Mancha aureolada em cafeeiros ataca mais plantas deficientes
Observações em campo, feitas nos dois últimos anos, mostram que plantas fracas, com deficiências nutricionais, sempre são mais atacadas pela doença da mancha aureolada.
A mancha aureolada é uma doença causada pelo ataque da bactéria Pseudomonas seryngae pv garcae, que causa sintomas sobre as folhas, rosetas, frutos novos, ramos laterais e, ainda, ramos do ponteiro das plantas. Atacando tanto mudas no viveiro, como plantas novas no campo e também cafeeiros adultos.
Nas folhas, a bactéria causa manchas de coloração pardo-escura, de 5 a 20 mm de diâmetro, com necrose no centro. Pela ação do vento, muitas lesões ficam furadas. Em volta das manchas forma-se um halo amarelado, podendo-se observar um fio translúcido em volta das lesões, ao olhar-se as folhas mais novas contra a luz, sendo essa a principal característica que distingue a doença de outras que causam lesões parecidas.
Nos ramos as lesões são escuras, se diferenciando do ataque de Phoma por atingirem partes lenhosas dos ramos, e a partir do estrangulamento ocorre a seca de grande extensão do ramo atacado, até quase todo ele. Em certas condições, talvez pela variedade, talvez pelo clima, ou outra razão, pode ocorrer ataque em plantas só em folhas ou só em ramos, neste caso mesmo sem a presença de sintomas foliares.
A doença tem sido associada a condições de clima mais frio e úmido e a locais onde bate muito vento. Também se diz que o excesso de adubação nitrogenada favorece a doença, talvez por tornar o tecido mais tenro.
No aspecto nutricional tem sido observado agora que em uma mesma plantação em área de exposição semelhante, plantas individuais e/ou reboleiras de plantas, que apresentam fraqueza, com deficiência nutricional, sintomas de carência de fósforo real ou induzida por sistema radicular deficiente, são mais atacadas pela mancha aureolada.
Na literatura existem citações de influência do fósforo na redução de doenças fungicas, pela sua ação como elemento que acelera a maturação dos tecidos e que ainda reduz a exudação de aminoácidos. No cafeeiro, pesquisa mostra que o fósforo reduz incidência de cercosporiose.
A constatação de que a nutrição dos cafeeiros pode influenciar, significativamente, no ataque de Pseudomonas enseja nova visão do controle da doença, agora combinando a correção das deficiências com as aplicações foliares de bactericidas.
Fonte: José Braz Matiello – engenheiro agrônomo da Fundação Procafé e J.R. Dias e Lucas Franco – engenheiros agrônomos da Fazenda Sertãozinho.