Nesta segunda-feira, 11 de novembro, a Câmara de Manhuaçu realizou audiência pública para discutir a crise no setor de obstetrícia do Hospital César Leite (HCL), que pode levar à suspensão dos atendimentos de urgência e emergência. O encontro foi conduzido pela vereadora Eleonora Maíra, com a presença de representantes do HCL, da Secretaria Municipal de Saúde e da classe médica.
Durante a audiência, o provedor do Hospital César Leite, Milton Martins, apelou por ajuda. “O César Leite está aqui pedindo socorro”, afirmou, destacando a necessidade de apoio dos governos municipal, estadual e federal para que o hospital continue a oferecer “serviço de qualidade”. Ele explicou que a dificuldade do hospital vai além das finanças, mencionando também a escassez de mão de obra qualificada. “Nós não temos aonde recorrer”, disse, apontando que a colaboração dos médicos tem sido fundamental, mas não suficiente para manter os serviços.
A secretária de Saúde de Manhuaçu, Ana Lígia, afirmou que a Secretaria está buscando apoio junto ao Estado e ao Ministério da Saúde para encontrar uma solução. “Hoje é obstetrícia; amanhã pode ser outro setor”, disse Ana Lígia, ressaltando a importância de estabilizar os recursos para a instituição. Ela explicou que a Secretaria já fez solicitações ao Estado e ao Ministério, e mencionou que há um aporte de recursos pendente de publicação por parte do governo federal.
A vereadora Eleonora Maíra também expressou preocupação com o possível fechamento do serviço de obstetrícia. Ela destacou a importância do hospital, que atende aproximadamente 400 mil pessoas da região e a dificuldade em atrair médicos especializados devido à baixa remuneração oferecida em comparação a outras localidades. “Para que a gente mantenha isso, nós precisamos de estratégias para buscar recursos para o Hospital César Leite”, afirmou Eleonora, sugerindo que a Câmara colabore com emendas parlamentares e mobilize deputados para garantir verbas adicionais.
João Matheus, ginecologista do HCL, detalhou a sobrecarga enfrentada pelos médicos no setor obstétrico, ressaltando que os profissionais da área realizam até sete vezes mais partos que em outras cidades, com remuneração similar. Ele destacou que essa carga elevada dificulta a manutenção dos plantões e desestimula a permanência de médicos. “Hoje temos médicos sobrecarregados e com poucas condições de trabalho comparáveis aos outros municípios”, declarou.
Ana Flávia Domingos – Tribuna do Leste