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Reflexão: Nascer naturalmente!

REFLEXÃO

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Pe. Mundinho, sdn

 “Queremos que as mulheres deem à luz em um ambiente seguro, com profissionais qualificados e em unidades bem equipadas. No entanto, a crescente ‘medicalização’ de processos normais de parto estão minando a capacidade das mulheres de dar à luz, e afetando negativamente sua experiência de parto”, foi a constatação da diretora-geral assistente para família, mulheres, crianças e adolescentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), Nothemba Simelela,.

 A OMS, preocupada com a explosão de cesáreas, publicou nesta quinta-feira (15), novas diretrizes sobre padrões globais de atendimento às mulheres grávidas, com o objetivo de reduzir o uso desnecessário desta intervenção médica.

De acordo com a OMS, 140 milhões de nascimentos ocorrem no mundo a cada ano. A maioria sem complicações. “Ainda assim, nos últimos 20 anos, médicos aumentaram o uso de intervenções que eram destinadas antes apenas para evitar riscos e tratar complicações, com a infusão de oxytocin para acelerar o parto ou cesáreas”, indicou a OMS.

“A crescente medicalização de um processo normal de nascimento está minando a capacidade das mulheres de dar a luz e impactando de forma negativa sua experiência no nascimento”, afirmou Nothemba Simelela, diretora-geral assistente da OMS. Para ela, não há necessidades de receber intervenções adicionais para acelerar o parto se mãe e filho estiverem em boas condições. A entidade alerta que, nos últimos anos, uma “proporção substancial” de grávidas saudáveis foi alvo de pelo menos uma intervenção durante um parto.

A entidade estima que a taxa média mundial de cesáreas seria de 18,6% dos partos. Em 1990, esse índice era de apenas 6%.  Em média, a taxa de cesáreas hoje na Europa é de 25%, contra 15% há 20 anos.  Já nos EUA, a taxa é de 32,8%. No Brasil, os dados de 2016 mostram que 55,6% dos partos no País foram cesáreas, a segunda maior taxa do mundo, superada apenas pela da República Dominicana, com 56%. A OMS alerta que o aumento nas práticas em partos se transformou em uma “epidemia”.

Medidas foram tomadas – na esperança de reverter a situação ou pelo menos frear o aumento de casos, 56 medidas foram anunciadas pela entidade. Elas incluem uma melhor comunicação entre médicos e as mães, permitir que sejam as mulheres que também possam opinar sobre sua administração da dor durante o processo de dilatação e posições para o parto.

Um dos aspectos centrais da recomendação é a de reconhecer que cada parto é “único” e tem um ritmo diferente. Cada grávida, portanto, deve ser informada que não existe um padrão a ser respeitado, ainda que em geral um prazo máximo possa ser estabelecido.

 “A duração do primeiro estágio varia de mulher para mulher e, no caso de um primeiro parto, não se estende além de doze horas”, aponta. “Em fases seguintes, ele não ultrapassa dez horas de trabalho de parto”, explica.

Para reduzir intervenções médicas desnecessárias, a OMS agora alerta que a dilatação cervical precisa ser repensada. O ritmo de 1 cm por hora de dilatação na primeira fase do trabalho de parto – padrão usado para medir o progresso do caso – seria “irrealista” para algumas mulheres e poderia ser “inexato para identificar mulheres sob risco”.

Pelas novas recomendações da OMS, uma taxa de dilatação mais lenta não deve ser um indicador de rotina para determinar se uma intervenção deve ou não ocorrer para acelerar o trabalho de parto.

Recursos para a OMS, as intervenções médicas em trabalhos de parto estão “generalizadas” em muitos países. Mas isso coloca uma pressão extra nos serviços de saúde e aprofundariam ainda mais a disparidade nos tratamentos.

Na avaliação da entidade, uma redução no número de cesáreas desnecessárias liberaria recursos para casos em que o risco é real. Enquanto o número de cesáreas e parto com hora marcada aumenta, a entidade destaca que 830 mulheres morrem diariamente ao dar à luz. “Isso poderia ser evitar com um cuidado de maior qualidade”, aponta.

Na avaliação da agência de saúde da ONU, é o envolvimento da mulher nas decisões do trabalho de parto que poderia mudar essa realidade. Entre as recomendações, a entidade pede que médicos informem as mulheres sobre a duração do parto.  

 

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