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Reflexão: Paternidade, dom e doação

Pe. Mundinho, sdn

No segundo domingo de agosto celebra-se o Dia dos Pais. Data que remete para a reflexão da paternidade como dom que os homens recebem, mas também como doação a que são chamados a se entregar de corpo e alma no acompanhamento e desenvolvimento dos filhos.

Ouça também a reflexão sobre o Dia dos Pais feita por Pe. Mundinho:

 

Dom, algo que nasce com o ser humano, uma espécie de impulso, de natural constituição do ser humano. Doação, qualidade e virtude, que precisa ser exercitada, que tem de passar pelo aprendizado, concluir etapas, que exige educação, mudança de hábitos, mas que pode crescer até à realização. À medida em que se entrega movido pelo carinho e amor, afeição e dedicação a história se transforma.

Na literatura, o romance de Cristóvão Tezza “O Filho eterno” foi encenado no teatro e acabou por se tornar filme. A película projetada na semana passada na TV apresenta o artista Marcos Veras vivendo o drama de Roberto, personagem do pai, na expectativa pela chegada do primeiro filho.

Roberto, que é escritor, vê a chegada do filho com esperança e como um ponto de partida para uma mudança completa de vida. Mas toda a áurea de alegria dos pais é transformada em incerteza e medo com a descoberta de que Fabrício, o bebê, é portador da Síndrome de Down. A insatisfação e a vergonha tomam conta do pai, que terá de enfrentar muitos desafios para encontrar o verdadeiro significado da paternidade.

O longa do diretor Paulo Machline, vira então um estudo sobre esta relação entre Roberto e o menino que considera “defeituoso”. Estamos nos anos 80, época pré-internet, de muito menos informação e muito mais preconceito. “O poder das escolhas tem um peso”, expressa angustiado o pai, em determinado momento do filme.

Ele foi obrigado a recompor sua vida. Da embriaguez da não aceitação, na tentativa de fuga, busca outro “amor”, escondido nos versos de sua poesia, se vê obrigado a encarar a verdade de um filho que não está nem aí para o drama do pai. O garoto de sorriso ingênuo, de teimosia de criança, mas cheio de amor, tramita em outro universo.

Ser pai é isto! Um pouco disto! Viver emoções, aceitar quebras de expectativas, recompor o universo afetivo, encarar a realidade dura e crua e, ao final entender e compreender que a vida nos oferece outros rumos, outros caminhos, mas nos levam à realização plena.

Cada pai tem uma expectativa. Sonha com o filho, tem a audácia de planejar, ainda que em seu interior, o futuro da criança. Quantas decepções, quantas frustrações quando a realidade apresenta outros cenários. O filho tem seu mundo, sua liberdade, seus anseios e desejos que nem sempre coincidem com os planos racionais e meticulosos do pai. Saber conduzir, permitir e defender, corrigir e respeitar, são atitudes que nunca deverão faltar aos pais.

Neste mundo da pós-modernidade, quando os filhos convivem com uma inúmera série de informações (formações ou deformações), tão divergentes e contrárias dos pais, torna-se difícil e tensa a relação pai-filho. Mas não é suficiente impedimento para se realizar a vocação paterna que conduz à felicidade maior a quem envereda neste caminho de vida, de amor e de dedicação – dom e doação.

Desejamos aos Pais muita alegria, doação e felicidade, prazer e realização. Deus abençoe a todos!

Feliz Dia dos Pais!

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