Pe. José Raimundo (Mundinho)

REFLEXÃO – Alguém me tocou

 

Os Evangelhos narram as várias intervenções de Jesus na vida dos enfermos, dos coxos, dos paralíticos, dos cegos. Ele não resistia aos apelos, às amarguras dos doentes e acabava por realizar alguma cura, transmitindo a eles, novamente, a vontade e a alegria de viver. Certa vez, fez questão de manifestar que alguém o tinha tocado. Ele queria fazer algo mais para aquela pessoa que acreditou na sua força (Mt 5,25-34). Ao identificar a mulher lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada desse sofrimento”.

O “tocar” em Jesus transformou a vida daquela mulher. Não só a doença foi afugentada, mas a dignidade foi resgatada. Ela pode caminhar livre, com saúde e gozar das benesses da vida.

Hoje, como grande desenvolvimento da medicina e da indústria farmacêutica, com medicamentos fantásticos, aplicações e tratamentos especializados, muitos ainda padecem com a dura realidade do câncer. Para a medicina oncológica, prevalece o ideal do tratamento: oferecer uma “melhor qualidade de vida” para o paciente.

Os cientistas estão à procura da cura definitiva. Tratamentos preventivos têm ocupados os responsáveis pela saúde. Há a possibilidade de se diagnosticar a doença ainda nos inícios e debelá-la em definitivo. Mas qualquer descuido pode se tornar fatal.

Grupos e instituições formaram-se em vista de dar apoio e solidariedade aos acometidos pelo mal. A União Internacional de Controle do Câncer (UICC) criou o Dia Mundial do Câncer para reforçar a importância de adoção de hábitos saudáveis, atitudes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, fundamentais para o controle da doença.

Mais do que uma data, é um movimento global que une a população do mundo inteiro na luta contra o câncer com o objetivo de salvar vidas através da sensibilização e educação sobre as atitudes de prevenção da doença.

Campanhas são promovidas. Iniciativas diversas são realizadas durante o ano todo para marcar o cuidado com os pacientes. São registrados gestos maravilhosos de solidariedade, de caridade, de fraternidade,  de crer que compartilhar conhecimento e ajuda é tão importante para a saúde.

“Alguém me tocou”, constatava Jesus no Evangelho. Torna-se necessário “tocar” em Jesus, na pessoa do irmão ou da irmã que sofre para reanimá-la na fé e na vida. Acima da doença está a pessoa humana que merece todo nosso respeito e carinho. Não podemos deixar de apontar os que se debruçaram sobre o problema deste mal para oferecer alívio aos necessitados. Familiares, parentes e amigos, vizinhos e profissionais, gente de bom coração se dedicam nos cuidados dos irmãos e irmãs cancerosos. Cito aqui duas instituições que cuidam dos enfermos cancerosos: o Hospital do Câncer de Muriaé-MG e o Hospital de Câncer de Barretos – SP. Iniciativa pessoal, privada, que se empenhou na criação e sustentação destas instituições para atender o público da região e de outras partes do Brasil. Nosso louvor e gratidão a estes que se empenham nesta missão.

HOSPITAL DO CÂNCER DE MURIAÉ da Fundação Cristiano Varella

A Instituição localizada às margens da Rodovia BR-116 em Muriaé/MG, foi constituída em 04 de setembro de 1995, para atender os pacientes vítimas do câncer. O Hospital faz parte da Fundação Cristiano Varella, idealizada pelo empresário e político Lael Vieira Varella, para eternizar a memória do seu saudoso filho, que, aos 22 anos de idade, faleceu tragicamente vítima de um acidente automobilístico no dia 03 de outubro de 1994.

Atualmente, atende a mais de duzentos e sessenta municípios de Minas Gerais e ainda de outros estados, com uma abrangência populacional de mais de quatro milhões de habitantes. Hoje se mantém através dos recursos gerados pelos serviços prestados, sendo 92% de assistência ao SUS, além de doações e recursos públicos.

O Hospital é considerado de médio porte, com o total de 146 leitos ativos e 5 salas cirúrgicas. Conta ainda com um total 48 (quarenta e oito) leitos de quimioterapia ambulatorial, 3 (três) salas de radioterapia, ampla estrutura de consultórios, além de diversos serviços de diagnóstico.

A instituição oferece à população uma série de serviços que vão além do tratamento oncológico. No campo da prevenção a instituição utiliza um ônibus consultório para realizar campanhas na região, visando à promoção da informação e o diagnóstico precoce da doença, prevenção primária e secundária. O hospital conta ainda com a Casa de Apoio, inaugurada em 2006, para o acolhimento de pessoas de localidades distantes que vêm em busca de tratamento e permanecem hospedadas gratuitamente. Possui 138 (cento e trinta e oito) leitos para atendimento com suporte de uma equipe especializada e multiprofissional além de todos os serviços de hospedagem e 5 (cinco) refeições diárias.

 

HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS da Fundação Pio XII

O hospital, especializado no tratamento de câncer, foi idealizado na década de 60 para atender os inúmeros pacientes que apareciam no Hospital São Judas de Barretos com a doença, em sua maioria, previdenciários de baixa renda, com alto índice de analfabetismo. Em 27 de novembro de 1967, foi instituída a Fundação Pio XII pelo Dr. Décio Pacheco Pedroso, diretor do INPS, para atender pacientes portadores de câncer e que tinham dificuldades de buscar tratamento na capital, por falta de recursos e receio das grandes cidades, além da imprevisibilidade de vaga para internação.

No ano de 1989, Henrique Prata, filho do casal de médicos fundadores do hospital, abraça a ideia do pai e com a ajuda de fazendeiros da cidade e da região realiza mais uma parte do projeto.

O projeto se mantém com a ajuda da comunidade, de artistas, da iniciativa privada e com a participação financeira governamental.

 Pe. Mundinho, sdn

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