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REFLEXÃO: Sínodo da Amazônia

Iniciou-se no Vaticano, domingo, 6, o Sínodo para a Amazônia com o tema: “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. O Sínodo perdurará até o dia 27 reunindo bispos, padres, religiosos e religiosas, lideranças leigas, indígenas, estudiosos e pessoas que habitam a região amazônica que compreende extensa área de terra que abrange nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname.

O que é um Sínodo?
A palavra “sínodo” vem do grego “sýnodos” e quer dizer “reunião”. O Sínodo tem sido usado como um órgão de ESCUTA DO PAPA. Nos últimos tempos, desde Paulo VI (que o criou em 1965), João Paulo II, Bento XVI, os papas têm usado este instrumento, sobretudo o Papa Francisco tem se colocado à escuta do Povo de Deus, dos bispos, dos presbíteros e sobretudo do Espírito Santo. Antes de tomar quaisquer decisões, o Papa Francisco escuta. Para decidir, ele OUVE. Não se põe como o ‘dono da verdade’. ESCUTA. Na Constituição Apostólica Episcopalis Communio, Francisco assim se expressas: “O Sínodo dos Bispos deve tornar-se cada vez mais um instrumento privilegiado de escuta do Povo de Deus: ‘Para os Padres Sinodais, pedimos ante de mais nada, do Espirito Santo, o dom da escuta: escuta de Deus, até ouvir com Ele o grito do povo; escuta do povo até respirar nele a vontade a que Deus nos chama’” (Ec. N. 6).
Temas importantes, religiosos ou não, foram contemplados. Antes da Amazônia, os temas escolhidos foram missão, evangelização, família, jovens.

Por que o sínodo vai falar da Amazônia?
O sínodo foi convocado em outubro de 2017 pelo Papa Francisco, a pedido dos bispos que atuam na região, com a intenção de debater as dificuldades de a Igreja atender os povos da região, especialmente os indígenas. Constata-se a falta de padres, as longas distâncias entre as comunidades são e a carência de serviços públicos que acaba fazendo com que a Igreja assuma papéis de assistência social.
Entre os pontos a serem debatidos estão: a complexa situação das comunidades indígenas e ribeirinhas, em especial os povos isolados; a exploração internacional dos recursos naturais da Amazônia; a violência, o narcotráfico e a exploração sexual dos povos locais; o extrativismo ilegal e/ou insustentável; o desmatamento, o acesso à água limpa e ameaças à biodiversidade; o aquecimento global e possíveis danos irreversíveis na Amazônia; a conivência de governos com projetos econômicos que prejudicam o meio ambiente.

O Papa Francisco e a Amazônia
Muitas críticas têm aparecido, dentro e fora da Igreja, sobre a atuação do Papa com relação à pauta ambiental. O Sínodo tem incomodado!
Para o Papa Francisco, os problemas sociais e ambientais não podem ser analisados separadamente. Há quatro anos, Francisco lançou uma encíclica repleta de críticas ao modelo de desenvolvimento que destrói o meio ambiente sem compromisso com a inclusão social. A encíclica Laudato si’ (Louvado seja) foi um dos documentos mais importantes que Francisco já escreveu e teve impacto, por exemplo, nas discussões que levaram ao Acordo de Paris.
O Santo Padre destacou a importância do Sínodo “para renovar os caminhos da Igreja na Amazônia, de modo que não se apague o fogo da missão”. Do mesmo modo, recordou que “muitos irmãos e irmãs na Amazônia levam cruzes pesadas e esperam a consolação libertadora do Evangelho e a carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.
O Papa Francisco afirmou durante a primeira sessão de trabalho dos bispos no Sínodo que: “a sociedade moderna não deve tentar impor suas regras aos povos indígenas, mas sim respeitar sua cultura e permitir que eles planejem seu próprio futuro”.
O pontífice advertiu que “as ideologias são uma arma perigosa”, e defendeu que “a colonização ideológica é muito comum hoje”. O líder católico pediu que se controlem os impulsos “de domesticar os povos originais”.
Francisco, que no passado pediu perdão em nome da Igreja pelos erros dos missionários europeus que acompanharam os primeiros colonizadores, disse que por muito tempo muitos na Igreja tiveram uma atitude “depreciativa” em relação aos povos nativos e suas culturas.
Papa Francisco denunciou a “ganância dos novos colonialismos”.
“O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros.”
Francisco pediu para que os participantes do Sínodo falem com liberdade mas também ouçam os outros com humildade durante as três semanas do evento.

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