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Prédio desaba em Manhumirim

Um prédio residencial de dois andares desabou em Manhumirim, na região da Zona da Mata, no domingo 13/05. De acordo com a Polícia Militar, que foi acionada para atender a ocorrência, o acidente aconteceu por volta das 10h. Moradores ouviram barulhos estranhos na estrutura antes da queda. Ninguém se feriu.

Na segunda-feira, 14/05, equipes do Corpo de Bombeiros de Manhuaçu e engenheiros da Prefeitura de Manhumirim estiveram no local para realizar perícias nos imóveis que estão ao lado da casa. A área em frente à casa que desabou estava interditada. De acordo com o subtenente Freitas, do Corpo de Bombeiros de Manhumirim, a visita revelou a real situação das residências vizinhas ao prédio que caiu. E um consenso entre os membros da corporação e os engenheiros da Prefeitura local decidiu interditar um dos imóveis. Identificamos uma residência – do lado esquerda da casa que veio ao solo, com seis cômodos que está com uma parede bastante trincada devido ao incidente. Vamos manter essa casa interditada e os moradores não poderão retornar até as providências cabíveis. Para uma nova avaliação do imóvel interditado é necessário que seja realizada a remoção de todo o entulho. Já a casa do lado direito, apesar de receber o impacto de alguns entulhos em sua lateral, não apresentou trincas e avarias que comprometam os moradores. Mas eles foram orientados a ficarem vigilantes com relação a possíveis aparecimentos de trincas e, que caso ocorram, devem acionar o Corpo de Bombeiros para ocorrer uma nova avaliação”.

O engenheiro Ataíde Oliveira reiterou que a prefeitura de Manhumirim juntamente com a Defesa Civil fez o isolamento da área e aguarda um respaldo do seguro residencial de um dos moradores – pois o serviço garante a presença de um perito paralelo as entidades do município para avaliar o local, para que a remoção dos objetos seja implementada.

Desespero

O morador Tarcísio Correa encontrava-se em casa antes da casa vir ao solo. Ele explicou que nunca esperava por algo semelhante. “Estava em casa sozinho pois minha esposa tinha saído e os vizinhos de baixo não estavam em casa. Ouvi uns estalos nas estruturas, mas achei que fosse um barulho normal de casa. Entretanto, os barulhos se intensificaram e percebi que tinha alguma coisa errada. Os vidros começaram a quebrar, apareceram rachaduras rápidas nas paredes e eu notei que tinha que sair do local o mais rápido possível porque a casa estava cedendo. Desci correndo a escada, mas quando cheguei para abandonar o lugar a porta estava trancada. Foi um momento de sufoco pois percebi que o prédio estava para cair. Mas graças a Deus eu consegui passar para o telhado de uma casa vizinha e com ajuda dos moradores, através de escada, consegui abandonar o lugar a tempo. Pouco depois o prédio veio a cair”, relata.
Ele salienta que recebeu ajuda de amigos, entidades locais, e da Prefeitura de Manhumirim, que mostrou solidariedade e se colocou à disposição para auxiliar o morador e sua família. Tarcísio Correa aproveitou a oportunidade para agradecer a brigada do Corpo de Bombeiros, e a Polícia Civil, que se mostraram imbuídas em ajudá-lo.

Ajuda de um profissional

Para a construção de todo imóvel a figura de um engenheiro é de grande importância para um resultado satisfatório ao fim do serviço, principalmente no que concerne à segurança de seus futuros frequentadores. Infelizmente, diversos erros podem ser causados por falhas na elaboração ou efetivação do projeto, o que poderá acarretar danos de extrema gravidade. O engenheiro Djalma Neiva, explica que qualquer tipo de alteração que possa comprometer a estrutura que sustenta uma edificação só deve ser feita por um profissional tecnicamente preparado para isto. “Infelizmente, ainda encontramos obras ou serviços sendo realizados por pessoas não habilitadas. Uma das consequências desse tipo de ação é, em casos mais graves, comprometimentos estruturais ou desabamentos, como os ocorridos”, ressaltou.

A execução de obras, seja construção ou uma simples reforma, pode exigir complexos cálculos estruturais que só podem ser realizados por profissionais da engenharia. “Somente um engenheiro civil é preparado para detectar vícios construtivos ou falhas estruturais capazes de comprometer a solidez de uma edificação e, claro a segurança da população”, explica o profissional.
Rachaduras, trincas em vigas ou estalos são sinais de que uma obra pode ter problemas e até desabar. Prestar atenção nesses detalhes é fundamental para prevenir acidentes. Segundo Djalma Neiva, nenhum prédio, por problemas de fundações e estruturas, desaba sem avisos. Muitas vezes são avisos que só um especialista em problemas em edificações pode perceber. Se a obra está com a documentação em dia, três são as causas principais de desabamentos, segundo Djalma: projeto ruim, má execução ou material de baixa qualidade. “Em geral, se tem uma falha só e as outras duas questões estão boas, o prédio pode até cair, mas o desabamento não é brusco nem catastrófico, e sempre dá sinais antes”, avalia.
O engenheiro explica que antes de começar uma construção, os responsáveis devem procurar o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) da região para ter o aval para o projeto. O órgão, no entanto, não avalia a qualidade da planta, só exige que haja um engenheiro responsável pela elaboração do projeto e pela fiscalização da obra. As prefeituras fiscalizam se a obra está sendo feita conforme previsto no projeto. “Também não é responsabilidade do fiscal dizer se o projeto está bom. No máximo, se ele é uma pessoa treinada em patologia, pode dizer se existe alguma coisa estranha, como trincas. Nesse caso, deve chamar a Defesa Civil ou os bombeiros”, diz.

No exercício profissional dos engenheiros é considerada uma série de responsabilidades previstas em códigos civis, penais e trabalhistas, além de resoluções do próprio Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). De acordo com o engenheiro Djalma Neiva, o conhecimento dessas atribuições é indispensável ao exercício da profissão dentro dos limites do bom senso e da ética. “E a manutenção de um imóvel é tão necessária quanto àquela que fazemos constantemente em nossos automóveis», aponta. Uma vistoria realizada de tempos e tempos por engenheiros devidamente registrados no Crea, é certeza de garantia de segurança aos moradores”, finaliza.

Danilo Alves

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