Meteorologista explica incidência de chuvas nesse período do ano
A chuva voltou forte e generalizada sobre Minas Gerais em novembro e não deu trégua em dezembro de 2017. Por causa da chuva volumosa, rios começaram a transbordar invadindo cidades e causando muitos prejuízos. A frente fria que chegou no litoral da região Sudeste é responsável pelas chuvas que estão acometendo as regiões da Zona da Mata e no Vale do Rio Doce. Nos últimos quatro anos não se observou a chegada de frentes frias tradicionais (zona de transição entre uma massa de ar quente e outra de ar frio, que geralmente se forma em regiões de grande contraste térmico).
Entretanto, neste ano, os modelos de previsão meteorológica apontavam que as chuvas do mês de dezembro ficariam acima da média histórica, conforme explica o Diretor Regional da Climatempo em Minas Gerais, Ruibran dos Reis. “Historicamente, os meses de novembro, dezembro e janeiro são os mais chuvosos em Minas Gerais, principalmente na região da Zona da Mata, com destaque para o mês de dezembro que é o mais chuvoso. Neste período, a chuva média prevista para a região gira em torno de 280 milímetros, entretanto já choveu em torno de 170 milímetros nos últimos cinco dias, mais de 50% da média histórica para o mês. E, observando que ocorreram chuvas significativas em novembro, o solo se encontra bastante saturado, e os riscos de deslizamentos e inundações tornam-se alto, principalmente com a previsão de chuvas para esta semana”, aponta.
Frente frias e clima
É comum a chegada de frentes frias que provocam as chuvas em Minas durante a primavera e o verão. A massa de ar fria que chegou junto com o mês de dezembro formou-se através da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), fenômeno típico do verão brasileiro, que produz chuva volumosa e persistente por vários dias. O Sudeste do Brasil é uma das Regiões que mais sente a influência deste fenômeno. “As chuvas mais significativas no estado de Minas Gerais normalmente são organizadas por esta zona de convergência, que está atuando mais na Zona da Mata, Vale do Rio Doce e parte da região central do estado, aponta Ruibran do Reis.
O especialista destaca que a região de Manhuaçu possui duas estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca. A pluvial começa em outubro e termina no início de abril e árida vai de meados de abril até o final do mês de setembro. Porém, o aquecimento global tem influenciado diretamente nas mudanças climáticas deixando as chuvas irregulares na Zona da Mata – especialmente Manhuaçu e Manhumirim. Ruibran dos Reis cita o exemplo do mês de fevereiro – que foi bastante chuvoso, em comparação com janeiro e março – meses tradicionalmente chuvosos que apresentaram índices pluviométricos abaixo do normal. Ele ainda lembra que em 2016 só o mês de novembro recebeu índices consideráveis de chuvas”.
Ruibran dos Reis explica como são formadas as frentes frias
Aquecimento Global
A respeito do aquecimento global, o Diretor Regional da Climatempo em Minas Gerais, explica que o fenômeno é real e vem afetando consideravelmente as condições climáticas do planeta, incluindo a região da Zona da Mata de Minas. “A temperatura do planeta subiu 1º Celsius desde 1880 quando começaram a medir a temperatura no mundo”. O número é significativo porque considera a temperatura medida em todo o planeta, inclusive nos gélidos polos e, “por isso a humanidade acaba de chegar ao meio de um caminho considerado sem volta rumo a mudanças climáticas de grande impacto”, enfatiza Ruibran do Reis.
Ruibran diz que o aquecimento global influencia nas mudanças do clima
O especialista reitera que as chuvas intermitentes, que caiam durante vários dias seguidos acabaram, e o que presenciamos atualmente são temporais – como o ocorrido em Dom Corrêa, no dia 04/12, devido à grande disponibilidade de calor que gera nuvens chamadas de cumulonimbus – nuvens que têm uma base entre mil e duzentos metros de altura e o topo podem chegar até de 17 quilômetros. Elas causam grande temporais e chuvas de forte intensidade em curto espaço de tempo que acabam provocando fortes enxurradas, inundações e rajadas de vento acima de 160 km/h.
Ruibran do Reis destaca que o primeiro grande compromisso de toda a comunidade internacional na luta contra as alterações climáticas é o Protocolo de Paris, assinado em dezembro de 2015, durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) em Paris por 195 países, mais a União Europeia (UE), com exceção dos Estados Unidos. “Um dos pontos principais do acordo alcançado é que a comunidade internacional comprometeu-se a limitar a subida da temperatura bem abaixo dos 2 graus centígrados e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius”, finaliza.
Danilo Alves – Tribuna do Leste