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Prévia da inflação acelera para 1,73%, maior variação para o mês de abril em 27 anos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) medido em abril acelerou para 1,73%, patamar 0,78% acima da medição feita em março. Essa foi a maior variação para um mês de abril desde 1995, quando o índice foi de 1,95%, e a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003, que foi de 2,19%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,31% e de 12,03% em 12 meses.

Para o economista Paulo Casaca, professor do Ibmec, as razões para a alta dos preços são as mesmas que têm persistido há alguns meses, como a variação do dólar, a guerra entre Rússia e Ucrânia e as instabilidades naturais de ano eleitoral. “Este mês a alta foi um pouco maior que o esperado por causa dos alimentos, mas os preços vêm seguindo uma tendência, e as surpresas que aparecem, geralmente, têm feito o preço subir mais”, afirmou.

As altas nos alimentos, como apontado por Casaca e retratado na prévia do IPCA 15, são o lado mais assustador da escalada inflacionária, como atesta Júlio Cézar Pereira, diretor da Cufa Minas (Central Única das Favelas de Minas Gerais). Para ele, a inflação elevada situação é ainda pior para os mais pobres, já que a alta no custo de vida faz com que itens de alimentação sumam da mesa das famílias, que, desta forma, passam a depender de doações para sobreviver. “O que antes era considerado assistencialismo e, por isso, era até criticado, como a distribuição de cestas básicas, hoje, é o que salva e garante a alimentação de muitas pessoas nas favelas”, comenta.

Não há exagero na fala de Júlio. O grupo dos “transportes”, que subiu 3,43%, e da “alimentação”, com 2,25%, foram os que mais influenciaram e puxaram a inflação para cima. São esses grupos os que  têm peso maior para quem ganha menos.  De acordo com o IBGE, alimentos muito consumidos pelos brasileiros lideram a alta de preços, como tomate (26,17%) e o leite longa vida (12,21%). Outros produtos importantes na cesta de consumo dos brasileiros, como a cenoura (15,02%), o óleo de soja (11,47%), a batata-inglesa (9,86%) e o pão francês (4,36%) também tiveram altas expressivas.

“Hoje a gente encontra tomate sendo vendido a R$ 12 o quilo em sacolão na favela; é o mesmo preço cobrado em regiões ricas da cidade. A diferença é que o assalariado ou a pessoa que está desempregada não consegue pagar este preço. Tomate e até banana, que já foi sinônimo de preço baixo, hoje são raridades na mesa de quem vive em favela”, afirma.

Para tentar sanar os problemas, Júlio afirma que a saída para os mais pobres tem sido criar redes de solidariedade, como por exemplo as organizadas pela Cufa. Segundo ele, Belo Horizonte tem hoje aproximadamente 600 mil pessoas vivendo em vilas e favelas. “Hoje a Cufa distribui entre 10 e 15 toneladas de carnes de frango nas favelas atendidas pelo movimento. Quando a gente entrega, a pessoa pega aquela cesta e conta que, se não fosse o auxílio, não teria o que comer. Não podemos perder esse sentimento de humanidade”, afirmou.

Hoje em Dia /  Hermano Chiodi

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