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Técnico da EMATER fala da influência climática na produção cafeeira do leste mineiro

Existe uma ampla relação entre clima e agricultura no espaço rural. Isso acontece porque as práticas agrícolas são extremamente dependentes das variações de fatores atmosféricos como quantidade de chuva, a temperatura e outros elementos que interferem na produção das lavouras.

Alguns tipos de cafés são mais propícios a serem cultivados em regiões que apresentam os tipos climáticos mais adequados para a sua manutenção.

Neste ano, apesar de um inverno rigoroso, a previsão é de que a colheita de café seja melhor do que em 2016.

O coordenador técnico da EMATER-MG, Paulo Roberto Vieira destaca o trabalho nas lavouras nessa época do ano. “O clima na nossa região não traz tanto problema na condução da lavoura de café. A não ser na colheita que vai prejudicar o apanhador que vai sofrer mais com isso, então prejudica na panha. E nas partes mais altas, o que pode acontecer é retardar um pouco mais a maturação do café, mas não chega a ser um prejuízo assim tão grande, porque quanto mais ele atrasa mais ele vai ficar doce”, explica.

Para José Roberto, quem deve se preocupar com as geadas são regiões mais altas, como Alto Caparaó e Caparaó, bem no Pico da Bandeira. “Nesses locais pode acontecer uma geada leve, e se for vai ser em casos excepcionais”, diz.

O técnico da EMATER explica que quanto mais alta a altitude, mas demorada é a maturação. Mas, em contrapartida, mais doce o café fica. “O café tem uma fase de maturação. Ele leva de 210 a 270 dias, quanto maior a altitude, mais ele amadurece e mais demora a madurecer também. Por isso que os café de altitude tem uma qualidade melhor do que os das partes mais baixas. Não significa que nas partes mais baixas os café não produzam qualidade, ele produz sim. Mas a maturação é diferenciada. Tem região que nem começou a colheita ainda, porque o café não está no ponto de maturação. E as altitudes mais altas favorecem a qualidade do café, porque a maturação ocorre mais devagar”, detalha José Roberto.

Sobre o controle de doenças e pragas nas produções cafeeiras da região das Matas de Minas, o técnico da EMATER diz que elas estão controladas, mas destaca que a ferrugem é a mais preocupante. “O que nós nos preocupamos aqui em temos de sanidade do café é a doença, a ferrugem. E de praga, é broca, que acontece por volta dezembro e janeiro. Por questão de cuidados, recomendamos o controle cultural. Ou seja, fazer uma boa colheita, fazer um replante assim que terminar a panha, e retirar todo o café do chão.  Daí nós quebramos o ciclo de produção da broca. É o controle mais barato. E a outra coisa que nos preocupa é a ferrugem, principalmente nas áreas mais baixas. Ela é séria. Se não houver um controle bem feito tanto cultural, quanto com nutrição e químico, a ferrugem é a principal causa que afeta a produtividade”, destaca.

Para prevenir as pragas e doenças nas lavouras de café, o coordenador indica fazer, inicialmente, um bom controle nutricional da lavoura, com uma adubação bem feita e fortificada, além de fazer o monitoramento da lavoura a partir de setembro/outubro sobre presença de ferrugem, e garantir o controle preventivo usando micro-organismos, e fazendo aplicações com cobre. “E continuar fazendo os controles, principalmente nas regiões de menos de 800 metros de altitude porque a ferrugem mudou um pouco a época dela com a mudança climática. Os produtores tem que ficar atentos a isso. Nas altitudes acima de 900 metros, a pulverização preventiva já resolva problema”, conclui.

Livia Ciccarini – Tribuna do Leste

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