Será implantado nas próximas semanas em Manhuaçu o projeto “Zero Cárie, sorrisos felizes” e tem como objetivo garantir o acesso ao atendimento odontológico de crianças em situação crítica de saúde bucal, identificadas por meio do índice CPOD, por meio de uma ação articulada entre escola, saúde e universidade.
O levantamento epidemiológico do índice CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados) foi realizado com crianças de 11 a 13 anos das escolas de impacto direto da negligência familiar, da rotina escolar e da ausência de políticas de prevenção contínua. Diversos alunos relataram ao autor do projeto, Wilian Lopes, a falta de tempo e atenção por parte das famílias, a ausência de incentivo da escola e o desconhecimento das consequências da má higiene bucal.
A estética comprometida, a dor constante, a perda funcional de dentes e a baixa autoestima são algumas das repercussões mais visíveis. No entanto, a instabilidade na saúde bucal pode comprometer funções básicas como alimentação, fala e até o desempenho escolar, além de afetar diretamente o organismo como um todo, podendo desencadear infecções e inflamações sistêmicas. É fundamental enxergar a odontologia não apenas como o cuidado com a boca, mas com a saúde integral do indivíduo.
Dessa forma, o projeto prevê o encaminhamento de pequenos grupos de alunos, selecionados com base na gravidade clínica, para atendimento nas Unidades de Saúde da Família (ESFs). Esses encaminhamentos ocorrerão semanalmente ou quinzenalmente, de forma organizada e articulada com a escola, garantindo a preservação dentária, a funcionalidade mastigatória, a melhora na autoestima e, sobretudo, a promoção da saúde como um direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Além disso, o projeto propõe um olhar sensível e humanizado para essas crianças, compreendendo que a reabilitação oral vai muito além da ausência de cáries. Ela devolve a dignidade, a autoconfiança e favorece o desenvolvimento.
O projeto também se baseia na meta ideal de alcançar o conceito de “zero cáries”, promovendo não apenas o tratamento, mas principalmente a prevenção contínua. Cabe frisar que os atendimentos odontológicos são realizados semanalmente nas Unidades de Saúde da Família (ESFs) do município. Ainda assim, muitos alunos não acessam esses serviços por falta de incentivo familiar, desinformação, dificuldades logísticas ou ausência de referência adequada. Essa barreira é significativa e justifica ações que garantam que todas as crianças tenham acesso à saúde bucal de qualidade.
O papel da escola, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde, é fundamental para a efetivação desse projeto. A escola é um espaço privilegiado de convivência, formação e acompanhamento diário das crianças, sendo capaz de identificar sinais e situações antes mesmo da própria família. A presença da saúde pública escolar na rotina das instituições, transformada em realidade em muitos alunos, é articulada entre essas instituições, permite não apenas o encaminhamento para atendimento odontológico, mas também o acompanhamento contínuo, o acolhimento e a promoção de uma cultura de cuidado e prevenção. Essa união estratégica é essencial para que as ações realmente cheguem a quem mais precisa.
O projeto também tem como objetivo identificar, durante a triagem, alunos que necessitam de procedimentos como a frenectomia, intervenção simples, mas de grande impacto funcional e estético. A realização desse procedimento pode corrigir distúrbios de fala, melhorar a mastigação, promover correto posicionamento dos dentes e ainda prevenir retrações gengivais.
