Passadas as férias e as festas, janeiro é o mês em que o consumidor costuma receber outras contas que pesam no orçamento nessa época do ano: IPVA, IPTU e gastos escolares são as principais delas. A orientação de especialistas é que quem não possui dívidas deve planejar os gastos para passar por 2019 economizando um pouco a cada mês. E quem está no vermelho deve manter as contas atuais em dia e tentar renegociar as antigas. Para quem tiver dinheiro na conta é recomendado pagar à vista os impostos que dão desconto. “Não existe aplicação nenhuma que dê maior que o próprio desconto do IPVA, do IPTU, material escolar. Se tiver dinheiro para comprar à vista, sempre será uma boa vantagem”, informa o economista Wilson Rocha
Ele explica que as famílias precisam ter um forte controle e não fazer gastos eventuais muito grandes para não comprometer o resto do ano. “O ambiente econômico do país ainda difícil vai exigir mais das pessoas do que em anos anteriores. A minha perspectiva é que comece a melhorar no segundo semestre”, disse. Para ele, uma boa parte do 13º salário deveria ajudar nesses gastos de início de ano, mas o brasileiro não se prepara e não consegue fazer reserva porque o volume de endividamento continua alto no país. Segundo Wilson, os gastos de início de ano podem representar de 20 a 25% das despesas totais de uma família de quatro pessoas durante o ano. “Se tiver que parcelar, a saída é planejar. O ideal era que as dívidas de começo de ano fossem planejadas no final de 2018, com o 13º salário. Se isso não aconteceu o ideal é planejar o restante do ano. É preciso começar avaliando as contas de 2019, na tentativa de não comprometer o orçamento. Além de repensar dívidas futuras como troca de eletrodomésticos, móveis e reformas”, reitera.
Descontos à vista
No caso do IPTU, do IPVA e despesas escolares, o economista afirmou que é mais vantajoso pagar tudo à vista, já que os descontos são atrativos e podem chegar a 20% para o IPVA e de 5% a 10% para o IPTU. Também é possível utilizar recursos da poupança para pagar à vista, já que os descontos são bem maiores que o rendimento da poupança: 7% ao ano.
Entretanto, para Wilson Rocha, por causa do endividamento médio, a maioria da população opta pelo parcelamento das contas, o que não é um problema desde que pagas em dia. Ele alerta, entretanto, que fazer empréstimo para pagar as contas à vista não é uma boa ideia em função das altas taxas de juros. “A não ser que a pessoa não tenha nenhum recurso, nem para parcela, deve tomar o empréstimo com muita cautela, porque o custo é muito alto no Brasil”, disse. Para o economista, o ideal seria as famílias fazerem reservas ao longo do ano. “No início, talvez seja difícil, mas a partir de março ou abril, qualquer reserva é interessante. Isso é muito importante e faz com que as pessoas economizem e evitem pagar juros”, explicou.
Material escolar
Com a temporada, os preços acabam subindo e a dica é priorizar o que será usado logo no início do ano, comprando aos poucos. “A lista pode pedir mil folhas por aluno, mas ele não vai usar tudo isso em janeiro. A mãe pode comprar uma quantidade menor e completar o restante nos próximos meses, quando a tendência dos preços é cair”, explica. Além disso, o especialista indica a velha receita da pesquisa. “Os preços variam muito de uma loja para outra. É importante visitar as lojas e no fim do dia por na ponta do lápis o que vale a pena e até avaliar a opção de compra por atacado com outros pais.
Dívidas em atraso
Para quem já está no vermelho, Wilson Rocha orienta procurar o financiador para negociar a dívida e buscar melhores condições de parcelamento, podendo, inclusive, transferir a dívida para outra instituição financeira. Ele alerta, entretanto, que é importante negociar por juros mais condizentes e que, aumentando o prazo de parcelamento, mesmo com uma prestação menor, os juros podem ser maiores.
Segundo o economista, hoje o mecanismo mais utilizado pelo brasileiro para pagamentos é o cartão de crédito, que não traz prejuízos para pagar uma compra parcelada em cinco ou seis vezes sem juros. “Caso entre na dívida do rotativo, é melhor que venda algum bem para quitar essa dívida ou até faça um empréstimo. Se tiver que pagar as prestações do cartão, os juros são proibitivos”, disse, explicando que os juros com o cartão de crédito ou o cheque especial são altíssimos. O empréstimo rotativo do cartão de crédito é assumido automaticamente quando o consumidor paga apenas o valor mínimo da fatura.
Planejamento
Após se organizar para arcar com todos os gastos, a orientação é construir um planejamento financeiro de olho em 2019. “Como ocorrem uma vez por ano, essas despesas devem ser provisionadas”, afirma o economista Wilson Rocha. Basta dividir o valor de cada compromisso por 12 meses e poupar a quantia ao longo do ano. “No fim de 2019, a pessoa conseguirá quitar, à vista e com desconto, cada uma das despesas do começo do próximo ano, o que é melhor do que ter de correr para o cheque especial”. O ideal é que o dinheiro seja aplicado em investimentos de baixo risco — títulos públicos que acompanham a taxa básica de juros (Tesouro Selic), CDBs (papéis emitidos por instituições financeiras) ou fundos DI, desde que a taxa de administração seja inferior a 1%.
Analise onde errou
Após pagar ou reestruturar suas dívidas, reflita e veja onde errou e onde pode melhorar para evitar a repetição, indica o economista. Se gastava por impulso, é preciso se controlar mais. Se o problema foi o cartão de crédito, pode eliminar esse meio de pagamento. Se a questão foi uma emergência, pode fazer uma poupança para possíveis casos parecidos.
Danilo Alves