O Secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti anunciou, nesta terça-feira (23/1), que o estado decretará emergência de saúde em decorrência das arboviroses a partir desta semana. Até o momento, foram confirmadas uma morte por dengue e uma por chikungunya em Monte Belo e Sete Lagoas, respectivamente.
“Estamos percebendo, desde outubro do ano passado, que a dengue está tendo um comportamento de ano epidêmico muito parecido com anos que consideramos mais graves, como 2016 e 2019, e até um pouco acima desses anos. Isso significa que teremos um valor total maior ou apenas um pico mais precoce, mas que definitivamente será um ano muito difícil”, explicou ele.
“O estado de Minas Gerais decretará emergência em saúde para facilitar que tanto a Fhemig quanto os municípios possam fazer contratações temporárias e a compra de insumos para combate à dengue mais rápido. Vamos publicar, até o final de semana, um decreto que permite ao gestor uma agilidade na tomada de decisão”, complementou.
Pico inesperado
De acordo com Baccheretti, o fenômeno não estava previsto para 2023 e 2024 – já que seguia um padrão trianual desde 2010 –, mas por conta dos recordes de temperatura no final do ano passado vinculados ao El Niño, o cenário pode ter sido alterado. Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) já está desenvolvendo ações de prevenção e combate ao Aedes aegypt no estado. “O mosquito da dengue tem muita relação com o ciclo chuvoso e com a temperatura. Nós tivemos, em setembro e outubro [de 2023], valores recorde de temperatura, com um ciclo novo vinculado, que é o El Niño, o que pode mudar o comportamento da curva [de contaminação]. Ano passado foram 400 mil casos e este ano, certamente, teremos muito mais que isso”, afirmou.
“Nós percebemos que o pico [das arboviroses] será precoce e a nossa equipe já começou a capacitar, em todas as regiões do estado, gestores municipais de saúde, médicos e enfermeiros para podermos evitar mais óbitos por dengue, porque boa parte dos casos são mais leves e evitáveis, e por isso o reforço hospitalar”, acrescentou o secretário. “Também sabíamos que o aumento do número de casos poderia acontecer e, por isso, colocamos uma nova forma de combate ao mosquito Aedes aegypt, que são os drones. Hoje, 853 municípios já têm recurso, ou já receberam diretamente através de consórcios, para que essa nova tecnologia possa mapear o seu território inteiro, além de colocar os larvicidas, que hoje são o combate mais eficaz em relação aos fumacês, que combatem apenas a fase adulta”, completou.
A SES-MG também divulgou que, até o dia 22 de janeiro, já foram 11.490 casos confirmados de dengue, 33.316 casos suspeitos e outros 14 óbitos em investigação em decorrência da doença, além de 3.067 confirmações de chikungunya, 4.353 casos prováveis e duas suspeitas de óbito pela doença. Há, também, dois casos prováveis de zika. As mortes foram confirmadas pela SES-MG numa coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira. Ambos os casos eram de pessoas acima de 70 anos com comorbidades.
Investimentos e vacina
A SES-MG anunciou que irá incrementar o orçamento para o combate de dengue, chikungunya e zika no estado. Além dos R$ 80,5 milhões já previstos para este período – dos quais R$48,3 milhões já foram repassados em dezembro e outros R$ 32,2 milhões ainda estão previstos para julho –, serão acrescidos mais R$ 32,2 milhões a serem pagos em fevereiro. A SES-MG também está investindo R$ 30,5 milhões – dos quais R$ 15 milhões foram repassados ao longo de 2023 e o restante será pago nos próximos meses – em serviços de drones, utilizados na identificação, monitoramento e tratamento dos focos e criadouros do Aedes aegypt, facilitando a atuação mais direcionada e eficaz das Secretarias Municipais de Saúde.
Segundo o secretário de Saúde, a distribuição de vacinas contra a dengue em Minas Gerais está sendo discutida com o Ministério da Saúde e que ainda não há informações oficiais, mas há a previsão de que a quantidade seja proporcional ao número de casos registrados em cada estado e município.
Fonte: Estado de Minas