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Dia Nacional de Combate ao Fumo: causa evitável de doenças e mortes prematuras

01Todo ano ele volta aos holofotes do calendário de saúde, e cada vez mais provas mostram o quanto o cigarro faz mal. No entanto, estimativa da Organização Mundial de Saúde e do Instituto Nacional do Câncer dos EUA prevê cerca de 8 milhões de mortes anualmente até 2030. Segundo o mesmo estudo, os gastos com os custos do tabagismo, em termos de produtividade e saúde pública, são da conta de mais de 1 trilhão por ano, ou seja, não é bom individualmente, e nem coletivamente. Por tudo isso, datas como a de quarta-feira, 29/08, Dia Nacional de Combate ao Fumo – sempre são importantes formas de alertar a respeito de algo que, absolutamente, não tem nenhum benefício. A data foi criada em 1986, pela Lei Federal 7.488, e tem o intuito de mobilizar a população sobre os riscos do cigarro e inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.

02O cigarro continua sendo a principal causa de morte evitável do mundo. Dados apontam o Brasil, signatário da Convenção Quadro (primeiro tratado internacional de saúde pública da história da Organização Mundial da Saúde. Representa um instrumento de resposta dos 192 países membros da Assembleia Mundial da Saúde à crescente epidemia do tabagismo em todo mundo), como um dos exemplos de maior sucesso nas ações para a redução do tabagismo. A porcentagem de fumantes com mais de 15 anos de idade, que chegava a 30% em 1990, caiu atualmente para cerca de 10%. Hoje, os brasileiros fumam menos do que os americanos (15%) e do que todos os europeus. Mas, apesar da diminuição, ainda estamos entre os dez países com maior número absoluto de fumantes, ao lado de China, Índia, Indonésia, Estados Unidos, Rússia, Bangladesh, Japão, Alemanha e Filipinas.

O Brasil conta com cerca de 21 milhões de fumantes, o que representa 12% da população, segundo dados do Ministério da Saúde. Na fumaça há de quatro a nove mil substâncias tóxicas das quais pelo menos 70 são altamente carcinogênicas. O câncer de pulmão costuma ser o mais associado ao indivíduo tabagista, mas ele também pode ser o responsável pelo aparecimento de cânceres na boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim e bexiga. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 31.270 novos casos de câncer no pulmão em 2018, sendo que a maioria deles é provocada pelo fumo.

Segundo a coordenadora da Atenção Primária à Saúde, Marizy Vasconcelos, os malefícios do cigarro não atacam somente o pulmão, o tabagismo também pode causar sérios problemas para a saúde. “O tabagismo pode desencadear problemas coronarianos, como infarto; derrame/AVS, além de vários tipos de câncer – principalmente de pulmão e boca, de esôfago, estômago, laringe, traqueia, língua, problemas respiratórios, tosse, bronquite, asma, e até mesmo enfisema pulmonar; hipertensão, distúrbio da voz, impotência sexual e infertilidade, dentre várias outras doenças”, revela.
Marizy Vasconcelos reitera que o monóxido de Carbono, componente do cigarro, compete com o oxigênio celular, impondo ao organismo uma carência e potencialização dos danos circulatórios indiscutíveis. “Além disso, o vício pode acelerar o processo de oxidação do colesterol e aumentar a formação da placa de aterosclerose, influenciando no surgimento de outras doenças, como a hipertensão e o diabetes”, acrescenta.

Fumantes passivos

05Conforme a OMS, cerca de 7 milhões de pessoas morrem anualmente pelo tabagismo, dessas, 900 mil são vítimas de fumo passivo. E os fumantes passivos – aqueles que involuntariamente inalam o fumo dos fumantes ativos próximos, também estão sujeitos a enfrentar os danos do tabagismo, conforme explica Marizy Vasconcelos. “Os fumantes passivos são aqueles que não fumam, mas que inalam a fumaça do cigarro, cachimbo, charutos, dentre outros. Dessa forma, é tão prejudicado quanto o fumante, principalmente quando em locais fechados. As consequências para a saúde dos fumantes passivos serão maiores quanto maior o tempo que ficarem expostos à fumaça em locais fechados e com pouca ventilação. Inúmeras pesquisas indicam que os danos causados pela fumaça ao fumante passivo são bem mais graves do que aqueles percebidos durante ou logo após a exposição, como rinite, congestão nasal, tosse, dor de cabeça, irritação nos olhos e garganta ou náuseas”, afirma.

A frequência do fumo passivo tende a ser maior entre adultos jovens, com idade entre 18 e 24 anos. A exposição ao tabaco pela inalação da
fumaça pode causar efeitos na saúde em curto e longo prazo. Problemas respiratórios, irritação nos olhos e na garganta, tosse, dor de cabeça, vertigem e náusea, além do aumento do risco de câncer de pulmão e infarto, são alguns deles. Os homens
continuam representando a maior parte dos fumantes na população, 12,7% contra 8% das mulheres. Considerando a faixa etária, o uso é maior entre pessoas de 55 a 64 anos (13,5%) e menor entre jovens antes dos 25 anos (7,4%).

Combate ao tabagismo

A coordenadora do programa municipal de combate ao tabaco Kellem Miranda afirma que é possível parar de fumar. Ela acrescenta que existe o apoio necessário através de equipe multiprofissional com médicos, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas e assistentes sociais, ofertados pela Secretaria Municipal de Saúde. “O Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT), acontece nas ESF´s, através de cadastro com os Agentes comunitários de Saúde ou outro profissional da equipe. Os grupos acontecem à noite, para facilitar a adesão por período de 6 meses de acompanhamento e após o apoio, de acordo com a necessidade do paciente. É muito importante o envolvimento e interesse do tabagista. O fumante é um dependente químico e, a abstinência inicial o traz desconforto físico e psicológico, que pode adiar várias vezes a tentativa inicial de parar de fumar. O importante é ele nunca desistir”, enfatiza

Marizy Vasconcelos esclarece que existe um empenho por parte do setor de saúde em aderir a todos os programas voltados à prevenção de doenças e promoção à saúde, e um deles é o PNCT, que envolve as seguintes ações: grupo de tratamento e acompanhamento específico aos tabagistas, sala de espera, educação em saúde através de grupos operativos, capacitação dos profissionais através do Programa de Educação Permanente (PEP), ações de mobilização social envolvendo diversos setores como o que foi realizado em maio em alerta ao Dia Mundial Sem Tabaco, dentre outros. “Existe uma preocupação da Secretaria de saúde em envolver o maior número de pessoas possível no controle ao tabaco. Hoje estamos com três grupos em andamento com previsão de início de mais três grupos em setembro. Torna-se importante ao paciente, que terá uma nova mudança como alta estima elevada, melhora na qualidade de vida, convívio social e redução de danos”, pontua.

Danilo Alves – Tribuna do Leste

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