Cantinho do produtor: Chuvas não farão com que o Brasil tenha uma safra excepcional em 2018
Os operadores em Nova Iorque aproveitaram a chegada de chuvas sobre os cafezais do sudeste brasileiro para derrubarem mais 640 pontos nos contratos de café com vencimento em dezembro próximo na ICE. É monótono repetirmos, mas estas chuvas que estão chegando podem diminuir parte das perdas, mas não farão com que o Brasil venha a ter uma safra excepcional em 2018.
Até o momento, o volume das precipitações foi pequeno e a previsão é de uma quantidade maior de chuvas nos últimos 15 dias. Com grande volume de recursos e programas de última geração, esses fundos comandam as operações nas bolsas, sempre olhando para os resultados em curto prazo.
No mercado físico brasileiro, os compradores repassaram para suas ofertas as quedas na ICE e o resultado foi um mercado ainda mais retraído, com número baixo de negócios fechados. Esses negócios são sempre em lotes pequenos para resolver problemas de curto prazo do cafeicultor, que mostra muita preocupação com o estado geral dos cafezais.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, disse que o consumo de café no Brasil pode crescer de 3% a 3,5% este ano e alcançar 22 milhões de sacas. E mesmo num cenário menos otimista, a Abic espera avanço no consumo de café. No ano passado, auge desta enorme crise econômica, a demanda no mercado interno cresceu de 1% a 2%, para 21,2 milhões de sacas entre café torrado e solúvel (VALOR Econômico).
Pelo ritmo dos embarques de café, o volume total de nossas vendas para o exterior em setembro não deverão ficar muito acima das de agosto, portanto, bem abaixo da média para setembro nos últimos anos.
Se considerarmos um consumo interno de 21 milhões de sacas neste ano safra, não adicionando o aumento projetado pela Abic e uma exportação de 33 milhões de sacas (média de 2,75 milhões por mês), chegaremos a um desaparecimento de 54 milhões de sacas neste ano safra. Sem estoques governamentais e com seguidos problemas climáticos que foram forçando o mercado a se utilizar mais de cafés de safras remanescentes, não parece possível que possamos ter um desempenho nas exportações muito acima das 33 milhões de sacas. A probabilidade maior é que fiquemos abaixo deste número.
Fonte: Escritório Carvalhaes e site CaféPoint.