As chuvas de janeiro passaram deixando o maior rastro de destruição da história de Manhuaçu e cidades vizinhas. Infelizmente, algumas famílias perderam o que tinham de mais precioso, a vida. Morreram pais, mães, avós, netos, filhos, casas desapareceram, lavouras de café viraram amontoados de terra.
Em meio a tanta dor, um sentimento sobressai, o da solidariedade, pessoas desconhecidas, anônimas e até mesmo de outras cidades e estados se unindo para amenizar a dor de quem foi atingido.
Dentre as várias mobilizações que aconteceram na região, um grupo formado por religiosos, empresários e cidadãos comuns se uniram e estão construindo uma casa para uma família na Vila Formosa, que o pouco que tinha, se perdeu com a chuva.
O casal José Geraldo de Freitas, o “Zezé do índio” e Alci Maria Dutra residem na comunidade da Vila Formosa há vários anos e sempre mantiveram uma vida regada pelo amor e simplicidade, com os filhos Hebron, uma criança excepcional, que dividia a pequena casa de piso de terra batida com o irmão Jô Dutra Freitas.
Na madrugada do dia 24 para 25 de janeiro, as águas do ribeirão São Luiz, que passa a poucos metros dos fundos da casa, invadiu o imóvel, comprometendo a estrutura da casa, que foi condenada pela Defesa Civil.
Os empresários Giovani Gomes da Silva e Bruno Pires S. de Melo, de Manhuaçu, juntamente com um grupo de amigos se mobilizaram no intuito de adotar uma família que estava desamparada naquele momento, pois diversos movimentos estavam ajudando a coletividade no momento de crise, mas e depois como as famílias continuariam a vida? Essa foi a pergunta do grupo.
“Então entrei em contato com um amigo do Jornal Tribuna do Leste, pois tínhamos certeza de que a indicação seria para uma pessoa que realmente precisaria e assim ficamos sabendo da história do Zezé e viemos primeiramente ver a situação em que a família se encontrava. Nós sabíamos que eles haviam perdido tudo na enchente, mas ao chegar ao local, constamos que na verdade eles nunca tiveram nada e a casa que eles moram não lhes ofereciam condição mínima de dignidade para criar uma família e ainda mais com um filho deficiente e isso nos comoveu e decidimos construir uma casa nova para o Zezé e sua família”, explica Giovani.
Além do grupo que adotou a família, a ação recebeu apoio de profissionais liberais, instituições filantrópicas e até doações do exterior. “Anderson é construtor, mora em Manhumirim e doou o seu serviço, inclusive funcionários dele estão aqui na obra, a Fundação Banco do Brasil, através da AMMAR, Associação de Motociclistas de Manhuaçu e Região doou toda a cobertura da casa, ou seja, a estrutura do teto e o telhado. Na ocasião estivemos aqui para conhecer o local, fizemos um vídeo e postamos nas redes sociais e amigos nossos e empresas estrangeiras que compram o nosso café também fizeram doações e com isso resolvemos ao invés de reformar a casinha em que a família morava, jogamos no chão e estamos construindo uma casa nova, através de um projeto doado pela arquiteta Cleidiane Galdino Gomes para uma residência totalmente acessível para uma família com uma criança especial em casa”, completa Giovani.
Para o construtor, Anderson de Souza, o primeiro desafio era proporcionar segurança e conforto para a família. “O terreno da família é quase no nível do Ribeirão São Luiz, então optamos por fazer uma base elevada para nivelar o piso da casa com a rua e ficar acima do nível do ribeirão, em caso de uma nova cheia, dificilmente a casa será atingida nas mesmas proporções desta última cheia, pode até chegar na casa, mas com menos danos agora”, finaliza Anderson.
Além dos trabalhos realizados ao longo dos dias, mutirões estão sendo mobilizados aos fins de semana. No último sábado, 29/02, foi o momento de erguer as paredes da casa.
Jailton Pereira