Em 2002 foi o ano de início das tomadas iniciais do filme Sonhos Reais pelo cineasta Teógenes Nazaré, feitas com o seu filho Mateus Portugal – o primeiro protagonista das primeiras cenas. Teógenes Nazaré era repórter da extinta TV Catuaí e produtor do programa Mão Amiga que estimulava a prática da filantropia através do socorro às pessoas carentes. Para elaboração do filme, ele precisou exercer os cargos de diretor, produtor, figurinista e músico, tendo confeccionado figurinos e cenários e montado a trilha sonora.
Teógenes colocava em prática o anseio de utilizar o veículo de comunicação para obras sociais. Naquela ocasião, ele teve uma ideia que mudou a sua vida: produzir um filme cuja renda das exibições seria destinada às obras sociais do programa ‘Mão Amiga’. Assim nasceu o filme ‘Sonhos Reais’, um projeto ambicioso, todo estruturado para ter em seu elenco atores e atrizes amadores e figurantes da sociedade manhuaçuense.
A história gira em torno de um garoto que vivia na pele a realidade de menino de rua, que, ao procurar alimento no lixão, encontrou uma velha bíblia, em seguida conhece um mendigo, a quem relata sua vida. Após ouvi-lo, o velho mendigo lhe conta a emocionante história de José do Egito. O Garoto adormece, daí o nome ‘Sonhos Reais’.
As cenas foram locadas, ensaiadas e gravadas em Manhuaçu com apenas uma câmera e a participação de mais de quinhentos voluntários da comunidade. Os cenários, figurinos e as trilhas sonoras, foram criados pelo próprio idealizador Teógenes Nazaré, que também dirigiu e produziu o filme.
Teógenes se tornou um aficionado pelo projeto: todo o tempo ele estava lá com sua câmera UHF testando ângulos, produzindo takes, registrando tudo, instruindo e dirigindo os figurantes voluntários para, enfim, gravar as cenas. “Eu queria fazer parte da história”, diz. A persistência se tornou fonte de inspiração para os participantes do projeto e a cada making off das gravações que se seguiram, o filme ia ganhando corpo e durante os dez anos seguintes, transformou-se em realidade.
A paixão tinha virado obsessão. Primeiro foi a escolha do roteiro. Que roteiro seria mais adequado para o projeto que se propunha? Foi escolhida a história bíblica da vida de José do Egito, que tem correlação com os milhares de crianças abandonadas nas ruas do Brasil. Teógenes, no momento da escolha, nem de leve poderia imaginar que estava fazendo história, porque, até então, os temas bíblicos eram exclusivos dos grandes produtores de Hollywood.
Depois de ‘Sonhos Reais’, emissoras de televisão resolveram incluir em suas programações as novelas bíblicas, que tanto sucesso fazem hoje em dia. Para traçar o roteiro, Teógenes fez pesquisa e leu muito sobre produções bíblicas, que têm como marco histórico o filme da Paramount ‘Os Dez Mandamentos’, de Cecil B. De Mille. “Debrucei na pesquisa desde 2008, num trabalho extenso. Comprei várias edições de revistas sobre o tema e li muito para chegar ao roteiro final. Então fui montando o quebra-cabeças e buscando outras fontes, jornais e artigos. Foi importante o apoio da minha família, amigos, e principalmente a força de Deus”, explica Teógenes.
‘Sonhos Reais’ é um marco do cinema amador. Teógenes Nazaré credita ao filme toda a sua trajetória atrás das câmeras: “O filme para mim é tudo. Ele me deu essa oportunidade, definiu o meu futuro. Foi um divisor de águas, abriu portas para mim e eu me sinto realizado por ele ter me proporcionado essa nova carreira”, diz orgulhoso de sua obra.
Para o futuro, Teógenes pensa em prosseguir com o projeto. Sua visão inovadora preconiza a criação de um polo cinematográfico em Manhuaçu, o que é, na opinião de todos que trabalham com cultura, uma ideia excelente e um sonho perfeitamente factível. “Neste momento histórico para a cidade de Manhuaçu, gostaria de chamar ao palco, o Diretor e Produtor do filme ‘Sonhos Reais’, Teógenes Nazaré. E com ele, os dois primeiros atores do filme, o garotinho, hoje um garotão Matheus Portugal e Dângelo Labanca.”
Assim foi o início da apresentação que marcou a estreia do filme em Manhuaçu na noite de sábado, 19, no Centro Cultural João Bracks. Com casa cheia e presença de amigos, imprensa e familiares, a primeira exibição foi um sucesso de crítica pelos presentes. Os interessados em assistir ao filme podem ficar tranquilos, em breve novas sessões e locais de exibição serão divulgados.
Com informações de Sebastião Fernandes