Contas do início do ano apertam orçamento das famílias
Após as comemorações e dos gastos de final de ano, é chegada a hora de colocar o lápis na ponta do papel e saber como quitar os débitos de início de ano. Com os tributos bem conhecidos e que começam a ser pagos em janeiro e fevereiro, o momento é de pensar na melhor estratégia para liquidar (ou parcelar) esta avalanche de despesas como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), cartões de crédito e material escolar das crianças.
Para o economista Wilson Rocha, três palavras regem este momento: controle, disciplina e planejamento. “Apesar de parecer simples, muitas vezes gastamos além dos nossos limites e já entramos no novo ano com problemas para quitar essas dívidas. Na verdade, estamos comprometendo nossa renda futura e nos enrolando desde janeiro”. Ele também afirma que a maioria da população desconhece melhores formas de utilizar o 13º salário, bonificação que pode incrementar o pagamento das contas que chegam nos primeiros meses de 2017. “Notamos que a maioria da população acaba gastando mais no final do ano, apesar de ter o incremento do 13º, e, consequentemente, chega janeiro e fevereiro e existe um descompasso financeiro. Por isso, as pessoas devem fazer uma readequação de gastos”, pontua. Wilson Rocha enfatiza que as pessoas devem entender que o 13º é uma renda adicional, e sua utilização pode ser válida para retirar as contas do vermelho. A utilização do benefício para quitar tributos, como o IPVA, pode ser uma solução saudável para manter as finanças no azul.
De acordo com Wilson, as compras de final de ano, que muitas vezes passam dos limites, podem ser motivadas por impulsos que as pessoas têm de obter determinado produto. O ímpeto em comprar acaba fazendo com que elas pesquisem menos e em diversas ocasiões comprem mercadorias que podem ser adquiridas por preços mais acessíveis, por isso a dica de andar e pesquisar os preços dos produtos ainda persiste.
Compras
Tendo que lidar com esse cenário de crise, com preços de produtos e serviços aumentando a cada dia, o economista sugere calma, paciência e bom juízo. Antes de fazer qualquer tipo de compra, por exemplo, Wilson aconselha que algumas perguntas sejam respondidas – algo como se a pessoa precisa do produto, ou se pode pagar sem pesar na receita. Em seguida, se as respostas foram sim, o economista recomenda “pesquisar, principalmente na internet, aonde os preços costumam ser mais acessíveis do que nas praças físicas”.
Quando o assunto é comprar algo de maior valor, tendo que, muitas vezes, recorrer ao crédito, uma nova pergunta deve ser feita: “eu posso pagar essa mensalidade?”. Nesse caso, se a resposta for positiva, a dica do economista é tentar guardar o valor durante um ano. “Se conseguir durante os doze meses, você já terá um valor maior para a entrada e, provavelmente, conseguirá fazer os futuros pagamentos. Mas, lembre-se de pesquisar taxas de contratação, taxas de administração, problemas com inadimplência. Tudo deve ser levado em conta”, aconselha.
Economizar sempre
Propor uma reserva mensal é fundamental na educação financeira de uma família.
A iniciativa de guardar dinheiro e manter uma quantia para situações emergenciais é importante para que se crie nas pessoas o hábito de preservar para não faltar, tendo em vista as altas taxas de credito do país, como explica o economista Wilson Rocha. “Só para se ter uma ideia – a taxa do cheque especial gira em torno de 14 a 15% ao mês, isso é bastante alto. Por isso, existe a necessidade da população guardar algum recurso mensalmente, pois assim ela terá uma folga considerável ao longo do ano”.
Formas de investimento
Culturalmente, o brasileiro é voltado para a poupança, mas vale lembrar que a remuneração dela é muito baixa, e hoje perde para a inflação. A poupança está na faixa do 6,5% ao ano e a inflação encontra-se superior a essa taxa. Por isso, existem outras modalidades de investimento tão seguras quanto a poupança, entretanto o brasileiro ainda não está acostumado a elas.
Uma dessas formas é o empréstimo de dinheiro para o Governo, ou seja, a compra de títulos do tesouro. Wilson Rocha afirma que esse tipo de aplicação é tão seguro quanto a poupança, e a única diferença que existe é o pagamento de imposto de renda em cima dessa implicação e o resgate do dinheiro – que é mais rápido através da poupança. “Este recurso é tão seguro quanto a poupança. E ela remunera praticamente duas vezes a mais. A população brasileira deve pesquisa e entender que essa modalidade é acessível para todos. Para se ter uma noção, a gente consegue fazer esse tipo de investimento para uma pessoa física a partir de R$ 30,00 não é um valor tão alto para que a pessoa tenha algum tipo de rendimento”, finaliza.
Danilo Alves – Tribuna do Leste