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Reflexão: A Igreja Samaritana!

Pe. Mundinho

É hora da Igreja Samaritana! (Cf. Lc 10,25-37). A presença curativa, encorajadora e consoladora neste momento de muita tristeza e de tamanha dor de nosso povo, quando famílias estão padecendo as perdas humanas e materiais, os empresários, lojistas presenciando seus estabelecimentos invadidos pelas águas “mortais”, colocando tudo a perder. Eles, sem nada poder fazer para proteger seus bens!

“É preciso aprender a abraçar“, diz Francisco. A ideia de Igreja Samaritana vem de Paulo VI: “Vejo com clareza que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se tem níveis altos de colesterol ou de açúcar no sangue. Primeiro curar as suas feridas, depois podemos falar de todo o resto. Curar as feridas, curar as feridas… É necessário começar de baixo”.

“Só a misericórdia gera, amamenta, faz crescer, corrige, alimenta, conduz pela mão… Sem a misericórdia temos hoje poucas possibilidades de nos inserir no mundo dos “feridos”, que têm necessidade de compreensão, de perdão, de amor”.

Mãos estendidas
Fica na lembrança de todos nós, para além da tragédia, o gesto de solidariedade e de generosidade, de serviço e cuidado com o bem comum. Mãos que salvam vidas, mãos que evitam o pior. Mãos do Poder Público, da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, dos Meios de Comunicação (sobretudo as emissoras de rádio, de plantão), das redes sociais, das escolas, das comunidades, sobretudo das paróquias com as portas abertas (das igrejas, dos salões e salas para acolherem os desabrigados).

A casa!
Com a compaixão de Jesus Cristo, acolher nos braços e no abraço, os irmãos(ãs) desesperados (as), machucados (as) pela perda dos seus entes queridos, dos seus bens materiais, das suas casas.

Ao enviar os discípulos na sua primeira expedição missionária, Jesus não os enviou às praças, aos auditórios, mas às casas para anunciar-lhes a paz! “Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa!” (Mt 10,12; Lc 10,5).

A casa é o lugar do aconchego, do repouso, da proteção. Espaço da autonomia, do sentimento de propriedade, da autoafirmação. Na casa, o espaço onde se encontra o tudo do ser humano. Aí se encontra sua razão de viver. Aí se encontra sua esposa ou seu esposo, os filhos, a sua gente.
Nos Evangelhos, a casa é o lugar por excelência do encontro e, sobretudo, onde Jesus reunia as pessoas para ouvi-las e transmitir-lhes a Boa nova do Reino.

A cidade
A cidade é o espaço onde as casas são construídas. O ambiente urbano reúne milhares de casas edificadas de multiforme variedade. Casas espaçosas, apartamentos amplos ou apertados, casas conjugadas ou barracos minúsculos com o mínimo de espaço possível, em ruas largas ou em becos estreitos. A cidade é feita de edificações variadas, que no momento da chuva torrencial ou da tempestade, não suportam a força do temporal que causa enchentes e devastação.

Ruas destruídas, casas desabadas, veículos empurrados pela enxurradas. Nada mais é seguro sob a força da natureza descontrolada que derrama quantia volumosas de águas pluviais.

A cidade toda padece: bairros pobres, periferia, centro, bairros nobres, casas grandes, mansões e barracos, todos são destroçados pelas águas.

A Igreja Samaritana
Os sofrimentos dos outros, são os nossos. (Cf. DAp 26; 176)

O autêntico discipulado é aquele que passa pela dinâmica do bom samaritano (DAp. 135 e 537), o paradigma do seguimento cristão.

No momento da tragédia, desaparecem as diferenças! Não há espaço para credo ou opção política, classe social ou faixa etária. Todos são necessitados, todos são irmãos e convocados para agir em favor do desvalido.

A mão não pode deixar de ser estendida! A sensibilidade mediante o desastre vai nos empurrar para o serviço e o cuidado com os irmãos (ãs). Emergência e urgência faz-nos socorrer quem precisar.

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