da Associação de Bombeiros Voluntários e Equipes de Resgate Voluntário do Estado de Minas Gerais (Volunterminas). Foram oito dias trabalho em cooperação com a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Militar de MG em ações humanitárias e de buscas a vítimas nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da mineradora Vale.
Os voluntários ficaram responsável por diversas ações, entre elas, a busca e resgate nas matas ciliares ao rio de lama, onde ajudaram a localizar alguns corpos e segmentos corpóreos. Os trabalhos contaram com aproximadamente 50 bombeiros voluntários e socorristas de várias instituições que integram a Volunterminas. E juntamente aos profissionais de resgate estava o Coordenador dos Bombeiros Voluntários de Manhumirim, Emanuel Gomes, que ajudou na busca por sobreviventes.
Em relato ao Tribuna do Leste, o profissional fala de um cenário desolador encontrado em Brumadinho e a situação se diferenciava quando vista “in loco” ao invés das telas da televisão. “Foram oito dias de bastante trabalho por conta dos desgastes físicos e emocional. Andamos cerca de 8 a 9 quilômetros em mata fechada e áreas de difícil acesso e encontramos um cenário bastante triste e difícil, com famílias procurando respostas, e corpos e segmentos de corpos encontrados em um cenário totalmente caótico”, relata.
Além das varreduras nas matas ciliares e também nos escombros das casas derrubadas pelo mar de lama da Vale – sem nenhum sinal de vida encontrado, os bombeiros voluntários e socorristas foram acometidos por um forte temporal quando estavam próximos a beirada aonde o rio de lama se formou.
Eles tiveram que sair correndo para se abrigarem, pois, a chuva veio com muita força e acompanhada de granizo. “Foi quando achamos uma casa abandonada e nos abrigamos nela esperando o temporal acabar. Ele durou cerca de vinte minutos, mas foi o suficiente para derrubar árvores e quebrar postes no meio. Tal situação trouxe ainda mais angustia para as pessoas que moravam na região haja visto que o local já tinha casas completamente destruídas, postes quebrados e muitas fiações caídas nas ruas”, relata.
Situação dos bombeiros no Brasil
Conforme informações do Coordenador dos Bombeiros Voluntários de Manhumirim o serviço de bombeiro é precário no Brasil, tendo em vista que dos 5.570 municípios no país, apenas 14% possuem unidades de bombeiros militar – o que não corresponde nem a 700 municípios, segundo dados de Emanuel Gomes.
Ele reitera que em Minas Gerais a situação é preocupante, pois dos 853 municípios do estado, mais de 780 não possuem serviço de bombeiro militar. “Nós sabemos que o Estado está falido e não tem condições nenhuma de fazer investimentos tanto na segurança pública quanto na questão de prevenção, Defesa Civil e outros órgãos a mais. Por isso, há a necessidade da expansão do bombeiro voluntario, pois são associações legalmente organizadas e pessoas jurídicas de direitos privados constituídos.
São homens e mulheres que passam por treinamentos e uma formação extensa. Hoje, são necessárias cerca de 300 horas para se formar como bombeiro voluntário. Além disso, o profissional conta com estágios, capacitações e cursos de continuação. E, atualmente, temos algumas instituições de referências em Minas Gerais, como o Serviço Voluntário de Resgate (Sevor), de João Monlevade, o Grupo Voluntário de Resgate Rodoviário Anjos do Asfalto – tanto em Belo Horizonte quanto em Pará de Minas.
Nós também temos os bombeiros voluntários de Três Marias. E em nossa região nós temos em bombeiros voluntários em Inhapim, Ubaporanga, o grupamento Anjos de Resgate de Santa Bárbara do Leste e Simonésia. São entidades que dão apoio ao estado na questão da resposta as emergências”, relata.
Danilo Alves – Tribuna do Leste