Semana Meio Ambiente: mais que comemorar é momento de refletir
Em uma região cercada por riquezas naturais, refletir sobre essa data é de suma importância para entender como o trabalho de proteção e conscientização está sendo realizado. Afinal, ninguém melhor do que os habitantes locais para preservar e defender o que de mais valioso existe em seu território. No entanto, cuidar do meio ambiente é uma tarefa árdua que exige esforços de segmentos diversos e apoio popular.
Quarenta e cinco anos após primeira conferência da ONU sobre meio ambiente, em 05 de junho de 1972, há o que comemorar quando o assunto é preservação do meio ambiente em nossa região? Para o ambientalista e presidente da Associação dos Amigos do Meio Ambiente (AMA), Eduardo Bazém em alguns pontos houve avanço, mas poderia estar melhor. Segundo ele, o município e a região têm potencial para tal. “Nossa cidade é uma capital regional onde tudo e todos convergem naturalmente para ela. Serviços, comércio, faculdades, o café, aeroporto, e outros aspectos a tornam atrativa por sua economia privilegiada. Mas precisamos ser referência em quesitos básicos que aumentem o Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH) e melhorem a qualidade de vida da população. Penso que só ter um PIB alto é muito pouco”, enfatiza.
Desafios regionais
De acordo com Eduardo Bazém os desafios ambientais do município não podem ser prorrogados. Ele cita como exemplo o local onde os resíduos sólidos são depositados, principalmente por estar em área urbana e saturado. “Além disso, o maior anseio dos manhuaçuenses na área ambiental é o tratamento do esgoto lançado no Rio Manhuaçu. Também, recentemente reivindicamos a participação do município na criação de um Parque Municipal em uma área de 8,0 hectares entre os bairros Pinheiro e Matinha decretada como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em 2003. A proposta é torná-la de visitação pública, e seria uma boa opção de lazer para as pessoas”, lembra Eduardo Bazém.
Outra preocupação apontada pelo ambientalista é com relação ao Manancial de Manhuaçuzinho, principal fonte de captação de água. Com as mudanças climáticas e períodos longos de estiagem, preservar o espaço onde estão as minas que formam o manancial é de vital importância para garantir a sustentabilidade. Bazém acredita que a região carece de mais investimento e atenção. “A captação de água no córrego Manhuaçuzinho iniciou na década de 80 quando o prefeito era o saudoso Camillo Nacif. Trinta e sete anos se passaram e nossa sociedade não faz outra coisa senão “sugar” da natureza. E eu gosto de falar que ela (a natureza) não envia boleto de cobrança, mas é implacável quando cobra. E na referida micro bacia é necessário que se façam estudos e ações urgentes para sua revitalização”, salienta.
Bons exemplos
Embora desafios existam, alguns projetos de proteção a reservas têm sido realizados. O ambientalista cita como exemplo a Reserva da Pedra Dourada em Luisburgo, onde com o incentivo das Fazendas Klem, em parceria com a Associação dos Amigos do Meio Ambiente (AMA), Prefeitura, Câmara de Vereadores e envolvimento da comunidade, muito tem sido feito mesmo com poucos recursos. “Os trabalhos têm obtido bons resultados e a expectativa é que brevemente seja criada uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Recentemente foi implantada uma Base de Campo para Pesquisas na Mata Atlântica e Educação Ambiental” exemplifica.
O outro caso destacado é o trabalho de pesquisa científica realizado da Mata do Sossego, em Simonésia. “É coordenado pelos biólogos Theo Anderson e Fernanda Tabacow que fazem o monitoramento de macacos muriquis e outros animais que lá habitam além de uma constante vigia a integridade da floresta”. Já em Manhumirim, ele cita o Parque Sagui da Serra, que é bastante preservado e tem atraído muitos visitantes. “Mas vale lembrar que existem outros pequenos fragmentos da Mata Atlântica que são tão importantes quanto áreas maiores porque compõe os chamados corredores ecológicos”, destaca.
Faça sua parte
A responsabilidade social tem sido um dos grandes temas discutidos pela sociedade. Empresas, entidades assistenciais, ONGs e organizações comunitárias todas têm mesma responsabilidade quando o assunto é cuidar dos recursos naturais.
O ambientalista diz que a participação de cada um é de extrema importância para garantir a vida atual e das próximas gerações. “Além de cobrar de nossos representantes, podemos fazer algo pelo meio ambiente, e pequenos gestos trazem muito resultado no dia a dia. Devemos nos preocupar em estabelecer uma nova postura com mais harmonia entre consumidores e natureza. Passa pelo compromisso das pessoas em reduzir, reaproveitar e reciclar. Digna dos dias atuais”, finaliza.
Leonardo Medeiros / Livia Ciccarini – Tribuna do Leste