Manhuaçuense desponta como uma das grandes revelações da música erudita
Nesta quarta-feira (11/7), o pianista Rafael Ruiz, de 21 anos, se apresenta como solista da Sinfônica de MG
Aos 21 anos, o pianista Rafael Ruiz coleciona quase tantos prêmios do que tem de idade. Já são 20 premiações nacionais e internacionais. O mais recente foi o concurso Jovem Solista, promovido pela Fundação Clóvis Salgado, láurea que lhe permitiu se apresentar com a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais na série Sinfônica e Lírico ao Meio-Dia, nesta terça-feira (10), no Grande Teatro Palácio das Artes. O prêmio ainda garante que, nesta quarta (11), ele se apresente na série Sinfônica e Lírico em Concerto, sob regência do maestro Roberto Tibiriçá.
Ao meio-dia de terça, Rafael apresentou o terceiro movimento do Concerto para piano e orquestra nº 2, do compositor, pianista e maestro russo Sergei Rachmaninoff (1873-1943). Com três movimentos e duração de 40 minutos, a obra completa será apresentada na noite de quarta. “A peça é um marco na literatura pianística. É uma das preferidas do público e também uma das mais difíceis técnica e musicalmente”, afirma Rafael. O músico explica que os acordes iniciais são amplos – que são mais fáceis de ser executados por pianistas com mãos grandes. “Rachmaninoff tinha uma mão descomunal”, diz. Com 1,86m, Rafael conta com essa característica física, que, aliada às muitas horas de estudos, faz com que ele alcance a virtuose.
Do ponto de vista psicológico, a peça se apresenta como desafio para ser interpretada pela densidade. Rachmaninoff não obteve sucesso com a primeira composição, fato que o levou à depressão e, posteriormente, ao tratamento psiquiátrico. “Ele teve fracasso no Concerto n.1. Então, foi se tratar com Nicolau Dahl. Graças a esse tratamento conseguiu se recuperar. Então, a peça foi dedicada ao psiquiatra”, recorda-se Rafael. Longa, a obra exige virtuose de quem a toca. “Tenho que me preparar psicologica e fisicamente”, diz.
É a segunda vez que Rafael vence o concurso Jovem Solista. Com apenas 17 anos, seu talento se destacava. “A experiência de tocar com orquestra é o que todos os músicos almejam”, diz o jovem, que começou a estudar piano aos 6 anos em sua cidade natal, Manhuaçu. Aos 15, mudou-se para Belo Horizonte para dar continuidade aos estudos com Júnia Canton e Rubner Abreu. Rafael cursou música na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na capital fluminense, onde reside atualmente. Os prêmios levam o pianista para além-mar, com apresentações agendadas para Portugal e Áustria. “Meu plano é participar de concursos e me aprimorar. Pretendo fazer mestrado no exterior”, conta.
Rafael destaca que o cenário para a música erudita em Minas é bem diferente do Rio de Janeiro. “Em Minas, tem crescido o fomento, mas no Rio é o contrário. Passamos por uma enorme crise no estado. O Teatro Municipal não tem mais concerto, a Orquestra Sinfônica Brasileira está falida, não tem mais série regular e os músicos estão sem pagamento”, completa.
Além de Rafael Ruiz, a edição especial da série Sinfônica e Lírico ao Meio-Dia contou com regência de Eron Calabrezi e solos da soprano Ana Paula Machado de Oliveira e do oboísta Giovanni Martins. Todos participam hoje à noite da série Sinfônica e Lírico em Concerto. O concurso é promovido pela Fundação Clóvis Salgado desde 2010.
Fonte: uai.com.br / Márcia Maria Cruz