Instituição elabora perfil socioeconômico de Manhuaçu
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) divulgou uma pesquisa sobre o Perfil Socioeconômico de Manhuaçu, no ano de 2017. Em conjunto com o Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e os sindicatos da capital e do interior, a instituição levantou dados que analisam o município, sob a ótica social, econômica, populacional, tributária e produtiva. Os resultados têm por objetivo conscientizar os representantes de entidades municipais e a sociedade de forma geral a obterem informações do real cenário no qual a cidade se encontra inserida, e, dentro deste contexto, traçar ações de melhorias nos campos sociais e econômicos e até mesmo subsidiar reivindicações junto ao poder público.
Para o coordenador do Departamento de Economia da Fecomércio, Guilherme Almeida, o período de crise que iniciou a partir do segundo trimestre de 2014 afetou de forma generalizada as economias. Entretanto, a forma diferenciada com que cada setor é afetado depende da potencialidade de cada segmento na região aonde ele se encontra. “Manhuaçu, justamente por seu perfil e pelos investimentos já realizados, possui um forte setor primário, baseado na agricultura. E observamos que o setor terciário, que engloba o comércio de bens e serviços, gira ao redor desse setor primário. A cadeia produtiva da agricultura é muito forte no município, e de certa forma esse setor apresentou certa resistência no período de crise. Não é que passou ilesa ao momento turbulento. A crise influenciou em dados relacionados ao emprego e a renda nos diversos setores, mas comparativamente aos demais, a cadeia ligada ao setor da agropecuária se sobressaiu nesse cenário de crise”.
Ouça a entrevista com o coordenador do Departamento de Economia da Fecomércio:
Guilherme enfatiza que a influência da crise no cenário econômico, que começou em meados de 2014, ainda persiste de certa forma, principalmente nos dados de geração de postos de trabalhos, porém a agricultura se mostra o carro chefe do setor econômico municipal. “Quando acessamos os dados de Manhuaçu obtidos no Ministério do Trabalho, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que mostra o saldo entre admitidos e desligados mês a mês em cada município do Brasil, observamos que o setor da agropecuária tem se sobressaído, principalmente no primeiro semestre de 2017, em detrimento aos outros setores da cidade. Quando analisamos o comércio no período de janeiro a junho deste ano, percebemos que foram fechados 124 postos de trabalho em Manhuaçu. Porém, foram criados 645 novos postos de trabalho no mesmo período. De certa forma, é um campo que apresenta um potencial na região e é justamente um forte fornecedor de emprego e renda”, analisa.
Atividade econômica
O Produto Interno Bruto (PIB) de Manhuaçu em 2014 chegou a R$1,827 milhões (1151,6% em relação a 2013), ficando em 3° lugar no ranking do PIB dos municípios por região de planejamento, respondendo por 4,6% do PIB total da região da zona da mata. No ranking de Minas Gerais, Manhuaçu ficou em 52° lugar. O coordenador do Departamento de Economia da Fecomércio explica que as informações levantadas pela Fundação João Pinheiro – Instituição responsável por datar e mensurar a atividade econômica em Minas Gerais, precedem a crise, ou seja, foram mensuradas em meados de 2014, e desde então, não existe dados oficiais durante o período de recessão. “Em 2014 nós ainda estávamos entrando no período da crise econômica. Logo após, não traduzimos em dados oficiais os impactos que ela gerou na atividade econômica da região. Porém, pegando os dados que vão até 2014, observamos um crescimento em todas as atividades econômicas: agropecuária, setor secundário da indústria, e no setor de serviços. E a área que apresentou maior magnitude em termos de crescimento foi a agropecuária. A cidade de Ubá teve uma combinação de crescimento em dois setores importantes, que acabaram sobressaindo em percentuais maiores do que Manhuaçu, que acabou perdendo a segunda colocação no PIB da região da zona da mata. Vale ressaltar que não temos dados oficiais do período pós crise, somente até 2014, ano em que o Manhuaçu apresentava crescimento em seu Produto Interno Bruto”, esclarece.
Índice de Desenvolvimento Humano
O último indicador em análise é o do desenvolvimento humano (IDH). Este tem como base o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). No Brasil é organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pela Fundação João Pinheiro, com base nos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Guilherme Almeida explica que o IDH do município é comparado com os índices do Brasil e de Minas Gerais, para que se obtenha um parâmetro de como Manhuaçu se encontra diante aos quesitos nacionais e estaduais. “Verificamos que em todos os componentes de Índice de Desenvolvimento Humano, seja o IDH renda ou longevidade, que está atrelado a questão da saúde, expectativa de vida, qualidade de vida da população e também da educação, observamos um crescimento em todos esse índice. Ocorre que o IDH é verificado a cada dez anos, então os dados mais recentes compreendem 2000 e 2010. Quando pegamos a variação percentual desta década observamos que apesar desse crescimento em todas as esferas, o percentual de Manhuaçu se mostrou inferior ao estadual e nacional. Por isso, o município ainda apresenta um certo retrocesso em alguns campos, principalmente quando é relacionado ao IDH educação, que foi de 0,5 pontos. Lembrando que esse índice mede o nível de educação, longevidade e renda tendo como valor para análise entre 0 a 1, dividido em intervalos, isto é, quanto mais próximo de 0, menor o IDH e quanto mais perto de 1, maior o IDH. No intervalo de 0 a 0,499 diz-se que existe desenvolvimento humano baixo, entre 0,500 a 0,799 médio e acima de 0,800 é considerado alto”, informa o coordenador do Departamento de Economia da Fecomércio, Guilherme Almeida.
Danilo Alves – Tribuna do Leste