Quaresma movimenta venda de peixes em Manhuaçu
Com o fim do carnaval teve início na quarta-feira de cinzas, 14 de fevereiro, o período da quaresma. Nestes 40 dias, como sugere o nome, os praticantes do catolicismo fazem penitências na preparação para a celebração que marca o renascimento de Jesus Cristo. É comum nesta época do ano fiéis da igreja católica e simpatizantes fazer entre suas penitências a abstinência da carne vermelha no cardápio. Alguns o fazem nas segundas, quartas e sextas-feiras. Outros mais exigentes fazem jejum de carne vermelha durante toda a Quaresma. Com esse rito praticado pela grande maioria da população brasileira, formada em sua base por católicos, as peixarias engrenam no momento econômico mais significativo. Se para o comércio o Natal é o ápice das vendas, para as peixarias a Quaresma e a Semana Santa são as datas mais esperadas.
Em Manhuaçu, os produtos estão com preços estáveis. Os peixes mais vendidos são o filé de tilápia, surubim em posta, dourado e o filé de merluza.
Para a comerciante Josiane dos Santos, a venda de peixes em seu estabelecimento está baixa em relação aos anos anteriores. Apesar das vendas rasas no período, a comercialização do pescado se mostra superior a outros dias do ano, a exceção da Semana Santa – período de maior movimentação e aonde as vendas de pescados aumentam consideravelmente. “A procura não é a mesma de antes, mas acredito que as vendas devem melhorar. Entretanto, o período de maior movimentação de clientes e, consequentemente, de vendas acontece na Semana Santa”, afirma.
Neli Borel, que é consumidora, deu início as compras na terça-feira, 28 de fevereiro. Ela destaca que a Quaresma é um período de muita fé para cumprir penitências e não descarta a compra desses alimentos, que fazem a diferença na mesa durante a época do ano.
Dicas de qualidade
O consumidor deve ficar atento aos preços sem esquecer-se da qualidade dos produtos. A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) ensina o consumidor a ter atenção na escolha do pescado para garantir a qualidade do produto que vai à mesa seguindo os principais cuidados em relação aos locais de venda, do peixe fresco, do bacalhau e dos crustáceos.
– Verifique limpeza e organização do estabelecimento;
– Os produtos devem estar expostos sempre em cima das prateleiras e, quando refrigerados, mantidos na temperatura indicada pelo fabricante;
– Verifique as condições da embalagem;
– Observe no rótulo o nome do fabricante, endereço e data de validade;
– Opte pelo peixe que oferece maior durabilidade;
– Adquira os alimentos congelados somente no final das compras.
Peixe Fresco:
– Verifique se está livre de contaminantes físicos como areia, pedaços de metais, plásticos ou poeira; químicos, como combustíveis, sabão e detergentes; e biológicos, como bactérias, vírus e moscas;
– A aparência deve estar livre de manchas, furos ou cortes na superfície;
– As escamas precisam estar bem firmes, resistentes, translúcidas e brilhantes;
– A pele deve ser úmida, firme e bem aderida;
– Os olhos devem ocupar toda a cavidade, ser brilhantes, salientes e sem a presença de pontos brancos no centro;
– A membrana que reveste a guelra deve estar rígida e oferecer resistência à sua abertura. A face interna deve estar brilhante e os vasos sanguíneos, cheios e fixos;
– As brânquias devem ser da cor rosa ao vermelho intenso, úmidas, brilhantes e sem presença de muco;
– O abdômen deve estar fortemente aderido aos ossos e com elasticidade marcante; Odor, sabor e cor: característicos da espécie que se trata.
– O produto deve estar mantido sob refrigeração ou sobre uma espessa camada de gelo.
Saúde
Ele é saboroso, nutritivo e faz muito bem para a saúde. Ainda assim, há quem resista em incluir o peixe na alimentação. Apesar de vivermos em um país com mais de 8 mil quilômetros de praias e outros milhares de quilômetros de rios, o brasileiro consome pouco os pescados.
E motivos para aumentar o consumo de peixes não faltam: ele está relacionado a menores níveis de colesterol ruim, aumento do colesterol bom, beneficiando diretamente a saúde do coração. Além disso, há amplos estudos que indicam que os peixes ajudam a evitar enfermidades como a asma, a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias intestinais.
“Os peixes fornecem uma proteína de excelente valor biológico, de fácil digestão e, ao contrário das outras carnes, não são ricos em gorduras saturadas e possuem menos calorias, podendo auxiliar na perda de peso”, explica a endocrinologista, Andresa Colombo Balestro.
Os peixes também são ricos em vitaminas, cálcio, ferro e selênio. São fontes de cálcio e vitamina D, auxiliando na saúde óssea e prevenindo a osteoporose. Possuem vitaminas do complexo B que fortalecem o sistema nervoso e ajudam no crescimento e bom estado da pele, unhas e visão. Para ter todos esses benefícios, não precisa ter um consumo muito elevado: basta uma porção de 100g, o equivalente a um filé pequeno, duas vezes por semana, de acordo com recomendações da American Heart Association.
Além da tradição litúrgica, a Quaresma e Semana Santa é uma excelente oportunidade de consumir peixe, um produto que tem grandes benefícios à saúde. Comer peixe (pelo menos duas vezes por semana) ajuda a prevenir a anemia e desnutrição.
Os peixes e frutos do mar contêm proteínas de alta qualidade e minerais, ferro, zinco e ácidos graxos como Ômega 3, ajudam no bom desenvolvimento das crianças e fortalece o sistema imunológico.
Em adultos ajuda a prevenir e reduzir o colesterol alto, doenças do coração, promove a regeneração tecidual e cicatrização de feridas. O peixe é muito saudável e de fácil digestão, sua preparação é simples e na maioria das vezes de baixo custo.
Existem inúmeras espécies para todos os orçamentos Cará, sardinha, bacalhau, entre outros.
Simbologia do peixe na Quaresma
Alguns apóstolos de Cristo eram pescadores e os primeiros cristãos já incluíam o peixe entre os símbolos das suas crenças. Antigamente, como sinal de esperança na fé em Jesus, os primeiros cristãos costumavam presentear uns aos outros com peixes.
O acróstico IXTUS, que significa “peixe” em grego, fazia referência a Jesus. As letras representavam as iniciais de “Iesus Xristos Theos Huios Sopter” que quer dizer “Jesus Cristo, Filho de Deus, o Salvador”.
Durante a Quaresma – os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa – os cristãos dedicavam-se ao jejum, para lembrar os quarenta dias de penitência em que Jesus passou no deserto e os sofrimentos que suportou na cruz.
Esse costume foi reduzido para a Sexta Feira da Paixão, onde o alimento principal passou a ser o peixe. Este ato é considerado entre os cristãos como uma homenagem ao episódio da crucificação de Jesus.
Danilo Alves