Reflexão: A religiosa Manhumirim e o Bom Jesus!
Pe. Mundinho, sdn
A paróquia de Manhumirim celebra nestes dias o Centenário do Jubileu do Senhor Bom Jesus. Há um século que no majestoso templo da igreja e na cidade acolhem-se os fiéis, do lugar e da região, para a celebração dos festejos em honra ao Bom Jesus.
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É uma festa em que se articulam o culto religioso, a movimentação social dos shows, barraquinhas, apresentações e o encontro das pessoas em torno do evento. Como em outros centros religiosos, mobiliza-se a paróquia com uma programação especial para atender os fiéis que chegam para as orações, a visita ao Bom Jesus, a frequência ao confessionário para o sacramento da Reconciliação e às celebrações.
O Jubileu ganhou, em tempos passados, a animação e dinamização do missionário belga, Pe. Júlio Maria De Lombaerde, que chegou à cidade no final da década de 20 (1928). O missionário ao perceber a frequência dos fiéis com suas devoções e o desejo de alimentar a fé, passou a dar maior atenção ao evento religioso. Não perdeu tempo, mobilizou o templo, facilitou a disponibilidade para o atendimento das confissões, celebrou missas, pregou com entusiasmo a catequese e o ensino doutrinal, atraiu multidões e deixou uma marca profunda no universo religioso no povo da região. Hoje os Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora dão continuidade ao exercício da fé com as práticas religiosas, com a assistência espiritual, com a doutrinação, com o incentivo para a manifestação do amor ao Senhor Bom Jesus.
Este ano o Jubileu está enriquecido com a elevação da Igreja Matriz à condição de Santuário, o que rende aos fiéis a possibilidade de alcançar as indulgências plenárias, se acompanhadas das práticas sacramentais exigidas pela Igreja. Ainda, anima mais com o processo de beatificação do Servo de Deus, Pe. Júlio Maria De Lombaerde ter sido conduzido à segunda fase, passando da diocesana para a Santa Sé.
Devoção ao Senhor Bom Jesus
A devoção ao Senhor Bom Jesus foi trazida de Portugal pelos colonos que se transferiram para o Brasil. Os primeiros vestígios do culto ao nosso Senhor Bom Jesus, no Brasil, remonta o século XVII, se organizando junto com os primeiros lugarejos que se tornaram cidades importantes. A imagem venerada na Basílica do Senhor Bom Jesus, na cidade paulista de Tremembé, é certamente a mais antiga de que se tem conhecimento no Brasil. Ela foi benta em 1663. No país ele é o titular de mais de 200 igrejas, algumas delas basílicas ou santuários nacionalmente conhecidos e frequentados, como a de Congonhas do Campo, ao do Bom Jesus da Lapa, Bahia, a do Bom Jesus e Pirapora, São Paulo (além do Manhumirim, Matozinhos, Liberdade, em Minas Gerais).
A devoção ao Bom Jesus, dentro da perspectiva popular, é centrada no mistério da Paixão e Morte de Cristo focando sobre os quatro eventos: a Coroação de Espinhos e a Flagelação de Cristo, o Caminho doloroso do Calvário, a Morte na Cruz e por último o seu sepultamento. As imagens de Cristo Padecente infundem na alma serenidade e convidam a uma ilimitada confiança na bondade infinita de Deus.
Conteúdo teológico e espiritual
Segundo o historiador da Igreja, Riolando Azzi (in Um aspecto da evolução da Teologia e da Espiritualidade católica no Brasil), “o tema da Paixão e Morte de Cristo é fundamental na fé católica. No elenco sintético das principais verdades da fé, se afirma a crença em Jesus Cristo, o qual “padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado”. Mediante seus sofrimentos e sua morte. Cristo abriu para a humanidade as portas da salvação.
Toda a espiritualidade da devoção ao Bom Jesus gira ao redor dos temas: Paixão e Compaixão. Cristo não é apenas um sofredor da paixão, mas através dela manifesta a sua compaixão pelo povo. A espiritualidade católica tradicional também se desdobra nessas duas dimensões: de um lado aceitar pacientemente o sofrimento, a paixão da vida terrena, e por outro manter sempre uma atitude compassiva para com o sofrimento alheio ou seja, a solidariedade nos momentos de dor e aflição.