Abaixo, ouça a reflexão
No sábado, 3 de outubro, o Papa Francisco assinou sua nova encíclica, direto de Assis, na Itália. Com o título Fratelli Tutti (todos irmãos), que traz as palavras de São Francisco, o documento é dedicado à reflexão sobre a fraternidade e a amizade social. A Encíclica tem como objetivo promover uma aspiração mundial à fraternidade e à amizade social.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou um vídeo no qual comenta e destaca pontos da Encíclica Fratelli Tutti. Segundo dom Walmor, a Encíclica apresenta ao mundo um itinerário para superar indiferenças, debelar hostilidades e inspirar uma conversão global que vai da dimensão individual à escola planetária. “Não há sociedade feliz e saudável sem relações fundamentadas na fraternidade. Não há vivência da fé cristã sem o amor fraterno”, afirmou.
O presidente da CNBB deu ênfase aos males (perseguição aos migrantes e refugiados, as guerras, o fundamentalismo, o descaso com os povos tradicionais, as muitas formas de discriminação e o preconceito) que ferem as relações humanas e conduzem a civilização para o caos. Esses males, segundo a Encíclica, são sintomas de uma doença global: a incapacidade de enxergar que o outro e a outra como irmãos e construir relações fraternas.
As hostilidades, apontou Dom Walmor, também se reproduzem no Brasil, nas polarizações vividas nos contextos familiares, da própria Igreja e nas redes sociais que revelam falta de fraternidade na regência das relações. Para Dom Walmor, é preciso mudar e o texto do Papa Francisco remete ao essencial do que ensina Jesus e inspira a humanidade a trilhar o caminho do amor fraterno.
“A encíclica deve inspirar uma conversão global (…) Um texto profético contemporâneo que oferece ao mundo o itinerário para superar indiferenças, debelar hostilidades. Esses males ferem as relações humanas, conduzem a civilização para o caos. A perseguição aos imigrantes, e refugiados, as guerras, o fundamentalismo, o descaso com os povos tradicionais, as muitas formas de discriminação e o preconceito são sintomas de uma doença global. A incapacidade para enxergar que o outro é irmão e irmã. Também as polarizações vividas aqui no Brasil, com embates, inclusive no contexto de famílias e na Igreja, revelam falta de fraternidade na regência das relações. É preciso mudar! E a carta encíclica do Papa Francisco remete-nos ao essencial do que ensina JC, inspira a humanidade a trilhar o caminho do amor, do amor fraterno. Não há sociedade feliz e saudável sem relações fundamentadas na fraternidade. Não há vivência autêntica da fé cristã sem o amor fraterno. A própria Palavra de Deus ensina quem diz amar a Deus, mas odeia seu irmão é mentiroso!
A Carta Encíclica merece dedicada leitura, pois cada palavra é densa de lições.
Citou verso de Vinícius de Morais, tão atual e oportuno: de fato “A vida é a arte do encontro”, embora haja tanto desencontro na vida. Cabe a cada pessoa dialogar sem artífice de entendimento, do encontro, da proximidade. O ser humano não avança em seu caminho existencial sem cultivar esta abertura necessária à fraternidade. Da mesma forma, nenhuma sociedade consegue dar passos novos sem reconhecer que todos, indistintamente, merecem ser respeitados, considerados e promovidos.
A leitura da Carta deve se desdobrar em gestos concretos para inspirar genuína conversão. Ao ler a carta cada pessoa repense as suas próprias relações recompondo laços de fraternidade. Todos possam superar as polarizações, evitar embates desnecessários, agressões, inclusive nas redes sociais, tão marcadas também pela hostilidade. A leitura da carta é inspiração para uma reforma interior e, consequentemente para uma reestruturação de todas as instâncias, instituições e processos que configuram a sociedade contemporânea.
A Fratelli tutti se conclui com um apelo e duas orações. Na realidade, o apelo é uma ampla citação do já citado documento assinado pelo Papa e pelo Grão-Imã Ahmad al-Tayyeb em Abu Dhabi, e diz respeito precisamente à convicção de que “as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião” (N. 285).