DestaquePe. José Raimundo (Mundinho)Radio AM710Radio FM

Dia dos avós, segunda chance!

Reflexão, Pe. Mundinho

Celebra-se no dia 26 de julho o Dia de São Joaquim e Santa Ana, avós de Jesus de Nazaré, pais de Maria, sua mãe. Por isto, neste dia é que se comemora Dia dos Avós.
O casal Joaquim e Ana já estava com idade avançada e ainda não tinha filhos e a esterilidade causava sofrimento e vergonha, pois para o judeu não ter filhos era sinal da maldição divina. Os motivos são óbvios, pois os judeus esperavam a chegada do Messias, como previam as sagradas profecias, e, para isso, precisavam gerar.
Assim, toda esposa judia esperava que dela nascesse o Salvador e, para tanto, ela tinha de dispor das condições para servir de veículo aos desígnios de Deus, se assim Ele o desejasse. Por isso, a esterilidade causava sofrimento e vergonha, e é nessa situação constrangedora que vamos encontrar o casal.

Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito e muito tempo até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Não se sabe muito sobre a vida deles, pois passaram a ser citados a partir do século II, mas pelos escritos apócrifos, que não são citados na Bíblia, porque se entende que não foram inspirados. E eles apenas revelam o nome dos pais da Virgem Maria, que é a Mãe do Messias.
Hoje mais do nunca a figura dos avós vem “crescendo” na vida familiar e educacional. Devido ao agitado mundo moderno, quando pai e mãe têm que se ausentar do lar para ir ao trabalho, as crianças ficam sob o cuidado dos avós que, já sem atividades profissionais, dispõem de mais tempo para ficar com elas. São eles, muitas vezes, os que conduzem os netos à escola (na ida e na volta), que preparam o lanche ou a refeição, que os cercam de carinho e afeto, que passeiam em sua companhia.

A sensação agradabilíssima de voltarem a ser pais novamente, sem o comprometimento rígido e ferrenho de ser pai ou mãe, mas como uma oportunidade de marcar presença, ou de “reparar” os erros de quando foram os pais diretos. Experientes na vida, de posse do conhecimento do desenvolvimento da criança, maduro na afetividade, prontos para amar seus entes queridos, os avós são excelentes companhia para os “filhotinhos” também abundantes de afetos e de graça que a criança pode ofertar.
O mundo fica melhor, quando se vive a realidade do amor espontâneo dentro de um ambiente seguro, longe de ameaças, blindado pela proteção dos avós, pela ternura, pela alegria e vibração com cada passo aprendido, cada gesto livre sem ensaio de simpatia e graça.
Affonso Romano de Sant’Anna, escreveu certa vez que: “Só aprendemos a ser pais depois que somos avós…”

Ele continua: “Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente.
Um dia, sentam-se perto de você e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas.
E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.
Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.
Os pais ficaram exilados dos filhos.
Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas “pestes”…
O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos, e que não pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.
Aprendemos a ser filhos depois que somos pais. Só aprendemos a ser pais depois que somos avós…

(Publicado no Portal da Família em 01/03/2003).

Comentários

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo