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Agosto Dourado: campanha reforça importância da alimentação materna exclusiva

Dr. Fernando BittencourtAntigamente pensava-se que a amamentação apenas protegia as crianças pobres da diarreia. Hoje, sabe-se que os benefícios do aleitamento materno vão muito mais além. É mais adequado pensar na amamentação como um conjunto de agentes protetores biologicamente ativos, dentro de uma rede de interações sócio afetivas que também fornece um especial suporte nutricional, do que apenas um alimento que contém anticorpos. Sabe-se que a proteção contra infecções se inicia no momento do nascimento, pela ingestão do colostro e que esse é o momento mais favorável para iniciar o elo afetivo entre a dupla, propiciando ao bebê uma cascata de cuidados maternos na fase mais vulnerável de sua vida.

Os benefícios da amamentação são inúmeros. Desde a proteção contra enterocolite necrosante – doença mortal em 70% dos recém-nascidos, até a proteção contra as doenças cardiovasculares na idade adulta. Também é importante assinalar que a amamentação é o modo mais econômico, seguro e sustentável de alimentar as crianças pequenas. “É comprovado, cientificamente, que o leite materno é o alimento mais saudável que a criança pode ter nos seis primeiros meses. Porque, além de dispor de todos os substratos nutricionais (carboidratos, proteínas, vitaminas, lipídios), ele tem também em sua composição a imunidade materna, a imunoglobulina materna que é passada pelo leite que a criança adquire durante a amamentação. Isso ajuda a prevenir algumas doenças, como diarreia e infecção respiratória. Acaba também prevenindo alergias alimentares e alergias de uma maneira geral, renite alérgica, asma. Além de que no leite materno tem uma quantidade suficiente de ferro que é extremamente importante para o desenvolvimento da criança e para a prevenção de Anemia”, afirma o pediatra Dr. Fernando Bittencourt.

thumb_lactancia_materna0.0277924638901909668652406300455419715 - CopiaO profissional reitera que estudos recentes têm demonstrado a associação positiva do leite materno com o desempenho cognitivo, pois a amamentação exclusiva por seis meses resulta em melhores resultados nos marcos de desenvolvimento e nos testes de inteligência e existe uma relação direta positiva entre a duração total do aleitamento materno com o sucesso escolar aos dezoito anos de idade. “Além disso, amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe”, afirma o pediatra.

Alimentos na pequena infância

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde é que o aleitamento materno seja exclusivo e em livre demanda desde a sala de parto até o sexto mês de idade, estendido até 2 anos ou mais. A amamentação exclusiva do nascimento até os seis meses de idade e a sua continuidade até pelo menos dois anos, junto com alimentos saudáveis, está no topo das intervenções eficazes para a sobrevivência das crianças e têm um impacto bastante produtivo. A oferta adequada da alimentação complementar, também chamada de alimentação de transição, é definida como a introdução de alimentos sólidos em adição ao leite materno
“Orientamos às mães que, ao introduzir a alimentação complementar, o aleitamento materno deve ser mantido. A alimentação da criança vai garantir aporte suficiente de energia (calorias), proteínas e também de micronutrientes (vitaminas, ferro e minerais). As quantidades de açúcar e sal também precisam ser observadas, já que os hábitos alimentares adquiridos nessa fase normalmente se mantêm e poderão levar a problemas futuros. O açúcar não deve fazer parte da alimentação da criança no primeiro ano de vida, bem como alimentos com corantes e conservantes. O sal, por sua vez, deve ser usado com muita moderação”, explica Dr. Fernando Bittencourt.

Semana Mundial da Amamentação

noticia-agosto - CopiaA base da vida. Assim a amamentação é definida na edição de 2018 da Semana Mundial do Aleitamento Materno, celebrada de 01 a 07 de agosto. A campanha deste ano, criada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (Waba), foca no poder do leite materno para combater a fome e promover a saúde. “Sim, o alimento ideal para os bebês é também o mais democrático deles, já que é igualmente produzido por mulheres pobres, ricas, famosas, anônimas, negras, brancas, orientais. Um suporte essencial para o começo da vida – qualquer vida”, destaca o especialista.

Agosto Dourado

Em abril de 2017 instituiu-se por meio da Lei nº 13.435 que agosto seria o mês do aleitamento materno, sendo representado pela cor dourada. Nesse ano, tanto a campanha como a Semana Mundial são estruturadas sob o lema: “Amamentação é a base da vida”. “Entramos no “Agosto Dourado”, mês dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. O tema chama a atenção para importância vital da amamentação na construção de uma saúde com base sólida. Para ter tal repercussão na saúde de um indivíduo, a amamentação tem que ter impacto em todos os sistemas do organismo, tanto que o tema é explorado nas diversas especialidades médicas.

Segundo o pediatra, a ação também possui o propósito de reforçar a mensagem de que a amamentação pode ser a chave para prevenir todas as formas de desnutrição, garantir a segurança alimentar, mesmo em tempos de crises, e quebrar o ciclo de pobreza. “Exceto por questões pontuais, a maior parte das mulheres pode e deve amamentar seu bebê por 2 anos ou mais, segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, complementa.

Danilo Alves

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