O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Tribuna do Leste nesta quarta-feira (10). Na conversa com o repórter João Vitor Nunes, ele falou sobre a situação da pandemia do coronavírus do Estado e anunciou mais 10 leitos de UTI para Manhuaçu. “Estamos cientes da situação e estamos priorizando a ampliação de leitos e respiradores nas regiões que precisarem, tanto que já está definido que o Hospital César Leite vai receber mais dez leitos de UTI, tendo assim a sua capacidade dobrada para que possa atender a região caso seja necessário, e muito provavelmente será porque sabemos que a pandemia ainda está com a curva crescente”, explicou o governador.
Até o momento foram 16.102 casos confirmados. Estão em acompanhamento 8.340 casos e são 7.363 casos recuperados. Até o momento, foram confirmados 399 óbitos. “O ideal seria que não tivéssemos nenhum caso e nenhum óbito, mas infelizmente não é possível. Porém a situação de Minas Gerais, se comparada a de outros Estados, é muito, mas muito melhor. Nós já tivemos no Brasil um número de óbitos que está se aproximando de 40 mil e Minas Gerais está com cerca de 400 óbitos. Então fica muito claro, nós temos 10% da população e 1% dos óbitos. E com relação aos casos, a situação é semelhante”, explicou.
Zema elencou alguns fatores relacionados ao número de casos em Minas Gerais. “O primeiro deles é que fomos muito ágeis em agir logo no início da pandemia e ela é mais ou menos como um incêndio, se você age rapidamente, consegue apagar o fogo; se demora a agir, ele começa a propagar e você começa a ter vários focos e uma dificuldade maior. Minas, em março, antes de termos qualquer óbito, tomou medidas de isolamento e isso foi decisivo para que a pandemia fosse controlada. Além disso, atribuo esse bom desempenho ao mineiro. O mineiro fez o isolamento com mais qualidade do que outros Estados porque ele é mais consciente, mais criterioso. Outro ponto que ajudou é a questão demográfica, 80% da nossa população está no interior do Estado e só 20% na capital e isso fez com que o vírus propagasse numa velocidade menor”, explica.
De acordo com a ferramenta FarolCovid, Minas Gerais tem a 20ª taxa de isolamento social no país. Para o governador, isso é motivo de procupação. “Tenho dito que nós ainda não vencemos a batalha contra o coronavírus, que a guerra ainda vai ser longa e que nós temos de, quando possível, adotarmos o isolamento social e, quando não for possível, o distanciamento social, as medidas de higienização, o uso de máscaras, inclusive porque os casos têm crescido muito nos últimos dias e isso nos preocupa muito”, pontua.
Sobre a subnotificação, Romeu Zema subiu o tom ao falar que todos os casos graves têm sido testados, inclusive os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). “Ninguém que tenha sintomas têm ficado sem teste, isso tem de ficar claríssimo, e todo óbito por SRAG também tem sido testado porque é uma doença que tem semelhanças com a Covid. Então não há subnotificação em Minas Gerais, isso eu posso garantir. Pode ter, sim, alguém que faleceu antes de ontem e que o teste não foi feito e que só vai entrar na estatística de amanhã porque não teve tempo hábil, mas subnotificação não há”, reforçou o governador.
O governador falou sobre a situação no Vale do Aço, que é onde o número de casos mais aumentou nas últimas semanas em todo o Estado. A proximidade das regiões também é motivo de preocupação. “É lógico que a proximidade é um fator que aumenta o risco. Temos acompanhado muito de perto e tudo indica que teremos o pico agora para o mês de julho. Mas quero deixar claro, da forma como estamos conduzindo, não haverá falta de leitos para quem precisar. Essa é a nossa grande preocupação, o que mata não é a questão do vírus, o que mata é a falta de tratamento e isso não vai faltar”, explicou.
Além disso, o governador abordou assuntos como a economia, em que anunciou ontem o calendário de pagamento para os servidores do Estado. Os servidores da Saúde e da Segurança Pública receberão o salário integralmente na próxima segunda (15/6). Na mesma data, será realizado também o pagamento da 1ª parcela dos servidores estaduais das demais categorias no valor de R$ 2 mil.
Educação
Também foi abordada a educação e as aulas remotas que acontecem em Minas Gerais. “Infelizmente a educação foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia porque estamos habituados a termos essa educação presencial, principalmente as crianças pequenas, de 5 a 10 anos de idade, que não tenham uma disciplina, que não ficam quietas, muitas vezes não sabem usar o equipamento eletrônico de forma adequada, estão nesse momento não tendo uma aula com a qualidade que uma aula presencial teria. Nossa previsão é que no segundo semestre as aulas retornem. Temos tentado fazer de tudo para que essa aula a distância venha a suprir a presencial, mas sabemos que, com relação às crianças, sempre vai haver alguma defasagem e, por esse motivo, já estamos planejando aulas de reforço, que serão necessárias quando houver as aulas novamente”, ressalta o governador.
Perguntado sobre o ensino médio e o ENEM, Zema se mostrou a favor do adiamento do Exame e aproveitou também para falar das eleições municipais. “Nesse momento em que a situação está totalmente atípica, sou favorável a adiar esses tipos de eventos porque seria, do meu ponto de vista, inadequado ter aglomeração de pessoas, inclusive a própria eleição eu questiono se seria o momento de acontecer. Pra mim, cabe ao setor público dar o exemplo, então eu sou a favor de adiar para o momento oportuno”, reiterou.
João Vitor Nunes