Café: o lugar delas
Nenhum presente melhor no Dia Internacional da Mulher do que dar a devida visibilidade ao trabalho delas.
Selecionamos, então, algumas agentes importantes para a cadeia produtiva do café. Elas estão nas mais diversas atividades e representam milhões de outras profissionais que construíram o agronegócio café e seguem consolidando este importante setor.
Guarde o nome de mulheres que vão te inspirar e a quem a cadeia produtiva do café deve muito de sua história:
Isabela Pascoal Becker: produção com foco na sustentabilidade
“Recuperar e reconstruir uma fazenda que estava sem investimentos – um pouco abandonada, para torná-la capaz de produzir cafés especiais foi uma grande experiência para entender a essência do que é sustentabilidade. Mas foi só a primeira semente do conceito, ao logo desses 10 anos ser e se manter sustentável, de fato, é bem mais complexo e profundo”, é como Isabela Pascoal, explica o início do empreendimento voltado para a preocupação com a tal sustentabilidade.
A produtora está à frente de diversos trabalhos na Fazenda Daterra, empreendimento pioneiro no setor da cafeicultura sustentável no Brasil, com início na década de 80. Ela também foi diretora do Ateliê do Café Daterra, que trabalhava com a torra dos cafés produzidos na fazenda.
Erna Knutsen: citou pela primeira vez o termo “specialty coffee” na edição do Tea & Coffee Trade Journal em 1974
O segmento de cafés especiais representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês). Mas se você pode ter seu produto considerado hoje um café especial, é de bom tom conhecer Erna Knutsen, a primeira a citar o termo “specialty coffee” na edição do Tea & Coffee Trade Journal, em 1974.
De acordo com informações do veículo especializado em café Sprudge, Erna Knutsen foi secretária-executiva em uma companhia ligada ao setor de café antes de fundar sua própria marca e passar a ser compradora de cafés finos, com a Knutsen Coffees, em 1985.
Em 2014, a Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), organização que ela colaborou para existir e que é nomeada com o termo criado por ela, recebeu a trader em uma de suas cerimônias.
Vanusia Nogueira: Diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais
Fundada em 1991, não é de hoje que a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês) tem sua imagem ligada diretamente a uma mulher. Vanusia Nogueira é diretora-executiva da entidade há quase dez anos e participou de diversos momentos da BSCA. A engenheira de Sistemas e Administradora de Empresas tem especializações dentro e fora do Brasil, incluindo MBA e pós-MBA em Gestão de Projetos e desde 2002, trabalhou para trazer a certificação de café de Comércio Justo a pequenos produtores no Brasil.
Entre as recentes conquistas está a reeleição para compor o Conselho de Administração da Alliance for Coffee Excellence (ACE), entidade que, entre outras ações, é a responsável pela realização dos concursos Cup of Excellence ao redor do mundo.
Miriam Monteiro de Aguiar: café orgânico e turismo rural
Desde o ano de 1994, sob direção de Miriam Monteiro de Aguiar, a produção de cafés especiais da Fazenda Cachoeira passou a ser orgânica. Mas a preocupação com a técnica de produção também permitiu outra possibilidade: o turismo rural.
A propriedade que existe desde 1832, já cultivando café, tem hoje um hotel que passou a acolher turistas e interessados em conhecer a produção de cafés orgânicos especiais.
Localizada no município de Santo Antônio do Amparo (MG), próxima às cidades históricas de São João Del Rey e Tiradentes, a fazenda possui grãos certificados desde 1995 e exportados para o Japão, EUA e Europa, além de serem referência para dezenas de pessoas que passam pelo local ao longo do ano.
Brigida Salgado – Presidente da IWCA – Brasil
A frente de duas entidades ligadas à agricultura brasileira, Brígida Salgado leva a bandeira do café orgânico, da microrregião da Chapada Diamantina e das mulheres produtoras em seu trabalho.
A produtora de Piatã (BA) é presidente da Cooperbio – Cooperativa de Produtores de Cafés Orgânicos que congrega 52 produtores, todos com certificados orgânicos, e da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. Esta última, entidade sem fins lucrativos, que congrega mulheres que trabalham na cadeia produtiva do café, sejam elas produtoras, torrefadoras, baristas, ou em outras atividades ligadas ao grão.
Buscando dar visibilidade ao trabalho da mulher, levando estas a melhores oportunidades de negócios em todo mundo, Brigida recebeu em 2015 o Troféu Prata no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios – Categoria Produtora Rural.
Sara Chalfoun: pesquisadora na área da qualidade do café há mais de 30 anos
Com Doutorado em Fitotecnia, a engenheira agrônoma e pesquisadora da Epamig de Lavras (MG), Sara Chalfoun se dedica a estudos de fitossanidade e qualidade na pós-colheita de alimentos.
Atuando na área de pesquisa da qualidade do café há mais de 30 anos, um dos recentes trabalhos de Sara inclui o estudo do chamado “fungo do bem”, que combate outros fungos prejudiciais à qualidade do café.
Maria Amélia Gava Ferrão: melhoramento genético do conilon
Trabalhando diretamente na área de Genética e Melhoramento de Plantas, com ênfase em Genética Quantitativa e Marcadores Moleculares, Maria Amélia Gava Ferrão atua principalmente com as culturas de café arábica (Coffea arabica) e café conilon (Coffea canephora).
No final de 2014, a engenheira agrônoma, mestre em Genética e Melhoramento Vegetal e doutora em Genética e Melhoramento Vegetal, recebeu junto a sua equipe o Prêmio Inoves, que como objetivo estimular o desenvolvimento e a consolidação de uma cultura empreendedora de gestão da administração pública no Estado do Espírito Santo.
O projeto “Melhoramento Genético Sustentável do Café Conilon” foi o vencedor da categoria Resultados para a Sociedade, e foi desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), no qual Maria Amélia (além da Embrapa Café) também é pesquisadora.
(Parabéns a todas as mulheres, que direta ou indiretamente, ajudam e melhoram a cadeia produtiva de nossos cafés. Deus as abençoe!)
Fonte: Thais Fernandes