DestaquePe. José Raimundo (Mundinho)Reflexão

Reflexão: uma cidade em silêncio!

Pe. Mundinho, sdn

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A fatídica noite de 24 para 25/01 nunca cairá no esquecimento, quando as águas do rio foram subindo e, de repente, entrando pelas portas e janelas, atingindo alturas nunca imaginadas. Elas vieram carregadas de lama e lixo molhando tudo, deixando um rastro de destruição por onde penetravam. Foi longo sua visita! Iniciou pelas 23h e permaneceu até o dia seguinte,  final da manhã (em algumas cidades, o dia todo). Demorou a escoar!

A cidade parou! Emudeceu! Chorou!, Lágrimas derramam-se abundantemente! A tentativa de salvar alguma coisa não foi suficiente! O tempo urgia, as águas subiam, as lágrimas desciam e a cidade inundada.

Triste cenário! Quadro pior não existe quando se contempla o mar de água barrenta com entulhos a boiar vagarosamente fluindo, sem pressa de passar. Parecia mais uma represa! Parecia que não havia o fluxo. 

Quando se foram, restou a desolação! Tudo destruído, um campo de guerra, destroços de casas, de muros, de roupas, de móveis, de medicamentos, de víveres, de calçados, de material de construção… Encostas derretidas, pontes danificadas,  ruas e estradas sem condição de transitar.

A quem recorrer? O quê dizer? O que fazer?

Em meio a todo este quadro de destruição aparecem mãos que oferecem um lanche, uma água, uma cafezinho quente. Foram montadas cozinhas, refeitórios para oferecer a alimentação: uma refeição rápida, uma trégua para o descanso, um apoio.

Tudo silêncio!

A noite de 25 para 26/01 foi um noite de silêncio! Tão logo escureceu, a noite chegou, o silencia prevaleceu e a cidade adormeceu no sono do cansaço, da lágrima, do vazio, da perda, da destruição, da imundície da lama, do lixo, dos entulhos, da gratidão da mão oferecida, da dor compartilhada e do afeto recebido. 

Mãos estendidas

Ficará na lembrança de todos nós, para além da tragédia, o gesto de solidariedade e de generosidade, de serviço e cuidado com o bem comum. Mãos que salvaram vidas, mãos que evitaram o pior. Mãos do Poder Público, da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, dos Meios de Comunicação (sobretudo as emissoras de rádio, de plantão), das redes sociais, das comunidades, sobretudo das paróquias com as portas abertas (das igrejas, dos salões e salas para acolherem os desabrigados).

Destacamos nossas emissoras de rádio da Fundação Bom de Jesus de Manhumirim (com três emissoras), da Fundação Expansão Cultural (com as duas emissoras), o jornalismo do Tribuna do Leste, portais de notícias (destaque para o Carlos Henrique) e demais órgãos que estiveram à disposição da população nestes momentos de terror e de muita dor e tristeza. 

O lixo

O Papa Francisco muito têm insistido no cuidado com nossa Casa Comum, o planeta terra. Precisamos desenvolver entre nós a consciência ecológica, o cuidado com o meio ambiente. O lixo é um desafio para nossos tempos. Produzimos toneladas de lixo sem saber o que fazer com ele posteriormente. Surge  a solução prática e apressada: descartar, jogar fora. Mas jogar onde? O lixo descartado vai se acumulando, nos córregos, nos rios e até no mar. Os lixões, locais de acúmulo de lixo nas cidades se tornam uma desafio para o município e, consequentemente para a população, trazendo doenças e contaminação para a população. Temos que aprende a reciclar o lixo. Isto em alta escala que um dia não mais tenhamos lixo para jogar fora.

Região Sudeste padece

Até a tarde do domingo 26, o estado de Minas Gerais contava 47 cidades em emergência, 37 mortos, 3.354 desabrigados e 13.687 desalojados, de acordo com a contabilidade da Defesa Civil. Não só a capital mineira e região metropolitana, mas o interior, sobretudo da Zona da Mata, sofreram as consequências das fortes chuvas neste final de janeiro. Aumentam o número dos desabrigados e cidades destruídas, municípios do sul do Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e parte do estado de São Paulo.

O governador Romeu Zema (Novo) acompanhado de prefeitos e do ministro da Integração Regional Gustavo Canuto sobrevoou a capital mineira, cidades da Região Metropolitana, e nossa região, atingidas pela chuva.

O governador destacou o momento a prioridade é a ajuda humanitária e disse que obras emergenciais serão feitas assim que for possível, devido as condições do tempo. Já o ministro Gustavo Canuto disse que os atingidos pela chuva devem ter antecipação do Bolsa Família e do saque do FGTS. E que o governo federal vai se empenhar para agilizar estas medidas.

Cidades em emergência:

Abre Campo, Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Caeté, Caparaó, Carangola, Cataguases, Congonhas, Contagem, Divino, Dores do Turvo, Ervália, Espera Feliz, Guidoval, Ibiaí, Ibirité, Luisburgo, Manhuaçu, Manhumirim, Mariana, Mateus Leme, Matipó, Monjolos, Muriaé, Nova Lima, Orizânia, Patrocínio de Muriaé, Pedra Bonita, Raposos, Raul Soares, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Sabará, Santa Bárbara, Santa Luzia, Santa Margarida, São Gonçalo do Sapucaí, Sarzedo, Senador Firmino, Simonésia, Taquaraçu de Minas, Teófilo Otoni, Tocantins, Ubá e Visconde do Rio Branco.

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