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Celular na hora de dormir pode atrapalhar a qualidade do sono

WhatsApp Image 2018-07-19 at 10.55.42Os eletrônicos dão uma sossegada nas crianças por um tempinho, mas no médio e longo prazo, podem ser ruins para o organismo. Além dos pequenos, adultos e adolescentes também devem estar atentos. Segundo o neurologista Rafael Heringer, médico especialista em doenças do sono, relatos de uso de eletrônicos à noite são ouvidos com frequencia. Estudos apontam que os distúrbios do sono na infância são conhecidos por causar danos à saúde mental e física, como a obesidade, queda do sistema imunológico, alteração no crescimento e problemas mentais como depressão e tendência suicida.

Para o neurologista, o descanso é tão importante para o desenvolvimento e bem-estar da criança quanto a nutrição e a atividade física. “O sono é um estado em que há uma série de processamentos, onde há a fabricação de alguns hormônios muito importantes para o corpo”, comenta. “Nas crianças existe o GH, o hormônio do crescimento, essencial para o desenvolvimento do corpo. Esse hormônio é liberado durante o sono profundo que a criança entra poucos minutos depois de adormecer. Nessa fase há o pico de sua fabricação”.
Dr. Rafael explica que se a criança vai dormir tarde, por exemplo, os hormônios ainda serão liberados, mas de maneira alterada. “Ela está indo contra a sua natureza. A quantidade de hormônio do crescimento produzida pode ser pouca ou até inexistente em casos extremos se houver patologia”, explica o especialista.

A liberação de outros hormônios também é prejudicada, segundo o médico, já que em diferentes etapas do sono há a produção da leptina (hormônio da saciedade) e do cortisol (que ajuda a manter estabilidade emocional, controla inflamações e alergias).
Como o uso de eletrônicos atrapalha?
O uso de eletrônicos atrapalha o sono, em primeiro lugar, porque o simples fato de ligar o celular ou tablet para brincar com um jogo faz com que a criança, por exemplo, atrase sua hora de ir para cama e durma menos.
Em segundo lugar, o conteúdo pode ser muito estimulante – e gerar uma excitação que atrase o início do relaxamento. Em terceiro lugar, a forte luz emitida pelas telas dos dispositivos gera um impacto no corpo, afetando o relógio biológico e a percepção do cérebro do que é noite ou dia.

“A chamada ‘luz azul’, presente nas telas de celulares, tablets e computadores e as lâmpadas de led, inibe a secreção da melatonina, o hormônio que avisa o nosso corpo que está na hora de dormir. O organismo também não ativa seu mecanismo natural que reduz a temperatura corporal. O normal é que a temperatura do corpo caia durante a madrugada e volte a subir quando estamos prestes a despertar. Isso, contudo, não ocorre se o cérebro recebe a mensagem que ainda estamos em estado de vigília”, explica Dr. Rafael Heringer.
Estudos comprovam que a exposição à luz azul suprime a produção de melatonina, o hormônio que avisa o nosso organismo que está na hora de dormir. “O estímulo biológico para o sono fica prejudicado pela luminosidade. Porém o problema não é só a luz, mas também pensar em um monte de coisas, condicionando o momento do sono com a execução de tarefas sociais. Talvez isso atrapalhe mais do que a luz”, observa o neurologista.

Prejuízos
Ele explica que as atividades cerebrais que assimilam os conhecimentos adquiridos durante uma aula, no caso de adolescentes e crianças, na fase escolar, por exemplo, ocorrem durante o sono profundo. É nesse momento que o cérebro processa, revisa e armazena a memória.
No longo prazo, há uma “bagunça de hormônios” que controlam, por exemplo, a saciedade. Se não produz esse hormônio, a leptina, cuja liberação ocorre ao longo da noite e no início da manhã, o indivíduo vai comer mais, podendo ficar obeso e diabético.
O médico orienta que o ideal é que se desligue dos eletrônicos duas horas antes de dormir. “É o tempo que o organismo precisa pra se preparar para dormir e uma coisa muito importante, em hipótese alguma faça o uso de medicamentos para dormir. Somente em casos extremos e através de receituário que se faz uso deste tipo de medicamento” finaliza.

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Jailton Pereira

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