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“Maria e o desencarceramento das Marias”: encontro é realizado em Manhumirim

A Pastoral Carcerária realizou em Manhumirim, na sexta, 01/11, o III Encontro Estadual da Pastoral Carcerária para Questão da Mulher Presa de Minas Gerais, com o tema “Maria e o desencarceramento das Marias”. O objetivo do Encontro foi conhecer os anseios de quem está junto aos encarcerados/as e poder descobrir formas de auxiliar nos trabalhos da Pastoral Carcerária. Estavam presentes 15 pessoas, e cinco dioceses do Estado foram representadas.

Um dos principais temas debatidos foi a Agenda Nacional pelo Desencarceramento, que é um documento cuja proposta central apontava para a exigência de um programa de desencarceramento que estabelecesse metas claras para a redução imediata e drástica da população prisional.

Os 10 pontos do documento foram apresentados, seguidos por um debate sobre esses pontos. Também se ressaltou que a Agenda não é apenas da Pastoral Carcerária: movimentos Sociais, outras Pastorais, ONGs e outras entidades que têm um compromisso com o desencarceramento e o mundo sem cárceres também assinam a Agenda.

Outro tema foi os efeitos que o encarceramento tem nas famílias e a articulação de familiares no estado.
Maria Aparecida Moreira, representante do Colegiado de Minas Gerais, conta como é realizado o trabalho da Pastoral. “Estamos iniciando o trabalho a nível estadual. Essa equipe trabalha visitando todos os presídios femininos, ou os presídios mistos, onde tem celas masculinas e femininas. Na nossa região tem um número reduzido de mulheres. Nós estamos trabalhando onde essas mulheres estão indo, algumas em Rio Piracicaba, outras em João Monlevade”, pontua.

“Depois do evento, nós já estamos com uma agenda para Belo Horizonte, onde nós visitaremos os representantes da DEPEN (Departamento Penitenciário), Defensoria Pública, promotoria e juízes de Minas Gerais para mostrar a nossa realidade e cobrar a mudança que desejamos, desse mundo sem cárcere”, explica Maria Aparecida.

Um dos desafios de se trabalhar com a população carcerária é lidar com o olhar de fora, da sociedade. Num momento onde a crítica das redes sociais e a polarização política do país levam a debates acalorados sobre o que acontece com a população, principalmente nas prisões, a Coordenadora Nacional para a Questão da Mulher Presa, Rosilda Ribeiro, explica que é necessário ver o preso com o olhar cristão.

“Nós não acreditamos que bandido bom é bandido morto, temos uma visão totalmente diferente de muitas pessoas da nossa sociedade porque nós somos cristãos. Cristo foi preso. Se a socidade de agora for a mesma daquela época, nós crucificaríamos Jesus. Nós vemos em cada pessoa que foi presa o rosto de Jesus Cristo. Nós trabalhamos com a sociedade que se nós continuarmos dessa forma, sem olhar a outra pessoa como nossos irmãos, aí nós teremos um caos total. Sair do individualismo e olhar para o outro com misericórdia, com fraternidade, senão não seremos cristãos nunca”, reforça.

Em 2018, a Pastoral Carcerária lançou o livro “Maria e as Marias no Cárcere” como o resultado desses encontros que vem sendo realizados nos últimos anos com a finalidade específica de colaborar na formação de agentes da Pastoral Carcerária a buscarem de uma forma mais aprofundada o trabalho no cárcere levando em conta a vulnerabilidade e invisibilidade das mulheres presas. “Maria sofreu com a prisão do seu filho e é claro que nós da Pastoral pensamos que também temos um desejo de ser como Maria, a Mãe de Jesus, mas não é com petulância porque nós, tanto mulheres quanto homens, se olharmos a Palavra de Deus lá tá dizendo que quando Jesus estava na cruz, Maria ficou em pé. Quantas vezes a gente não cai com qualquer dor, com qualquer sofrimento? E Maria estava em pé.”

João Vitor Nunes

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