Que o futebol é o esporte mais popular do país já se sabe. Muitas são as explicações para essa afirmação. Uma delas certamente vai ser a grande quantidade de campos espalhados pelo Brasil. Nos lugares mais sórdidos, independente de realidade social, crença ou cultura, o futebol se faz presente e é comum ver crianças correndo atrás da bola.
O resultado disso em se tratando de revelar craques também não é novidade. Muitos ídolos nacionais improváveis surgem nesse contexto, tornando-se referência para muita gente. Tem uma frase lendária da composição “É uma partida de futebol”, da banda mineira Skank, que coloca esse esporte como meta de vida de todos ou pelos menos da maioria dos meninos brasileiros. “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol” traz exatamente esse contexto que mostra que o futebol vai muito além do que se pode imaginar.
Com essa popularidade toda e esse “pampa” de maior dos esportes mundiais, o futebol não poderia estar distante da zona rural. Na região próxima a Manhuaçu por exemplo, centenas de campos espalhados pelas comunidades rurais costumam ser o grande atrativo dos sábados e domingos para gente que lida na roça a semana inteira e também quer ter o seu momento de diversão. Em alguns locais tem até campeonato tradicional e entra ano e sai ano o nível de competição vai só aumentando.
Dois deles chama a atenção pela ótima organização e pelo bom público presente em dias de jogos. No município de Santa Margarida, comunidade da Serrinha, está acontecendo uma competição que envolve equipes de várias localidades do entorno. O torneio está na reta final e no próximo dia 10 de fevereiro vão acontecer os duelos entre os semifinalistas. Na primeira partida o time do distrito de Santo Amaro de Minas enfrenta o Boa Esperança, equipe anfitriã, atual tricampeã do Campeonato da Serrinha. Já no jogo de fundo o Juventude enfrenta o Farinheira. A grande final está marcada para o dia 17 de fevereiro.
Outra competição rural que enche os olhos de quem é amante do futebol e tem a oportunidade de acompanhar de perto é o Campeonato dos Costas Oliveira. Pelo 14º ano consecutivo o campo de futebol da comunidade dos Costas no município de Caputira recebe equipes de toda a região para uma longa jornada. Esse campeonato começou no dia 26 de janeiro e deve terminar em meados de julho. Nove times de distritos de Manhuaçu e comunidades de Caputira estão participantes e nessa primeira fase todos enfrentam todos, ou seja, oito jogos para cada um.
Após a fase classificatória os quatros melhores passam à semifinal e em seguida vem a final. “Gostamos de receber as pessoas aqui na comunidade. Já são 14 anos que ao lado do meu amigo Titão eu organizo esse campeonato aqui na comunidade. Pode ver na beira do campo que tem famílias inteiras assistindo os jogos, mães com bebê, pais trazendo seus filhos para vê-los jogar, enfim, o nosso domingo é muito bom porque o futebol traz diversão para todo mundo”, disse Valtinho, organizador do Campeonato do Córrego dos Costas. Já Marcelo Vieira, organizador do Campeonato da Serrinha em Santa Margarida, afirma que por lá não dá para ficar sem futebol aos domingos. “Na nossa comunidade quando não tem o campeonato a gente está sempre marcando jogo para nosso campo. Aqui o pessoal gosta bastante e tem até time de futebol feminino. O futebol é a principal atração dos finais de semana por aqui”, concluiu.
Assim como na Comunidade Serrinha e no Córrego dos Costas, centenas de comunidades rurais da região ficam bastante movimentadas nos finais de semana em virtude de partidas de futebol. E esse cenário se repete na cidade também. Nos grandes centros ou em municípios como Manhuaçu, considerado um polo regional, a opção por uma prática esportiva é mais distribuída entre outras modalidades.
Voleibol, basquetebol, handebol, futsal, artes marciais, Tênis, peteca, atletismo e outras práticas ganham espaço e tiram um pouco do protagonismo do futebol. Mas ainda assim, considerando o cenário atual de busca por qualidade de vida por meio do esporte, o futebol ainda chega na frente como a modalidade mais praticada do país e até no mundo.
Klayrton de Souza – Tribuna do Leste