Campanha “Acessibilidade na Prática” é lançada em Manhuaçu
Cansados de serem desrespeitados e terem o direito “atropelado”, cadeirantes e familiares decidiram sair às ruas, a fim de chamar a atenção dos motoristas desatentos para uma reflexão sobre os direitos da pessoa com deficiência na instância municipal.
A campanha contou com a participação da guarda mirim (Instituto Caminhar) e Conselho Municipal de Segurança Pública (CONSEP), com a distribuição de panfletos sobre a “Acessibilidade na Prática”. No panfleto há destaque para a “Multa Moral”.
A iniciativa visa conscientizar a sociedade para a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos; promover os direitos humanos; conscientizar a população sobre assuntos de deficiência; celebrar as conquistas da pessoa com deficiência e pensar a inclusão desse segmento na sociedade, para que ele influencie os programas e políticas que o afetem.
As famílias buscam enfatizar os significativos benefícios que a acessibilidade pode trazer, tanto para pessoas com deficiência quanto para a sociedade. Neste sentido, como um dos princípios básicos dos Direitos Humanos, a acessibilidade se insere no contexto mais amplo da promoção da igualdade.
A reportagem conversou com os portadores de deficiência que participaram da campanha de acessibilidade na prática. Para o advogado e integrante do Conselho Municipal de Trânsito, Agnaldo Alves, há muitos motoristas que não respeitam a placa indicando o espaço para o deficiente e idoso. Não se preocupam com aqueles que têm dificuldade para a locomoção na área central e acham ruim quando são chamados a atenção. Ele observa que a falta de conscientização por parte da maioria, aumenta a dificuldade do portador de deficiência física. “A cada dia que saímos e procuramos uma vaga na área privativa, não é possível encontrá-la. Motoristas que usam o nosso espaço, não têm noção da dificuldade que enfrentamos por sermos portadores de deficiência”, cita Agnaldo Alves.
Para Cristiano de Souza, que também é portador de deficiência física, torna-se fundamental a campanha de sensibilização e mobilização da sociedade para a eliminação das barreiras, que impedem as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida de participar efetivamente da vida em sociedade. Cristiano de Souza conta que muitos motoristas não respeitam o deficiente. Lojas também colocam móveis e mesas no espaço, que poderia facilitar a locomoção.
Deficiente, Deane Fagundes sabe bem o que é a busca de uma vaga para estacionar no local destinado. “Nós exigimos mais respeito das pessoas para com o deficiente. É uma necessidade que temos e não privilégio. Alguns quando são chamados a atenção acham ruim, mesmo sabendo que estão invadindo o nosso espaço”, destaca Deane.
Uma das idealizadoras da campanha “Multa Moral”, Priscila Donan, avalia que o primeiro momento foi positivo, porém, mesmo com o alerta dos participantes, alguns ainda estavam estacionando. Priscila Donan explica que a falta de cidadania assusta. Outros não têm sensibilidade para entender a limitação do cadeirante. “O nosso trabalho de conscientização está apenas começando, já que há muitos cadeirantes em Manhuaçu”, detalha Priscila Donan.
Considerando a magnitude e a amplitude da campanha, COMSEP também participou da mobilização em prol dos direitos da pessoa portadora de deficiência. De acordo com o presidente do COMSEP, Flávio Lacerda, a campanha de sensibilização e mobilização da sociedade para a eliminação das barreiras precisa ser contínua. Lacerda lembra ainda que se faz necessária uma fiscalização mais rigorosa, para que os motoristas tenham entendimento ou passem a respeitar o espaço, que possibilite a acessibilidade e amplie o conceito, dignidade para que haja a consolidação e disseminação de valores e respeito aos deficientes físicos.
Eduardo Satil – Tribuna do Leste