Reflexão: Setembro Amarelo
Pe. Mundinho, sdn
Alguns acontecimentos marcam o mês de setembro para nós brasileiros, tais como o mês da primavera, o mês das noivas, na Igreja, o mês da Bíblia. Um outro significado apareceu a partir de 2014: Setembro Amarelo que constitui em uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.
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O mundo moderno nos oferece muitos valores, mas também apresenta situações embaraçosas, difíceis. Uma delas é o grande número de gente que padece com o stress, em decorrência a depressão. As coisas materiais não dão a resposta devida ou desejada aos anseios do ser humano que busca algo mais para sua existência. De repente, o grande dom que recebemos de Deus, a vida, passa a ser um peso difícil de ser carregado. A opção: suicídio! Não é a solução. Não resolve!
Estudiosos se debruçam sobre o fato e, para alguns, o suicídio constitui uma patologia. Segundo estudo realizado pelo Professor Felipe de Souza “a frequência do suicídio entre as patologias é bastante variável; por exemplo, a depressão pode ser responsável por 45% a 70% dos suicídios. Quase 95% dos pacientes que cometem suicídio têm doença mental diagnosticada, (Kaplan e cols, 1997). Muitos peritos no assunto acreditam que a maioria dos suicídios são compulsivos e irracionais. Aqueles que tiram a própria vida, estão emocionalmente perturbados e agem compulsivamente ou então a percepção da realidade é tão distorcida pela angústia que a liberdade de escolha praticamente não existe (Goulart, 1995)”.
A Organização Mundial da Saúde (1994) adverte que o suicídio ocupa o terceiro lugar entre as principais causas de morte no mundo. Ocorre tanto nas populações dos grandes centros como também naquelas das pequenas comunidades, na zona rural, estendendo-se até às reservas indígenas.
Historicamente o suicídio sempre foi condenado, visto como uma falta. Na Antiga Grécia, um indivíduo não podia se suicidar sem prévio consenso da comunidade porque o suicídio constituía um atentado contra a estrutura comunitária, ele seria considerado um transgressor da lei da polis. O suicídio era condenado política ou juridicamente. Eram recusadas as honras de sepultura tradicional ao suicidado e a mão do cadáver era amputada e enterrada a parte. Por sua vez, o Estado tinha poder para vetar ou autorizar um suicídio, bem como induzi-lo (Tota e cols, 1994)
Por vários séculos, a Igreja não teve uma posição específica sobre o assunto. De fato, os primeiros cristãos suicidavam-se em grande número por razões religiosas. Santo Agostinho e mais tarde São Tomás de Aquino definiram a posição da Igreja, vendo o suicídio como algo pecaminoso, como algo moralmente mau, sendo uma transgressão do mandamento “não matarás”. A Igreja recusava aos suicidas os ritos funerais e enterros. Normas proibindo suicídio tem sido fortes no catolicismo, protestantismo, judaísmo e islamismo. Somente as religiões orientais são mais tolerantes no assunto (Goulart, 1995). Na Idade Média cristã, o suicídio foi condenado teologicamente.
Para os cristãos prevalece o dado imoral do suicídio, constitui um pecado, cabendo a Deus o julgamento de salvação ou condenação. No entanto a Igreja, especialista em humanismo, acolhe com carinho os familiares, longe de um julgamento repentino, confia na misericórdia divina que acolhe, ampara e consola a todos.
Nossa posição é definidamente contra o suicídio. Aprovamos e apoiamos a campanha do SETEMBRO AMARELO, de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Não queremos que ninguém sinta a vida como um peso sufocante a ponto de extingui-la, desejamos sim, que todos sejam felizes, amem viver, tenham preenchido seus corações de inspirações sadias, realizadoras e estejam sempre de bem com a vida!
Assim só podemos cantar com o Gonzaguinha:
O Que É, o Que É?
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede…