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Piolho de cobra: moradores de Martins Soares sofrem com infestação nas residências

Desde o início do ano, quando as chuvas se intensificaram na região, aliada ao clima quente, moradores de Martins Soares sofrem com uma infestação de pequenos animais, popularmente conhecidos como “mil pés”, da mesma família das centopeias.

A infestação acontece principalmente nas residências próximas às lavouras de café. O residencial Heringer é uma das áreas mais afetadas, os animais se acumulam em frestas, muros, telhados e se deixar tomam conta da casa. “Todos os dias ficamos até oito horas da manhã varrendo a casa, becos, muros e chegamos a juntar uma sacola destes bichos de tanto que tem e isso é todo dia”, explica dona Lucimar Batista.

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Além recolher os bichinhos todos os dias, os moradores precisam colocar panos embaixo das portas e janelas para evitar que eles entrem dentro de casa. “Travamos uma verdadeira luta com esses bichos, além ficarem por todo lado, durante a noite eles entram embaixo do telhado e caem em cima de tudo, temos de ter o maior cuidado se não, até dentro das panelas eles caem”, comenta dona Marilene Jordão.

A maior aflição dos moradores é quanto ao controle desses animais, sabe-se que houve um crescimento desordenado da população, mas como controlar? Fica a dúvida. “Olha desde que mudamos para este local, nunca passamos por situação parecida, moradores antigos dizem que já aconteceu uma vez, mas foi bem menor que esta infestação. Moramos ao lado de uma lavoura de café, e existem vários lotes vazios tanto ao lado de nossas casas, como na frente e precisamos de uma ajuda seja da prefeitura, da empresa que administra a fazenda de café, de alguém que saiba como nos orientar, pois até agora estamos à mercê destes bichos”, ressalta Werlen Jorge, também morador do local.

Segundo a Secretaria de Saúde de Martins Soares foi realizada uma aplicação de inseticida na rua e nas proximidades do local, mas pouco adiantou. “Estamos procurando uma ajuda para encontrar uma solução para o problema, mas já sabemos que inseticida pouco resolve, devido à resistência destes bicho e perigo de intoxicação das pessoas. Equipes de agentes de saúde estarão visitando estas residências orientando e colocando telas nas caixas d’água para evitar que eles entre nas caixas”, explicou Márcia Pires, Secretária de Saúde de Martins Soares.

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Espécie

Esses animais são conhecidos como piolhos-de-cobra, lacraias, centopeias, mas o nome popular é “mil-pés”. Apesar de serem confundidos com lacraias, eles não oferecem risco a saúde humana, uma vez que não possuem nenhuma estrutura inoculadora de veneno como as lacraias. Pertencem ao Filo Arthropoda, classe dos diplópodes, animais que possuem dois pares de patas por segmento.  Habitam locais escuros e úmidos (troncos apodrecidos, folhas, embaixo de pedras, etc).  São animais completamente inofensivos. São detritívoros de matéria orgânica (desempenham mais ou menos o mesmo papel das minhocas) e são extremamente importantes para ciclagem de nutrientes. Alimentam-se de vegetais e de matéria orgânica em decomposição. Não possuem nenhum tipo de toxina ou veneno que faz mal ao homem.

Sabe-se pouco sobre possíveis predadores dessa espécie, alguns animais como larvas de besouro ou grilos podem estar entre eles, o motivo está em uma substância (ácido cianídrico) que eles produzem, tornando-os tóxicos se ingeridos por alguns animais.

Em relação ao ser humano deve se evitar o consumo ou fazer uso de água que esteja contaminada por animais mortos, uma vez que não se sabe quais riscos pode trazer a saúde.

A infestação pode estar ligada ao excesso de chuvas, uma vez que alta umidade e o aumento da temperatura favorecem a reprodução e o desenvolvimento dessa espécie.

Outra situação pode estar relacionada à falta de predadores naturais, ou seja, quando falta predador de uma determinada espécie como no caso específico, a população tende a aumentar causando assim um desequilíbrio ecológico. Isso acontece principalmente em regiões de monocultura, onde há pouca variedade de espécies animais, o que favorece o aumento no número de indivíduos de determinadas espécies exatamente pela falta de predadores.

O possível uso de agrotóxicos em lavouras também pode contribuir para esse desequilíbrio, podendo levar ao desaparecimento de predadores da espécie.

A boa notícia, é que, esse tipo de evento é temporário e com a chegada do inverno a população dessa espécie tende a voltar ao equilíbrio, ou seja diminuindo o número de indivíduos.

Mas é sempre bom lembrar que eventos como esse, têm como principal responsável o homem. Se matamos aranhas, a população de insetos cresce. Se matamos as cobras, a população de ratos também aumenta, ou seja, para toda ação existe uma reação. Precisamos parar e pensar em nossas atitudes em relação ao meio ambiente. 

Como controle recomenda-se: 

  • Manter a grama sempre podada.
  • Não deixar acumular lixo em volta da casa.
  • Manter ralos e pias vedadas.
  • Eliminar qualquer tipo de esconderijo que sirva de abrigo.
  • O uso de sacos de estopa umedecidos durante a noite funciona como armadilha

 

Jailton Pereira

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