Fake News: meteorologista desmente que Brasil terá o inverno mais frio dos últimos 100 anos
Desde o final da última semana, tem circulado nas redes sociais a informação de que o inverno deste ano deverá ser o mais rigoroso dos últimos 100 anos no Brasil. Segundo boatos que circulam na internet, o responsável seria o La Niña, fenômeno de resfriamento da superfície do Oceano Pacífico.
Segundo o professor Ruibran dos Reis, do site Climatempo, a probabilidade é exatamente oposta: os meteorologistas estão esperando um inverno até um pouco mais quente do que a média. Neste momento, segundo o meteorologista, os principais centros de análise de monitoramento de fenômenos oceânicos mostram que os fenômenos naturais El Niño e La Niña não estarão presentes no decorrer do outono/inverno de 2018 no Hemisfério Sul e Norte, tendo em vista que as águas do oceano Pacífico estão “ligeiramente mais quentes do que o normal”. Com isso em vista, por ora, não se espera a formação dos fenômenos. “Sob esta condição, espera-se por um inverno dentro da normalidade, ou até mesmo ligeiramente mais quente do que o normal”, destaca.
Ruibran dos Reis afirma que se trata de uma notícia falsa, com uma chance remota. “Há uma tendência na redução de temperatura desde 1998, e é possível que ela se mantenha nas próximas duas décadas. Contudo, não existe nenhuma projeção que demonstre que esse será o inverno mais frio”, assegura. O professor explica que essa tendência se justifica por dois fatores e, segundo estudos anteriores, a temperatura ficará na média já prevista. “Grande parte dessa redução de temperatura se dá pelo resfriamento do Oceano Pacífico e pela redução de atividade solar. Mas, esses dois eventos são cíclicos, têm um período de duração”, analisa. “O que poderemos observar nesse inverno são picos de frio, que é habitual. Na década de 80, por exemplo, a temperatura chegou a 3ºC”, constata.
O meteorologista do Climatempo relata que as águas do Pacífico estão um pouco mais quentes do que o normal e, com isso, se espera um inverno dentro da normalidade. “Estas condições oceânicas são parecidas com o que se observou no outono/inverno do ano passado, que não teve eventos extremos. Vamos ter, sim, alguns eventos de frio intenso, alguns dias de geada forte no Sul, algum evento de geada em estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo, mas nada muito fora do que normalmente ocorre nestas estações.
Tendências
As simulações mostram que o inverno deste ano terá um frio mais frequente, mesmo que não tão intenso. As regiões Sul e Sudeste devem ser as mais afetadas pela queda das temperaturas. “Teremos um outono mais chuvoso, o que deve resultar em um inverno com tardes mais nubladas e úmidas e madrugadas não tão geladas”, afirma Ruibran dos Reis. “Pode haver, claro, semanas com picos maiores, mas o padrão deverá ser este.”
De acordo com o especialista, tardes nubladas e frias fazem com que a sensação térmica diminua. “Não será um inverno como o que tivemos nos últimos anos, de tarde ensolaradas, secas e geladas. Neste ano, teremos aquele clima chuvoso e nublado”.
Fake news
Veja o texto com informações equivocadas que estava circulando nas redes sociais:
“O Brasil terá o inverno mais frio dos últimos 100 anos. As simulações atmosféricas confirmaram a indicação que já vinha sendo apontada há alguns dias: 2018 poderá ter o inverno mais rigoroso do último século no Brasil. Com as projeções atuais, não seria exagero dizer que os dias no inverno serão congelante. É possível que todo os recordes de frio atuais do Sul, do Sudeste, de Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul sejam superados em 2018. Se a previsão se confirmar, ela virá com um espírito realmente “frozen”, para provocar muito frio, neve e geada”.
Danilo Alves