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Cantinho do produtor: Em muitos casos, uso do esqueletamento não tem zerado a produção

Programar a produção de café de uma lavoura através da poda de sua ramagem, que leva a zerar a safra em seguida, é uma prática útil para evitar colheita de safras muito baixas, antieconômicas, coincidindo apenas safras altas. Porém, isso tem sido difícil, sobrando sempre frutos que causam problemas.                       

A poda de esqueletamento ou desponte tem sido muito usado na cafeicultura brasileira pelas suas vantagens de promover a renovação da ramagem produtiva dos cafeeiros, com pouca perda de produção, pois as plantas se recuperam bem e dois anos após dão uma safra alta, gerando economia nos tratos e na colheita da lavoura.

Além disso, a poda de esqueletamento, ao cortar a ramagem lateral das plantas, é uma forma de programar a safra, pois sendo feita após uma safra alta, evita a safra baixa seguinte, voltando, novamente a produzir apenas na alta safra.

Na prática, o uso do esqueletamento tem gerado problemas, já que, em muitos casos, não tem conseguido zerar a produção de frutos nos cafeeiros. Isso se dá devido ao corte da ramagem ter sido adotado mais distante do tronco, gerando uma maior safra pela maior quantidade de novas brotações de ramos laterais, tipo de poda chamada de desponte. Segundo porque, na lavoura, muitas plantas desencontram suas safras, encontrando-se em ciclos trocados, ou seja, iriam produzir bem.

A pequena frutificação que ocorre no ano seguinte ao esqueletamento pode levar a produções de 2-5 sacas/hectare, cuja colheita seria de altíssimo custo. Assim, deixados estes frutos nas plantas, eles acabam sendo fonte para a multiplicação da Broca-do-Café.

Diante dessa situação, o que fazer, então?

Uma saída seria contar com hormônios para abortar essa florada/frutificação, porém no momento, isso não é possível. Outra saída, sempre que viável, seria cortar mais curto os ramos, tornando a frutificação praticamente zerada. Outra alternativa seria colocar alguém, nem que seja por conta da produção obtida, para colher esse pouco café, e, no caso de algumas plantas mais carregadas, salteadas na lavoura, essa colheita até compensa.

Por último, caso seja verificado ataque significativo de Broca, a solução seria aplicar um inseticida evitando a proliferação do inseto. Uma idéia nova, que vem à mente, seria a de aplicar algum produto que matasse os botões ou os frutinhos. Poderia ser um herbicida de contato ou uma solução salina. Porém, nesse tratamento, a limitação existente é que os tecidos da parte reprodutiva do cafeeiro teriam sensibilidade semelhante àqueles da parte vegetativa, assim seria difícil atuar apenas sobre a reprodução, sem afetar a vegetação.

Ficam evidentes as dificuldades e existem possíveis soluções ao problema. Em cada caso deve ser adotada a melhor alternativa. O mais comum tem sido largar pra lá o pouco café produzido no primeiro ano pós-esqueletamento. Os frutos acabam caindo no chão, estes não sendo o problema maior para a Broca, pois acabam apodrecendo. Os que permanecem na planta, estes sim, vão constituir focos para o ataque da praga na safra seguinte. Uma das saídas, nesse caso, seria aplicar uma pulverização inseticida contra Broca mais cedo, até certo ponto preventiva, no ano de safra alta.

Fonte: J.B. Matiello e S.R. Almeida- Engs Agrs Fundação Procafé e J. de Carli – Bolsista da UNIS na Fundação Procafé.

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