Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento destaca perspectivas e desafios da economia regional
O novo secretário da Agricultura MG, Pedro Leitão, assumiu o comando da pasta em janeiro. Natural de Caratinga, o secretário tem raiz familiar com a cultura do grão, sendo filho de cafeicultor. Em entrevista exclusiva ao Jornal Tribuna do Leste, ele aborda questões inerentes aos setores agrícolas da região, com destaque para a cafeicultura local.
TL – Além de sempre atuar na área educacional, nos últimos anos, você foi Secretário Municipal de Educação em Caratinga (gestão do prefeito João Bosco Pessine) – e de Desenvolvimento – (gestão do prefeito Marco Antônio), como a experiência adquirida durante essa trajetória contribui para conduzir a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento?
R: A experiência adquirida nesse período à frente dessas secretarias é, hoje, fundamental para mim. Tenho certeza que essa experiência vai contribuir muito nas tomadas de decisão à frente da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e será decisiva para que eu realize uma boa gestão.
TL – Durante esse período, já é possível apontar pontos positivos ou que precisam ser mudados na Secretaria?
R: Queremos fazer da agropecuária um canal de desenvolvimento econômico e social, valorizando o setor cada vez mais. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, busca orientar, definir e coordenar políticas setoriais que potencializem ações e assegurem resultados positivos para a sociedade mineira e o agronegócio. Nós iremos manter os programas, projetos e ações em andamento, além do estabelecimento de estratégias para fortalecê-los e consolidá-los. Para isso, temos estabelecido um diálogo permanente com as nossas instituições vinculadas (Emater MG, Epamig e IMA), no sentido de maior integração e sinergia para o superar os desafios.
TL – Qual a importância do setor agropecuário para a economia do Estado, em especial para a região Leste e Zona da Mata?
R: O setor do agronegócio é o que mais cresce em Minas Gerais e, atualmente, responde por cerca de 45% do saldo da balança comercial. Sem exageros, podemos dizer que é o setor que mais tem ajudado a economia estadual. A receita das exportações mineiras do agronegócio, no primeiro bimestre de 2017, somou US$ 1,16 bilhão, valor 16,9% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. As regiões Leste e Zona da Mata são estratégicas para o Estado. Elas apresentam características diferentes e setores de produção diversos, como pecuária de corte e leite, fruticultura, piscicultura ornamental e o café. As regiões também são caracterizadas por pequenas e médias propriedades, reforçando a importância a importância econômica e social.
TL – Quais as ações previstas para o café para Minas Gerais?
R: Nossa prioridade é dar mais qualidade ao café do Estado. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entendendo a relevância do café para Minas Gerais, desenvolve ações importantes para o setor. Entre elas está o mapeamento do parque cafeeiro de Minas Gerais até 2018, que será um instrumento para aprimoramento das estimativas de safras, conhecimento sobre as alterações nas áreas plantadas e, também, de proposição de políticas públicas. Além disso, pretendemos ampliar o alcance do programa estadual Certifica Minas Café, como forma de melhoria de gestão das propriedades e acesso a mercados diferenciados. Buscamos, ainda, a disponibilização de novas cultivares melhoradas de café, desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. Outras ações importantes para estimular o crescimento do setor são o Concurso Estadual de Qualidade dos Cafés de Minas e a Semana Internacional do Café, que acontece em outubro, em Belo horizonte.
TL – Quais são os desafios e pontos críticos para a sustentabilidade ambiental na região da Zona da Mata?
R: Podemos entender como sustentabilidade ambiental, as ações que o homem faz para garantir o desenvolvimento e preservar o meio ambiente, observando os aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais da sociedade como um todo. Um desafio a ser enfrentado são as grandes áreas de pastagens degradadas existentes. O importante é saber que temos conhecimento e tecnologia para se fazer o desenvolvimento sustentável da agropecuária do Estado, observando as potencialidades de cada região. Por exemplo, a proteção de nascentes, o estímulo ao sistema Integração, Lavoura e Pecuária, florestamento e reflorestamento de topos de morro, melhoria de estradas rurais, construção de bacias de captação de água de chuva. Essas são realizadas pela Emater MG em toda a região, observando a sustentabilidade ambiental.
TL – Existe algum incentivo fiscal ou programa para que os produtores rurais da região preservem o meio ambiente em suas propriedades?
R: Não. O que temos são iniciativas e programas que orientam o produtor rural sobre a importância de uma produção sustentável, visando a preservação ambiental. Como exemplo, podemos citar o apoio da Secretaria à realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), a aplicação da metodologia Indicadores de Sustentabilidade de Agroecossistemas (ISA), quando é elaborado um plano de adequação das propriedades, e o próprio Certifica Minas Café, que orienta o produtor na adoção de diversas práticas para a preservação ambiental.
TL – Como o senhor avalia o atual cenário econômico cafeeiro da Zona da Mata. Como estimular mais esse setor?
R: A região possui uma topografia acidentada e é intensiva em mão de obra, tendo custos mais elevados que nas regiões mecanizáveis. Por outro lado, a multiplicidade de condições microambientais, em decorrência da diversidade de altitudes, coloca a região como potencial produtora de cafés diferenciados, verdadeiras raridades no mundo dos cafés especiais. A região já vem trilhando esse caminho e vale intensificar esse trabalho.
TL – Manhuaçu é um mercado importante no ramo cafeeiro. Quais ações que a Secretaria de Agricultura pretende desenvolver junto aos produtores locais?
R: Nós já temos desenvolvido ações em Manhuaçu e região, como a prestação de assistência técnica aos cafeicultores por meio da Emater-MG e as ações do Certifica Minas Café. Atualmente, a região de Manhuaçu tem 59 propriedades certificadas e outras 95 em processo de certificação. Lembramos ainda da realização do Concurso de Qualidade de Café das Matas de Minas, que se tornou uma ferramenta de estímulo e divulgação dos cafés na região.
TL – Na próxima semana acontece, em Manhuaçu, o 21º Simpósio sobre cafeicultura das Matas de Minas. São esperados representantes dos setores governamentais, comerciantes, indústrias de café e exportadores para discutir o futuro do setor, como ações para melhoria da cadeia produtiva na região. Como o senhor avalia essa troca de informações quanto aos benefícios a cafeicultura de Manhuaçu?
R: Esse é um momento importante para o diálogo entre os representantes da cadeia produtiva do café. Dessa troca de experiências podem surgir propostas viáveis para o crescimento e fortalecimento do setor, tão importante para a região e para o Estado. O simpósio tem essa função de fomentar a discussão sobre as principais dificuldades e potencialidades do segmento.
Danilo Alves /Leonardo Medeiros – Tribuna do Leste
Foto: Ellida Alves