Iniciamos o mês temático de agosto que trata da Vocações, ou seja, do chamado que Deus que faz a homens e mulheres para uma missão especial na Igreja e no mundo. Em 2019, aconteceu em Aparecida-SP, o 4º Congresso Vocacional do Brasil (5 a 8 de setembro) que teve como tema: “Vocação e Discernimento”, e lema: “Mostrai-me, ó Senhor, vosso caminho” (Sl 25,4). Durante o evento foram aprofundados os principais elementos da caminhada vocacional promovida pela Pastoral Vocacional (PV) e Serviço de Animação Vocacional (SAV): Despertar, Discernir, Acompanhar e cultivar.
Para a continuidade da Igreja, necessário se torna, o surgimento de jovens, rapazes e moças, que queiram se doar ao serviço eclesial, por um chamado especial de Deus. São as vocações que vão constituir o batalhão de operação da vida missionária da Igreja. “A Pastoral vocacional se torna prioritária neste novo momento da história da evangelização, colaborando para suscitar e acompanhar vocações para o serviço da comunidade e para a atuação profético-transformador na sociedade” (DGAE 2015-2019, n. 106).
A juventude
Às vezes tem-se a impressão de que as vocações estão no fim, agonizando. Um ou outro jovem é que se interessa pela consagração de sua vida para o serviço na Igreja. Os otimistas, não compartilham de tal visão. Percebem que o mundo juvenil não ficou estéreo para o chamado da vocação. Porém, é preciso estudar a realidade do jovem hoje, onde ele milita, qual o papel da Igreja em sua vida, como encara a fé. Jesus Cristo não deixou de chamar discípulos para a missão.
Os documentos “Vocação e Discernimento” (n. 22) e Christus Vivit (Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco, 2019) abordam o perfil dos e das jovens vocacionados(as). É um perfil muito plural, com jovens envolvidos pelo ambiente digital que caracteriza o mundo e a cultura contemporânea. Quanto à faixa etária, há o grupo dos 13 aos 15 anos, e outro grupo crescente que tem mais de 30 anos.
Muitos estão engajados nas pastorais, com uma caminha de fé autêntica no seguimento de Jesus Cristo. Há também os que não possuem nenhuma vivência eclesial, mas se encantam por Jesus Cristo. Além disso, há aqueles que provêm de uma experiência de fé mais intimista, valorizando práticas devocionais, fechados em grupos e seguindo orientações de figuras religiosas midiáticas.
Reconhece-se que muitos jovens expressam sensibilidade vocacional, mas se perdem por falta de acompanhamento, cuidado e empenho responsáveis.
A Igreja tem que zelar pelo acolhimento das vocações. Primeiro acreditar que o chamado de Deus não se esgotou. Segundo, analisar e conhecer bem o mundo em que os jovens são envolvidos. Terceiro, compreender que a transmissão da fé não mais se dá de geração para geração. Ocorre, atualmente, e caminhamos para isto, para um cristianismo escolhido livremente como norma de vida. Chegar-se-á fé pela conversão e pela convicção pessoal, e não mais pela convenção social. A adesão da fé será proposta à pessoa por meio de um caminho individual e será cada vez menos transmitida mediante um sistema de conservação de pai/mãe para filho/filha. As comunidades cristão serão pequenas comunidades, baseadas mais nas relações interpessoais do que nas estruturas da organização. O cuidado pastoral nascerá do confronto real com a vida, e não da simples transmissão de algo que apenas se repete e se conserva. Vamos em direção a uma perspectiva que pode ser muito promissora em vista de uma nova vida e uma fé mais autêntica (PV/SAV n. 45). Por isso os congressistas do 4º Congresso Vocacional do Brasil concluem que:
“estamos diante de uma graça e um desafio”.
A Igreja deverá manter uma Pastoral Vocacional voltada sobretudo para o discernimento. Como pedagogia de evangelização a proposta. Uma Igreja mais propositiva que encoraja os jovens a trilhar o caminho que conduz à fé, como descoberta de seu sentido na vida, conduzindo-os ao discernimento do sentido da vida em Cristo ao discernimento vocacional com descoberta e escolha do seu próprio lugar na vida (PV/SAV n. 47).
Por discernimento entende-se o “sincero esforço da consciência, em seu compromisso de conhecer o bem possível, sobre cuja base se tomam as decisões com responsabilidade, no correto exercício da razão prática, à luz do relacionamento pessoal com o Senhor Jesus” (DSFJ, n. 109).
A pedagogia do discernimento prevê uma intervenção formativa/pedagógi-ca que deve reforçar tal liberdade com tudo o que isso significa e implica. Pressupõe acompanhamento vocacional.
A PV/SAV deverá se qualificar para ficar mais próxima dos jovens; dentro da compressão de uma Igreja “em saída”, fiel e apaixonada por Jesus Cristo, empenhada em dar o testemunho autêntico de vida cristã (ChV, n. 36). Nunca esquecer o exercício da oração pelas vocações (DFSJ, n. 80), a atenção à escuta da Palavra e apresentando o leque de opções das vocações: laical, ministerial, consagrada, matrimonial.
O que não pode faltar no discernimento vocacional:
- Formação permanente;
- Acompanhamento personalizado;
- Cultivo da espiritualidade;
- Sensibilidade vocacional missionária;
- Querigma como anúncio vocacional.
Nas diocese e paróquias priorizar a formação dos animadores vocacionais, criar e fortalecer as Equipes Vocacionais Paroquiais. Despertar os jovens, desde o início do processo vocacional, para o cultivo da vida interior. Encorajar e/ou organizar missões populares com jovens; promover e organizar momentos orantes vocacionais; motivar e envolver no itinerário vocacional os catequistas. Estes constituem algumas das atividades, dentre outras, que animarão a Pastoral Vocacional em nosso país.
Oração Vocacional
“Todo dom precioso
e toda dádiva perfeita”
de ti procedem.
Teu Filho Jesus Cristo
anunciou o teu Reino de amor
e nos chamou a segui-lo.
No Espírito Santo fomos batizados
para responder generosamente
a essa vocação.
Por isso te pedimos,
renova esse convite na Igreja,
para que adolescentes e jovens
possam escutar os teus apelos
com olhos atentos aos sinais dos tempos.
Que a Virgem Maria, Senhora Aparecida,
acompanhe a todos que ouvem a tua voz
e com ela possam proclamar:
“eis-me aqui, faça-se em mim,
conforme a tua Palavra!”.
Amém!